DIANA, UMA SAUDADE SEM FIM. |
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DIANA, UMA SAUDADE SEM FIM.
“As Sagradas Escrituras nos ensinam que todas as coisas foram criadas pela mente e pelo coração de Deus. O céu está aberto a todas as criaturas, e lá serão investidas pela alegria e amor de Deus, sem limites”. (Papa Francisco).
A história que abaixo descrevo foi manifestada dias depois do falecimento de Diana. Trata-se de um relato em que, levado pela emoção, mas fundamentado pela razão da coerência e da imparcialidade, foi possível encontrar palavras num coração doente e envolto de saudades. Todos os seres, racionais ou irracionais tem suas histórias. Portanto, devo contar da minha maneira, a história de Diana.
Nascida aos cinco dias do mês de maio de dois mil e três, uma segunda feira do outono brasileiro e um dia muito importante do mês consagrado à Maria, mãe de Jesus, Diana foi a alegria permanente para todos aqueles que a conheceram e presenciaram suas peraltices. Foi um presente do coração generoso de dona Filomena ao Dr. Manuel Freitas, de quem era paciente e mãe da Dra. Hadya, proprietária do Laboratório Mil. Com 45 dias de vida foi entregue à Família Freitas com o intuito de dar continuidade à felicidade reinante naquele lar e atender ao tão almejado sonho de Fábio. Oriunda da raça Labrador tinha pedigree, sendo sua mãe de nome Clara, portadora de pelagem caramelada, alta e magra, e seu pai de nome Odin, de pelagem preta, sendo um pouco mais baixo e gordo. Na mitologia nórdica, Odin era o deus da sabedoria, da guerra e da morte.
Sapequinha e encantadora aos dois meses.
Todos entenderam por bem dar-lhe o nome de Diana, muito bonito por sinal, pelo significado na mitologia romana onde Diana era considerada “a Divina”. Tal qual a deusa romana, Diana era uma excelência em beleza e graciosidade. Desde pequena alimentava-se somente com ração, e das melhores, tipo Eukanuba, alimento de origem argentina e que mais tarde viria a desaparecer do mercado brasileiro. Depois passou a alimentar-se pela ração da Royal Kanin, excelente na qualidade e, por último, pela ração Granplus Ovelha e Arroz, da Guabi. Sua infância e juventude foram desenvolvidas no belo jardim e quintal de sua casa, aliados ao carinho que todos lhe dedicavam, Dr. Freitas, Alba, Dra. Fabiana, Fábio, (amigo inseparável), Dr. Júnior, e o casal de netinhos Dudu e Manuela, estes, com suas tenras idades, puderam demonstrar que o amor pode ser cultivado e desenvolvido a qualquer tempo.
Possuidora de vigor físico impressionante teve a vida que todo cão gostaria de ter, com ótima alimentação, com uma casa linda e espaçosa de fazer inveja, com vacinações periódicas atualizadas e com banhos semanais que a deixavam simplesmente bela, já que era dona de uma pelagem exuberantemente escuro-brilhante. Com muito amor e carinho e com a compreensão daqueles que lhe foram caros durante o tempo que esteve entre eles, viveu a plenitude da felicidade, retribuindo com o olhar sempre benevolente, o verdadeiro amor canino.
Sua casinha.
Aos seis anos de idade em 2009, se submeteria a uma cirurgia de castração, porém, com riscos comprometedores incalculáveis, tendo em vista ter sido acometida de hemorragia, quase perecendo por isso. Entretanto, saiu-se vitoriosa como grande guerreira que fora em toda sua vida. Era a guarda absoluta e soberana de sua residência, onde, com seu latido forte e insinuante demonstrava a todos que naquele pedaço de chão mandava ela.
A constante vigília.
Durante os dias em que enfrentava com as ausências daqueles que a amavam, motivados por compromissos inadiáveis ou viagens previamente programadas, lá estava ela, à semelhança do comandante que permanece no convés após a catástrofe, firme, à frente de seu lar, guardando todo o tesouro que lhe era confiado. E ei-la, magnífica, pela paciência despendida, à espera vitoriosa, da chegada que lhe parecia interminável de seus eternos amores.
Como sabemos, a raça labrador é muito identificada às crianças, e, Diana, como não poderia ser exceção, era a manifestação da alegria de Dudu e Manuela, seus amiguinhos que diariamente a visitavam e viviam momentos de muita ternura. Quando de sua enfermidade, lá estavam eles retribuindo com amor e carinho, a alegria recebida nos momentos de felicidades.
A companhia alegre de Dudu. O carinho e o amor de Manuela.
Em agosto de 2014, Diana passou a sofrer com problemas de queda de seus pelos e o aparecimento consequente de coceiras, motivando com isso a exames laboratoriais. Submeteu-se a tratamento com os mais diversificados medicamentos, entretanto, não lhe eram satisfatórios e tampouco eficazes. Mais tarde submeteu-se a uma biópsia sendo constatada sarna demodesctica. Com novo tratamento os resultados apareceram e Diana voltou a conviver com sua linda e originária pelagem.
Entretanto, em novembro do mesmo ano passou a não se alimentar como de costume, recusando alimentos e a apresentar vômitos. Submetida à ultrassonografia no dia 05 de janeiro de 2015, o que se temia acabara acontecendo, sendo diagnosticadas metástases em seu estômago e fígado. A partir de então enfrentaria a maior de suas batalhas, tendo de se defrontar com um inimigo poderoso, impiedoso e que não lhe dava tréguas, determinando-lhe o marco de sofrimento. Entraria em seu novo mundo, um mundo reservado de tristeza, isolamento, padecimento e muito, mas, muito sofrimento.
O início do sofrimento.
De súbito, aquelas noites de insônia, motivadas pelo aparecimento do inesperado inimigo cruel e devastador no seu quarto solitário. Assim foram dias e noites, sempre buscando lenitivo de amigo em amigo e procurando o consolo e o refúgio em seus corações. Alquebrada pela idade, teve seu caminhar alegre e sempre festivo, substituído agora pelo caminhar cambaleante, indeciso e sofrido. A tudo suportava resignadamente, nada pedindo, nada exigindo. Mas, ante à vida, saiu-se vencedora!
A internação e o isolamento do dia-a-dia.
Por isso Diana, todos sofremos com a sua dor. Mas é dessa mesma dor que tiramos proveito de um espantoso ensinamento. Sua resignação, sua coragem e seu heroísmo com que enfrentou esse terrível inimigo, deixa-nos o assombroso exemplo de contemplá-la sempre, por ter enfrentado, de repente, esse desafio do destino de maneira destemida e heroica. Diariamente contemplo-a naquele pedaço de chão sagrado onde descansas na eternidade, e, por dezenas de vezes, chamo-lhe, esperando pela resposta que não é correspondida, mas que, teimosa e saudosamente, continuam a ecoar em meus sentimentos quando apertava a campainha de sua casa e você de imediato, me atendia.
Portando-se como uma guerreira espartana, enfrentou a morte face a face durante 42 dias de muita resignação e sofrimento, vindo a deixar-nos no dia 15 de fevereiro, às 21.30 horas de um domingo chuvoso do verão brasileiro.
Seu sepultamento ocorreu na manhã seguinte, segunda feira, 16 de fevereiro às 08.30 horas. Dr. Manuel Freitas e seu filho Fábio foram levar-lhes o último adeus.
Diana
* Taubaté-SP 05/05/2003
+ Taubaté-SP 15/02/2015
"UMA VIDA DE AMOR"
Seus pertences, outrora, chamas vivas que embelezavam o ambiente ou que eram suas grandes alegrias, hoje se transportam para a beleza de Lucy, uma labradora de cinco anos e tão dócil e amorosa quanto Diana, blindando-a com um belo vestido amarelo e com seus brinquedos que antes faziam parte de seus sonhos, seus prazeres e suas alegrias. Lucy é uma alegria só com os brinquedinhos que, um dia, fizeram "alguém" também feliz. Também em outro lar, Diana se faz presente através de suas lembranças, como a vasilha d'agua, brinquedos e seu acolchoado de dormir, onde Tunico, Johnny Boy Bubucatulucatucatuca, Capitu, Raposinha, Haíssa, Marcelo Antony, Letícia Spiller, Vida e Expedido agradecem. Assim, em toda a parte te encontro, Diana, e vou tentando superar o momento terrível de uma separação indesejada, porém, com destinos traçados diferentemente. Mas, a alegria de poder a todo instante lembrar de você, é um momento mágico que vivo, e, magníficamente, um presente de Deus!
Lucy e as lembranças de Diana.
Diana querida, meu coração sofre, insistentemente meus pensamentos me levam até você e meus olhos se umedecem. Mas é preciso viver. Em apenas sete meses e seis dias, como todos outros animais dos quais o destino nos separou, você também foi a luz dos meus olhos e a minha alegria. E quando sua lembrança vem de encontro à minha lembrança, conduzo-a num grande abraço fraterno de encontro ao meu coração. A isto, chamo de saudade. Até um dia, Diana!
PROF. GILBERTO DA COSTA FERREIRA - HISTORIADOR, PESQUISADOR E ESCRITOR.
cfgilberto@yahoo.com.br
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