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CLEBER COELHO

 

 

ÍNDICE.

 

01. CLEBER COELHO, O POETA DA OUVIDOR 02. QUANDO A SAUDADE APERTA 03. UMA LINDA HISTÓRIA DE AMOR 04. O ANIVERSÁRIO DE CASAMENTO. 5. O DIA INTERNACIONAL DA MULHER E A HISTÓRIA DO CHAPÉU PANAMÁ 06. CLEBER, UM CIDADÃO, AS CRIANÇAS E A SOCIEDADE 07. QUANDO AS LEMBRANÇAS NOS FAZEM CRIANÇAS 08. ATENÇÃO APOSENTADOS 09. MAIS DO QUE NUNCA, VERDE E AMARELO 10. FEITIÇO DA VILA 11. HISTÓRIAS E REFLEXÕES 12. ÁQUILA E O MILAGRE DE UM CORAÇÃO GENEROSO 13. UM DIA TRISTE. 14. UM ANO DEPOIS, A REFLEXÃO. 15. COM OS SAPATINHOS NA JANELA, À ESPERA DO MILAGRE PARA O POVO UCRANIANO. 16. RIO, VEM COMIGO. 17. TEMPO PARA REFLEXÕES E CONCLUSÕES. 18. CARIOCA DA "GEMA", DA "CLARA", VOCÊ É O QUÊ? 19. UMA MESA, UM LUGAR, UMA SAUDADE.  20. BENÇÃOS DE DEUS. 21. MÃOS DADAS COM O TEMPO. 22. VAL, A ESMERALDA 23. BOM DIA, MÃE NATUREZA! 24. PRESENTE DA VOZINHA 25. DANÇA COMIGO? 26. GUERREAR...A INSANIDADE HUMANA 27. A NOVIÇA REBELDE 28. SORRIA 29. A MÃO DE DEUS 30. ORAÇÃO 31. SUELI, SHIRLEI, E O SAPO 32. MENININHA. 33. CONVERSANDO COM LENINHA 34. HISTÓRIA PARA NÃO ESQUECER. 35. EU TE AJUDAREI 36. GOSTO DE VACA 37. PORTELA 38. JOÃO VICTOR (NETO) E SEUS AMIGUINHOS. 39. RECORDAR. 40. MESA QUATRO 41. O ÚLTIMO DIA DO ANO NÃO É O ÚLTIMO DIA DO TEMPO 42. GENERAL DA VIDA. 43. POETAS, CRONISTAS, ESCRITORES (UM NOVO ESTÁGIO). 44. INFINITO... 45. ANDANÇAS BIRICUTICO E A FEIRANTE. 46. UM BOUQUET DE FLORES. 47. SIMPATIA PARA DOR DE BARRIGA. 48. SORVETE QUENTE. 49. O CATADOR DE GRAVETOS. 50. PEDRAS PRECIOSAS. 51. TIRO DE CANHÃO. 52. VÓ JESUÍNA. 53. RUMO À CALIFÓRNIA. 54. O CANTOR PREFERIDO DO PEDRINHO. 55. VISÃO. 56. ME EXPLICA. 57. OLHAR DE MEL. 58. VINHO & CUBANO. 59. ORAÇÂO ÀS ÁGUAS. 60. LEMOS BRITO. 61. CHARLIE, O URUBU FRANCÊS. 62. DIA DA BONECA. 63. FRE E OS SEUS MOSAICOS. 64. ACHO QUE VOU CHORAR. 65. CENTRAL DO BRASIL. 66. COMO É BOM LEMBRAR. 67. JOGO DE BOLA. 68. MOMENTOS. 69. PERDÃO MANGUEIRA. 70. VIAGENS. 71. CAVALINHO. 72. ADEUS. 73. TEUS OLHOS. 74. BOTEQUIM É LUGAR SAGRADO. 75. DIA DE JORGE. 76. DESALENTO. 77. CHICO, MEU VÉIO. 78. NATAL DE 2023. 79. NATAL. 80. MINHA MÃE. 81. MARIA FLOR.

 

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                                                           01. CLEBER COELHO, O POETA DA OUVIDOR.                                                                                   

Um esclarecimento que se torna oportuno é que minha amizade com Cleber Coelho é recente, datando de 1º de janeiro de 2013, portanto, uma amizade ainda, sem um horizonte de conhecimentos. Entretanto, nesse tenro tempo de convívio, posso garantir tratar-se de pessoa idônea, de conduta ilibada, pai amoroso e exemplo de marido. Empresário bem sucedido, seu círculo de amizades se resume às pessoas de bem, ao convívio sempre presente com sua família, estreitamente ligado à cultura de nossa música (ao samba em particular), ao carnaval, ao Rio de Janeiro como terra querida de todos nós, e, porque não dizer, aos gostosos e prazeirosos momentos com seu chapéu Panamá, devidamente acompanhado de chopes nos mais variados locais da Cidade Maravilhosa. Assim, é Cleber.

                                            

                                                   

                                       

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                     COM CHAPÉU PANAMÁ E AMIGOS, SAUDANDO A ALEGRIA.                                                                                                                                                                                                                      

 

A homenagem que lhe presto está intimamente ligada a uma pessoa nascida em Taubaté, muito conhecida no mundo artístico e que um dia nos encantou com suas mãos e que hoje o vivenciamos através de seu legado: Maestro Ivan Paulo da Silva, o nosso sempre saudoso, querido e lembrado Maestro Carioca. Esse mesmo Maestro Carioca é pai de outro magnífico Maestro, Compositor e Arranjador de artistas maravilhosos, Ivanovich Paulo da Silva, carinhosamente tratado por Maestro Ivan Paulo. Também é oportuno registrar a figura maiúscula e destemida de sua filha Ivanizete Paulo da Silva, a nossa Ivani, "Guerreira" na acepção do termo, na luta e na busca por um Brasil melhor, incansável no duelo contra a corrupção e batalhadora pelos ideais de todo brasileiro, qual seja, um país justo e progressista. Dessa forma é que relaciono Cleber Coelho a Taubaté e dessa forma é que, tendo conhecimento de uma homenagem que prestou a um grande amigo que não está mais entre nós, "Beto do Surdão", é que resolvi homenageá-lo. São palavras expressadas que muito me emocionaram, e que faço das suas palavras, as minhas para publicá-las. Aquele abraço, grande poeta!.

Gilberto da Costa Ferreira - Taubaté, 20 de abril de 2016.

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2. "QUANDO A SAUDADE APERTA".

Para o amigo Beto, “Menino de meio sorriso”.

Foi lá para as bandas de l978 que conheci um menino e que mais tarde, e por sua simpatia e graça, dei-lhe o apelido de “Menino de Meio Sorriso”. Roberto, Beto, General, era assim que eu chamava esse meu amigo: Fala Beto! E aí General?!. Era assim...E assim foi até que, conforme diz a música Sabiá que Paulo César Pinheiro compôs para Clara Nunes quando ela se foi. “Um dia/Um ser de luz nasceu/Numa cidade do interior/E o menino Deus levou/E ele se pôs a cantar/Para além do luar/Onde moram as estrelas/E gente fica a pensar/Vendo o seu clarear/Na esperança de vê-lo, canta meu sabiá/Voa meu sabiá/Adeus meu sabiá/Até um dia”.

Beto se foi. Antes, porém, plantou em nossos corações toda a sorte dos mais puros sentimentos. Até depois da sua partida é possível enxergar os frutos da semente que ele plantou. “Cleber, tantas vezes eu tive a oportunidade de dizer ao meu irmão que o amava e não sabia que o amava tanto e a tantos mais que ele amava, que eu amo a todos e não quero mais deixar de dizer isso a todas as pessoas que me são caras. (Edna, sua irmã)”.

Histórias da fidalguia desse menino são infinitas: Certa feita marquei um encontro com o Beto e por essas inconsequências da vida, não fui e nem ao menos dei satisfação. Um absurdo! Posteriormente encontrei com o Beto na feira, ponto de encontro para a “missa”, assim ele chamava o ato de sentar para tomar chope aos domingos e comecei a engatar uma desculpa para o fato de não ter ido ao seu encontro. Beto nem deixou eu começar a falar e me disse com a elegância que sempre o distinguiu: ”Clebinho, se você não veio foi porque não pode. Ato contínuo, disse ao garçom: "fulano, desce dois chopes, meu amigo chegou!”, e, sabiamente, buscou um assunto alegre para livrar-me daquele constrangimento.

O ato de sentarmos para beber um chope ou uma cerveja na Praça, na Portela ou qualquer outro lugar, tinha a liturgia do sagrado como acontece numa cerimônia ou numa missa. Sentava-se para se viver a alegria na sua mais pura forma: a fantasia. Ali escolhíamos os maiores e melhores sambas-enredo de todos os tempos, os versos mais bonitos, resolvíamos os problemas do Brasil e assim por diante...Muitas vezes achávamos uma solução para a nossa querida Portela e Beto me dizia: Vou falar com a Janicinha  (sobrinha dele que era secretária do capitão Guimarães, na Liga), talvez sonhando que Janicinha pudesse, sei lá, falar com o capitão ou beltrano e externar as nossas soluções para os problemas da azul e branco de Madureira...É, a gente sonhava...”. A tristeza e os problemas do dia a dia não tinham vez...Onde já se viu sentar-se à mesa quatro e falar-se dessas coisas pequenas da gente, da vida?! Havia regras e qualquer um que sentasse àquela mesa era lembrado que pra falar de problemas ele só tinha cinco mi-nu-tos!

A mesa quatro não tinha número, era qualquer mesa onde sentavam-se sonhadores, compositores, poetas e filósofos do cotidiano, como nós e tantos que fazem da arte, a arte de amar a vida...Beto frequentou as melhores mesas quatro: na Barra da Tijuca, Praça Seca, Portela, Vila Isabel, Bola Preta, Helênico, Albano, Casa da Mãe Joana, Helênico, Império...E em cada uma delas deixou registrada a sua presença através da sua simpatia, carisma e fino humor. Ah! Beto, quantas boas lembranças... quantas saudades!

Beto, recentemente, falava em comprar um “surdo”, instrumento que marcava o seu simbolismo. Qualquer um de nós (amigos) sabíamos do amor que ele tinha pelo “surdão” e ao fechar os olhos ainda podemos vê-lo e ouvi-lo, batendo, repinicando, contraindo a face, porque o surdo exige batida de “macho” mas, paradoxalmente, sorrindo o seu meio sorriso de menino. Não deu tempo...Em 1987, achei que devia homenagear o Beto com um samba por tudo de bom que ele representava na nossa já então duradoura amizade e então compus.

“Menino de meio sorriso”

 

Você, menino de meio sorriso/Que em boa hora vim a conhecer/É entre outras coisas mais um grande amigo/Por isso me orgulho de poder dizer/Querido Roberto, batuta, amigo do peito/Roberto do surdo, do samba, do cantarolar, Quem não te conhecer, eu digo com respeito/É o filho do seu Carlos e Dona Guiomar/A sua amizade, compadre, só traz alegria/Por isso, uma glosa eu fiz só pra ti agradar/Queria ser poeta em dia de harmonia/Para em prosa e verso te homenagear.

Que fazer agora! Beto já não está mais entre nós...Nossos índios, nas suas santas sapiências, dizem que as estrelas no céu são cada um dos seus antepassados que já se foram. Bom acreditar nisso. Bom acreditar...Bom chegar na janela, olhar para o céu, divisar a mais bonita e cintilante estrela e dizer, “Salve! Como é que vai amigo, há quanto tempo?”. Escrevi por que o meu coração pediu.

Escrevi porque, de alguma forma, queria homenagear ao "seu" Carlos, Dona Guiomar (seus pais) Alexandre, Edna, Thiago, Igor, Celinha, Janicinha, Jane e tantas outras pessoas da mesa quatro que tornaram fantástico este show, que é a vida. E, claro, também ao nosso Beto, do “surdo, do samba do cantarolar”. Cuida do seu amigo. Até um dia, irmão.

                            Cleber Coelho - Rio de Janeiro15 de fevereiro de 2005.

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3. UMA LINDA HISTÓRIA DE AMOR...

 

BODAS DE PRATA - CARLOS GALHARDO - 1952.

 

Nesta manhã de 20 de abril de 2016, rebuscando nas prateleiras empoeiradas de meu cérebro, encontro palavras que servem como bálsamo para corações que ainda não souberam compreender ou que não encontraram momentos de refletirem sobre o significado do amor e a busca incessante pela felicidade. É tão efêmera nossas vidas, que, se soubessem, buscariam no sorriso de uma criança ou na neve do tempo estampados nos cabelos de uma ancianidade, o conforto para seus corações aflitos. E são essas mesmas palavras contidas em meu cérebro, que acordei cantarolando uma música do século passado, e que, ao refleti-las, lembrei-me do casal Cleber e Ilza. Trata-se de Bodas de Prata, interpretada pelo saudoso Carlos Galhado. Bem sei que os anos a que se refere a letra, não condizem com os anos que Cleber e esposa vivenciam, mas, em sua expressão espelham trechos que hoje partilham suas felicidades.

Desejo-lhe Cleber, e à sua esposa Ilza, amigos que Deus me proporcionou no crepúsculo de minha vida, toda a felicidade e todas as bênçãos. Minha prece, amigo, se faz um calado pranto do meu coração no encanto de tua felicidade, na alegria que proporciona a todos com sua maneira de ser, como a bondade que lhe é peculiar e pela energia sempre positiva que perpassa aos nossos olhos. E hoje, ao despertar-me, pedi a Deus que transformasse toda sua felicidade, toda sua alegria e toda sua bondade, em um erário dos céus, como o sol que ilumina o orvalho na grama e faz dessas gotas, simples diamantes.

                             Gilberto da Costa Ferreira, Taubaté, 20 de abril de 2016.

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4. ANIVERSÁRIO DE CASAMENTO.

Hoje, eu e Ilza completamos aniversário de casamento, uma história que começou quando ela tinha treze anos e eu quinze. Se me perguntarem, não sei dizer como chegamos até aqui, porque o tempo, nas suas diversas dimensões, esquecemos de contar. Apenas vivemos com as nossas liberdades, convicções e respeito. Como qualquer casal, sofremos as agruras dos caminhos, mas soubemos divisar a linha do horizonte. Agora cascudos, realizados, buscamos o sentido da vida que está além dos sonhos da infância, da adolescência, da maturidade....Vivemos bem porque a sabedoria já não nos permite olhar pra trás e reclamar. Hoje não tem festa e nem viagem de comemoração. Um desconforto bucal tem deixado ela bastante abatida. Mas entendemos com a maior naturalidade porque nem sempre dá pra ser do jeito que a gente quer, e isso é uma bela lição que aprendemos. Um brinde! Beijos!

Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 2024.

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5. O DIA INTERNACIONAL DA MULHER E A IMPORTÂNCIA DO CHAPÉU PANAMÁ.

"MULHERES...EM HOMENAGEM A ELAS..."

O que fazer da vida sem elas?... Num papo de bar, se ela não está presente, em carne e osso ou pensamento, tudo é fútil, à exceção do futebol, seu único adversário....Mulheres...,Ah, Picasso, Di Cavalcanti, Portinari, Nelson Rodrigues, Niemeyer, poetas, e tantos outros que, no afã de serem intérpretes de suas belezas, incógnitas magias, delas se tornaram escravos... Sublimes, quem há de resistir aos encantos de suas belezas, curvas insinuantes, olhares, sorrisos que, entre lábios abertos ou fechados, nos contam ou guardam seus íntimos segredos; suas madeixas, o gesto sublime de, em frente aos seus espelhos, eternos confidentes, com toques sutis de lápis revestidos de suas cores e fantasias, cuidadosamente menejados, vão se transformando, ou, melhor, cuidando..., santa heresia, de lhes dar  o que o "Pai" não sabia que eram desejos seus...Perdão, "Pai" elas são assim...

O mérito deles, poetas, compositores, artistas citados, como tantos outros, brilhantes, foi, inocentemente, se deixarem escravisar pelo belo que elas, e somente elas carregam... Tom Jobim, Vinícius, Drumonnd, Caimmy, Paulo César Pinheiro, Chico..., a lista é longa e universal. Todos beberam da mesma fonte. Sem elas, eles não seriam tocados pelo lirismo e pela poesia, não seriam o que se tornaram... Teoria minha? Claro que não, é só lerem e ouvirem versos e canções desses ícones para constatar. Eu, particularmente, adoro “Garota de Ipanema”!. Tudo bem: havia um Sol radiante, chope gelado, petiscos maravilhosos, vista linda naquela tarde de Ipanema, "aquele bar"..., mas, a pergunta crucial é a seguinte: e se ela não passasse assim, assim, “Coisa mais linda tão cheias de graça/a caminho do mar...?

 

                                 

                           O LOCAL DE INSPIRAÇÃO PARA A GAROTA DE IPANEMA                                                                             O ENCANTO DA PRAIA DE IPANEMA

 

Mulheres..., de saia rodada, shortinho, biquini, batom, cabelos presos, soltos ao vento..., um longo de costas à mostras, gargantilha, brincos, colares, rostos emoldurados por sorrisos meigos, sensuais, enigmáticos, fala?, quem resistiria?. Mulheres guerreiras, rostos talhados pela dureza da vida, no peito, medalhas de vitórias conquistadas, a que preços...? No coração, a dor das perdas, das derrotas, que a vida, prá sobreviver, lhes ensinaram a esconder... Em seus travesseiros, lágrimas incontidas, sejam de contentamentos, sutilezas de momentos que a memória aflora; de dores só suas, e só suas... 

Mulheres, independente de filho, esposo, disposto me ponho a lutar pelas suas guardas, velar pelos teus sonos. Não tenho armas, e nem valentia é o meu forte. Possuo apenas um chapéu Panamá, símbolo de nobreza do meu sentimento, que, prometo, sempre, como um gesto sutil de deferência, alçá-lo e reclinar-me, cavalheirescamente às suas passagens.

                                                    Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 08 de março de 2015.  

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6. CLEBER, UM CIDADÃO, AS CRIANÇAS E A SOCIEDADE.

    DESABAFO: QUANTO TEMPO SENADOR?

                                        Prezado senhor Senador Ronaldo Caiado. Saudações.

 

Venho com frequência acompanhando os pronunciamentos de Vossa Excelência, em debates no Congresso, assim como os dos senadores Cássio Cunha Lima, Magno Malta e mais alguns que compartilho dos seus posicionamentos políticos. Aproveitando o ensejo, Senador, gostaria de propor, primeiro, pelo fato do sr. ser médico, um Projeto de Lei que tem a ver com o seguinte:

Que recebemos com frequência, através da mídia, notícias extremamente tristes de crianças que morrem sufocadas em interior no interior de veículos por esquecimento de seus pais. Considerando a alta tecnologia existente nas montadoras, fico perplexo que os executivos delas próprias até hoje não se preocuparam em criar um dispositivo que evitasse esse problema. Coisa que pra eles é extremamente fácil: um exemplo, penso. Criar um sistema de ventilação interna enquanto o veículo estiver estacionado; Que se criasse um dispositivo de alerta que tocaria no celular do pai, a partir da falta de oxigênio ou aumento interno de temperatura no interior do veículo. Algo desse tipo que visasse a proteção da vida da criança; e, Que fosse criada um Projeto de Lei, proibindo os pais de deixarem filhos menores de 5 a 7 anos, sozinhos dentro de veículos.

Senador, é muito doloroso ver o descaso das montadoras, enquanto pais estressados, dominados pelas cobranças massacrantes do dia se tornam, igualmente, vítimas eternas das suas inconscientes consequências. Tudo isso, claro, fácil de ser executado, senador. Livraria crianças inocentes da morte, e de seus pais, que partem com os seus filhos pelo resto de suas vidas...

Em segundo, que o Congresso precisa mudar urgentemente (como o senhor sabe melhor do que todos nós), mas, me atrevo a fazer algumas sugestões: Acabar com a possibilidade de mais partidos; Que a administração dos partidos sejam obrigadas a selecionar candidatos de posturas ilibadas e aprovadas pela maioria dos membros do partido e através de pesquisa na internet, colocando o curriculum de cada um a disposição dos internautas de suas cidades ou estados; Que fosse proibido ao parlamentar eleito de exercer atividade, seja ela qual for no Executivo ou orgãos e estatais que digam respeito a esse poder; Que fosse proibida essa vergonha de barganhas, troca-trocas, visando interesses espúrios do Executivo e também do Legislativo; Que fosse enxugado o número de parlamentares, como propõe o Senador Jorge Viana. Menos 25% de deputados e menos 1/3 de senadores. Se bem representados, como deveria, esse número colocado pelo Senador Tião Viana, é até demasiado; proibir que suplentes que não tiveram votos assumam cadeiras na câmara ou senado. Que seja suplente o segundo mais votado; Que fosse diminuído o quadro excessivo de assessores parlamentas e verbas de gabinete, entre tantas outras, que demostram, simplesmente, o descaso do Congresso com o dinheiro público. Países escandinavos, em matérias publicadas na mídia com relativa periodicidade, mostram que o crescimento de uma nação provém da moralidade pública; Que político cassado por qualquer motivo jamais pudesse exercer novamente essa função em nível nacional, estadual ou municipal, em qualquer cargo. Em boas palavras: execrados da vida pública; Que cada político só tivesse passagem de retorno a sua base a cada quinze dias, com despesa paga pelo Legislativo. Caso quisesse viajar na semana seguinte, que pagasse do seu próprio seu próprio bolso. Que o Congresso, em suas duas casas, tivessem em suas instâncias, auditores do TCU que tornassem públicas e transparentes as contas do poder. Que somente fosse pago ajuda de custo para moradia a aqueles que não tivessem imóveis do governo á sua disposição em Brasília. Tudo isso, Sr. Senador, é o mínimo que os senhores podem a começar a fazer pelo seu país e pelo povo que os elegeram.

Em suma, Sr. Senador, que cada um dos políticos trouxessem para o seu povo o orgulho de tê-los como representantes. Ah, que os Ministros do Judiciário e de todas as instâncias desse poder, fossem diretamente eleitos pelos membros da sua Alta Corte em lista tríplice, com a sabatina do Congresso, e tão somente quando esse último tiver a confiança do povo. Não pode o Executivo, seja a que título for, indicar representantes para as Altas Cortes de um outro poder sob pena de se ver um Tóffoli, que nem juiz foi, ser indicado e imposto à Suprema Corte com as benesses do Senado. Quanto custou ao Executivo esse "acerto"? O resto, senador, é retirar, o quanto antes, essa presidente do poder e tudo o mais que diz respeito ao PT; essa máfia, comprovada através dos dois últimos anos pelo MP, e que colocou o país na UTI. Sou empresário, sócio de uma pequena empresa de projetos da área de lojas de Departamentos, Supermercados, etc. Em 2014, faturamos R$ 1.300.000,00 Em 2015; R$ 900.000,00. Em 2016, fomos obrigados a dispensar, debaixo de muita tristeza, dois projetista preparados por nós durante dois anos, entregamos duas salas, fizemos acordos com mais dois funcionários para trabalhar em suas casas para diminuir custos, renegociamos contratos com clientes com perdas de mais de 20% enquanto a inflação já passava dos 9%. Novos contratos, nem pensar: apenas terminar a execução de umas poucas e pequenas reformas de lojas, que é isso o que os grandes clientes estão fazendo, atingidos que foram, também, por esse quadro econômico. Quanto tempo o senhor acha que falta para os pequenos, como nós, que somos a maioria das empresas que mais pagam impostos ao erário público, para fechar as portas? Quanto tempo falta, senhor senador, para o "Baile da Corte" ou para a nossa "Missa de Sétimo Dia"? Com o meu respeito, e profunda esperança de ver um Brasil melhor e digno, atenciosamente,

                                Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 07 de março de 2016. 

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7. QUANDO AS LEMBRANÇAS NOS FAZEM CRIANÇAS...

                                           Para meus netos.

Pensando nas agruras da vida, nesse tempo louco que nos transtorna e nas lembranças do que havia em nossas mentes para escrever sutilezas: "MENININHA".

Quando era criança/E você "menininha"/Em nossas brincadeiras era só chamar/A fada benfazeja que ela depressinha/Vinha das estrelas pra nos escutar/Você queria do castelo ser a tal rainha/E eu, um grande rei só para ti guardar/Tudo brincadeira, tudo fantasia/Mas meu Deus do céu, como é bom lembrar...como é bom lembrar...como é bom lembrar.

Nota. Essa cantiga eu compus em 1978 e a fonte de inspiração foram lembranças de fantasias, contos e histórias que habitavam a minha mente quando criança e que permanecem vivas ainda hoje. Esse mundo lúdico, inocente, puro, é o que me fascina. Eu costumo contar histórias para os meus netos e, disfarçadamente, olho nos olhos deles para ver a reação. Se você nunca viu o brilho de uma estrela de perto, olhe nos olhos de uma criança; ele vai estar lá.

                                 Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 26 de março de 2003.

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8. ATENÇÃO, APOSENTADOS!

 

Paim é senador do PT, e conhece como ninguém os direitos dos aposentados do INSS e sempre se pautou, ao defender os aposentados, nos estudos da ANFIP, órgão do próprio governo no âmbito da Receita Federal. Conheço os estudos da ANFIP desde 2009 quando comecei a questionar os números do governo em relação a previdência social privada. Qualquer um que se preste a analisar planilhas, leis sobre aplicação desses recursos, vê, sem precisar de bola de cristal, que os aposentados, seus avós, bisavós, e pais estão sendo claramente, há mais de décadas, surrupiados em seus direitos. Economistas famosos, articulistas renomados compram a ideia do governo que a previdência é deficitária.

É aquela história da mentira dita mil vezes que se torna verdade; virou rombo! Não falam dos 500 bilhões que hoje o governo paga anualmente somente para cobrir os juros da dívida. Nenhum Ministro da Fazenda ou Planejamento teve coragem de sentar com os banqueiros e questionar esse absurdo que empobrece o país e fazem bilionárias fortunas do lado de lá. Enquanto indústrias, comércio, áreas de serviços estão amargando prejuízos que já montam mais de 3% este ano, o setor bancário mostra lucros trimestrais da ordem de 25,30%?.

Mas o culpado é a previdência privada. Da pública, que tem seu reajuste com base no salário dos ativos e não se fala nada. E olha que, embora sejam 10% de aposentados, consomem recursos iguais ou maiores do que os aposentados da previdência privada- INSS. Só para esclarecer. Você, que um dia vai se aposentar pelo INSS, não fique à margem da discussão. Talvez lhe falte tempo, mas é agora que você tem que lutar pelos seus direitos. Quando velho vai lhe faltar força e energia para tanto. Leia, informe-se, discuta. A maioria dos idosos, mais de 80%, não lutam pelos seus direitos e isso eu constatei através de participação de grupos de estudos sobre o assunto. Então se você não defende o seu direito, alguém vai botar o seu direito no bolso alheio. Governos ignoram que você existe. A não ser que você trombeteie bem alto! ...Mas, você tá velho, né?

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09. MAIS DO QUE NUNCA, VERDE E AMARELO.

 

 

Quando penso em milhões de pais e mães de família desempregados, jovens tolhidos nos seus sonhos, milhares de empresas fechando suas portas, PIB descendo a ladeira há mais de 1 ano, brasileiros morrendo em portas de hospitais, corrupção desenfreada levada pelo toma lá dá cá existente entre Executivo e Legislativo, penso que já passou da hora de retirar essa senhora da presidência, já que não teve capacidade para administrar o país e tampouco a dignidade de oferecer a sua renúncia à Nação.

Como cidadão brasileiro, que tem sua empresa sofrendo amargamente os prejuízos dessas inconsequências como tantos outros milhares de pequenos, médios e grandes empresários, é meu dever me posicionar: sou verde e amarelo, me indigna o que foi feito com a Petrobras, fundos de pensão, FGTS, pedaladas, BNDES, empréstimos milionários a fundo perdido aos amigos do rei e da rainha sem garantias em contra partida, perdão de dívidas de ditadores sanguinários na África, e por aí vai... infelizmente. FIESP, FIRJAN, CNI, OAB, etc., já se posicionaram pelo impeachment dessa senhora.

Enquanto a Argentina com Macri, só há dois meses no poder, já demitiu mais de 20.000 aspones e está renegociando, com êxito, a dívida da Argentina e em vias de receber 5 graus positivos das agências de avaliações, o Brasil e nossas empresas, perderam 5, sem falar nos 500 bilhões que a Petrobras deve e o prejuízo dessa nossa antiga joia da coroa no ano passado: 34,9 bilhões de reais, conforme anunciado ontem pelo próprio presidente da empresa, Sr. Benedine. Seria idiota, inconsequente se acreditasse que esse governo pode mudar alguma coisa.. Me perguntarão, como já me perguntaram: outros mudarão alguma coisa? Acredito. Tivemos um Collor e um Itamar Franco, tivemos uma inflação mensal de 80% ao mês, mas também tivemos a URV. Como diz a poeta Elisa Lucinda: "se não deu pra mudar o começo, dá pra mudar o fim".

Amigos que não comungam do meu posicionamento tem o meu respeito, mas a experiência, sem idealismo nem xenofobia, me diz que estou certo. E não dá para esperar muito pra ver. Milhões de brasileiros estão desempregados, e pior, sem perspectiva de uma colocação. Essa inconsequência que humilha é o que mais me entristece e as vezes me faz chorar. Como bem disse Fagner em sua música: "Um homem sem trabalho não tem honra".

                                                      Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 26 de março de 2016.

Nota: Amigo Cleber, a sua grandeza política contribuiu, quem sabe, para dias melhores em nosso país, com o seu pedido aprovado, por enquanto. Que ela e ninguém mais, que usurpa de suas funções, voltem a dirigir nosso Brasil. Depende de nós. Mas que seu pedido foi aprovado, isso foi. Você é o cara!

 

 

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10. FEITIÇO DA VILA.

 

NOEL ROSA.

Aprendi na vida que gostar é, independente de aprendizado e sentimento, uma questão de cultura. Exemplo disso é o fato de que quando somos criança ou pré-adolescente, com raras exceções, temos certa dificuldade para gostar ou mesmo paciência para buscar entender versos e melodias que não sejam do nosso tempo. Aquelas, por exemplo, que embalavam os sonhos dos nossos pais e avós. Falo isso porque lembro-me de achar entediantes as músicas que meu pai colocava na sua vitrola, de 78rpm, quando eu era ainda um menino; em sua maioria, melodias carregadas de sentimento tristonho que contrastavam com as cantigas infantis que alegravam as tardes no quintal de casa.

Um dia, já adolescente, me perguntei: por quê as pessoas mais velhas gostam tanto dessas músicas? A passagem pela adolescência, o amor platônico pela primeira professora e pela normalista de tranças que sempre, às tardes, seguia para o Instituto próximo à minha casa, trouxeram-me a resposta que eu procurava. A partir dali, uma grande preocupação tomou conta de mim. As roupas, calças e camisas, sob ferro à carvão, tinham agora o zelo de nunca dantes; meus cabelos passaram a receber "Gumex"; e os sapatos?.                      

                                       

LEMBRANÇA DE TEMPOS FELIZES.

 

Ah, esses então só viviam nos strinks...! Estava assim, ainda sem muito bem perceber transitando de um tempo que cuidava das coisas lúdicas para um outro que cuidava das coisas do coração. Paradoxal esse novo tempo...gostava dele porque nele descobri o amor, a paixão, o perfume envolvente e embriagador de uma mulher e que jamais esqueci...Por outro lado, detestava-o porque, ao mesmo tempo que me brindava com as maravilhas dessas descobertas, mostrava-me o quão pequeno era eu diante delas... Na presença da menina de trança, a boca, se tinha, não abria; pulmões...? Ah... esses paravam instantaneamente; nenhum sopro saía pelas narinas... e o coração? Não, não devo falar, o coitado disparava, como um coelho assustado que foge da garra do seu algoz. Tudo se paralisava diante do belo...Do inusitado...É como se, repentinamente, um cego pudesse ver todas as estrelas no céu e, extasiado, perplexo, não acreditasse.

Jamais esqueci de tantos bilhetes escritos e nunca entregues à ela por conta desse bloqueio que nos torna tão pequenos diante do sublime...Contava naquela época, dezesseis...dezessete anos, se tanto, quando, certo dia, essas coisas que falam ao coração, fizeram com que eu, quase que instintivamente, colocasse  no toca-discos do meu pai um disco com músicas de Noel Rosa, e por ele interpretadas, que tocaram o meu sentimento de uma forma deliciosamente estranha. Eram melodias e letras que um coração adolescente e apaixonado queria ouvir...Descobri, ali naquele momento, que o que o meu coração adolescente quisera ouvir, eram as mesmas coisas que os corações adolescentes de meus pais e avós também quiseram um dia escutar...

Havia, assim, descoberto que aquelas músicas, a princípio, e por meu julgar enfadonhas, tinham muitas riquezas; como uma flor que só se mostra bela a quem tem olhos de jardineiro. Começava ali o meu aprendizado...Noel tinha olhos de jardineiro e em cada terreno do sentimento humano ele colheu as flores que lhe deram subsídios para falar da nossa alma, em prosa e verso; às vezes de forma sublime...às vezes jocosa...às vezes satírica...mas não são assim as nossas almas...? Noel, já a partir de então, passou a me "emprestar" versos românticos que decorava para, em sonho, recitar à primeira namorada que, de verdade, ainda não tinha. Por vezes, na minha santa ignorância, tinha dificuldades para entender o que ia nas entrelinhas de algumas das suas letras e, naquela época, mal sabia o que era entrelinhas...Sabia que não sabia tudo...Sabia que me faltava cultura...Conhecimento...sentimento não, esse já habitava o meu coração...Hoje rio, por um dia na minha adolescência, ter levado ao pé da letra esse verso de Noel: "Ai que mulher indigesta, merece um tijolo na testa!" Também não sabia o que era "sentido figurativo"...alguém me explicou...Assim, fui descobrindo Noel e, a cada descoberta, mais me impressionava esse compositor, nascido na antiga Fazenda do Macaco, hoje Vila Isabel!

O povo da minha querida cidade do Rio de Janeiro, jamais deixou de estender a esse grande compositor o "tapete vermelho" pelo reconhecimento à sua obra e à sua contribuição à história da nossa música e cultura popular; no caso, calçadas de uma avenida inteira, foi o tapete onde a ele se prestou e se presta uma das mais belas homenagens que já vi. Pois é, em toda a extensão das calçadas do Boulevard, hoje 28 de Setembro, lá em Vila Isabel, estão grafadas com pedras portuguesas, em negrito, a pauta musical de algumas das suas mais belas melodias e de outros grandes compositores que a Vila já pariu ou acolheu: Pixinguinha, Ari Barroso, João de Barro, Lamartine, Catulo da Paixão, Donga, Sinhô, Ernesto Nazareth, Orestes Barbosa...

   

        HOMENAGEM À SAUDOSA MEMÓRIA DE NOEL ROSA, O POETA DA VILA.

Um dia, há muitos anos atrás, por força de tamanha curiosidade, resolvi conferir essa homenagem e logo no início da 28 me deparei com Noel, em bronze, acompanhado de Vadico, sentado à mesa de bar, tragando o seu inseparável cigarro. Puxa, falei prá mim mesmo, esse rapazinho aí não foi pouca coisa não! Noel, eu sabia, morreu aos vinte e sete anos de idade e compôs cerca de trezentas músicas! Acho que em tão curto espaço de tempo foi o único. Segui adiante, e embora não entenda nada de notas musicais, dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, essas coisas que só servem para tornar vivenciáveis os nossos dias, comecei assim, solitariamente, a me extasiar com o que viam os meus olhos e a lembrar de versos de composições suas que permanecem em minha mente e, com certeza, na mente de todos nós que fomos alcançados por elas.

Quem não se lembra, por exemplo, de "Quem nasce lá na Vila nem sequer vacila ao abraçar o samba...ou "E as pastorinhas, prá consolo da lua, vão cantando na rua lindo versos de amor...". Tentava descobrir mais, tentava decifrar aquelas notas em negritos portugueses para saber se, naquele momento, por exemplo, eu estava diante da "Estrela Dalva", ou sob o "Feitiço da Vila"...Os deuses, talvez querendo manter a magia daquela hora, ignoraram a minha avidez e assim fiquei sem saber, caminhando, por onde caminhava. Continuei sobre brancas e negras pedras portuguesas e a cada passo buscava respostas para tudo aquilo. Como, me perguntava, e em que circunstâncias nasceu esse compositor que até hoje é água de beber para, poetas, compositores, atores, escritores; para todo esse povo, enfim...? De onde viria tamanha inspiração e na velocidade tanta...? Quem poderia dizer-me?

Fala-se muito da calçada da fama nos States, mas lá o homenageado tem de enfiar pés ou mãos no cimento para deixar grafadas as suas digitais e, somente então, e a partir daí, merecer tal honraria. Noel, o nosso "Poeta da Vila", jamais se submeteria a isso! Na sua santa malandragem, e nisso vai certeza absoluta, outorgaria uma procuração "à quem interessar possa" e daria ao outorgado, "para os devidos fins", o direito de lambuzar as mãos ou os pés, e enfiá-los naquela massa cinzenta e obscura. Ficaria, acredito, observando de soslaio, lá da mesa do "Café Vila Isabel", a lambança, enquanto redigia mais um samba que se tornaria sucesso na voz de Araci de Almeida. Terminada a minha andança, do Largo do Maracanã até à Praça Barão de Drummond, percebi que ficara um vazio e que só agora, muitos anos depois daquela caminhada, eu tento preencher.

Foi Noel que novamente me fez andar pelas suas calçadas como a me cobrar ressarcimentos pelo tanto que me ofertou; ora pelas suas músicas nos bares do Boulevard; ora pelos versos que lhe tomei e ofertei à primeira namorada como se meus fossem...ora pela sua história que vou tentando compor ao sabor das lembranças...Ah...Noel, por onde me levas...? Não satisfeito, me fez ir em busca da sua alma, nos "pontos e "botecos" que frequentou; já não bastava a sua obra...Às vezes pensava escutar Noel me dizendo coisas: " preguiçoso...o que sabes da Vila...? da Confiança...? Dos Três Apitos...? Por que parastes? Assim continuei a minha busca; ora sozinho, ora com Noel no meu pé me chamando de preguiçoso...Noel não era fácil não! Meu amigo Roberto, por conta dessa minha busca e aflição, contou-me que Hortênsia, hoje sua namorada, foi flerte dele no tempo em que este fazia ponto no "Café Vila Isabel", o que ela nega naturalmente, com um sorriso maroto. Não é verdade; lá pelos idos de 1930, Hortênsia nem sonhava ter nascido, Noel sim, e, naquela década, já com seus 20 anos, colecionava grandes amores: Clara, Fina, Ceci... nenhuma Hortênsia. Como disse antes, não sabia em que circunstâncias se deu essa magnífica homenagem a Noel e outros grandes que cito, mas, foi Noel que tanto acrescentou à minha adolescência e vida que cabe aqui, com solene respeito aos demais, o registro dessa busca como forma de agradecimento a ele pelo tanto...Por conta dos festejos do Quarto Centenário da Cidade do Rio de Janeiro, em 1964, Orlando Madalena, arquiteto, vilaisabelense, teve a brilhante ideia das "Calçadas Musicais", onde se perpetua a grande homenagem à Noel e outros grandes compositores que são a essência da nossa música popular.

Cleber Coelho - Rio de Janeiro.

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11. HISTÓRIAS E REFLEXÕES.

Bons tempos aqueles em que você tinha disponível no mercado excelentes profissionais para fazer pequenos reparos em sua residência, a preços módicos e com garantia de qualidade. Hoje, tudo está pelos olhos da cara. Para quem nasceu depois dos anos 70, isso quer dizer o seguinte: Está tudo muito caro!

Tente contratar um pedreiro, um bom ladrilheiro, um bombeiro hidráulico. Os bons profissionais, aqueles que tinham orgulho do seu trabalho e pena do nosso bolso, hoje são raros. Achar, por exemplo, um marceneiro qualificado e acessível financeiramente, é como procurar agulha no palheiro. Estava refletindo sobre isso quando lembrei da seguinte história: À duas quadras do prédio onde eu morava, à Rua Bernardino - Praça Seca, há muitos anos atrás, residia um senhor marceneiro que fabricava móveis sob encomenda a quem eu encomendei um guarda-vestido (para os antigos), guarda-roupa, para os que nasceram depois dos “anos dourados”. Hoje não me ocorre o seu nome. Como diziam os mais velhos, "varreu-se da memória ". Era um senhor, moreno, de cabelos grisalhos, e que guardava no seu jeito de ser aquela cumplicidade que existe entre o mestre e a sua tela, entre o artesão e a sua ferramenta.

Os artesãos não são pessoas comuns, assim como não o são os poetas, os músicos, os compositores, os escritores, os escultores, os pintores, os filósofos. São privilegiados a quem Deus deu a missão de tornarem vivenciáveis os nossos dias. Quem viveria sem música, um bom livro, a vista de uma bela tela, um bom conselho? Pena que hoje as artes e outros valores tão importantes na formação da minha geração, estejam sendo despojados da sua essência, da sua raiz. Sem saudosismo. Em nome do imediatismo que tomou conta do mundo, tudo se torna descartável. Também o amor, que era eterno, perdeu o seu status. Troca-se ele por uma boa conta bancária ou uma BMW, talvez, muito menos.

Vivemos, hoje, obcecados e obrigados a aprender o que a ciência da hora nos impõe. A necessidade de estarmos atualizados com as novas tecnologias, wardwares, softwares e o que mais a mídia nos dita na tele e na net, nos tornam competidores desmedidos e desumanos. A vida nos cobra a sobrevivência. A sobrevivência nos cobra que matemos a cobra, mostremos o pau e, cansados, sigamos atrás do leão que todo dia também temos de liquidar. Um dia, esse homem, eterno transformador, voltará à idade da pedra e, recomeçará tudo, descobrindo que gravetos, restos de madeira e o atritar de pedras, produzem o fogo que o aquecerá e, também, a sua vida.

Aí, com tempo de sobra, absorverá o perfume das flores; suas mãos, tempo para cuidar da terra; sua boca, tempo para a mulher amada; seus olhos, tempo para olhar as estrelas e tentar desvendar os seus mistérios. Como Fênix, ele renascerá despojado das impurezas do corpo e da alma, mas logo depois voltará a fazer besteira!

Ufa! Voltando à minha história. Dias depois, mandei o Guto, meu filho mais novo e que naquela época tinha uns quatro anos, na casa do senhor marceneiro para saber se o móvel estava pronto. Gustavo foi, demorou, demorou, demorou e não voltou. A mãe, preocupada, me alertou que o filho estava demorando muito. Naquela época, não havia essa exacerbada e obsessiva preocupação que hoje deixam os pais de cabelos em pé quando os seus filhos estão fora de casa. A preocupação existia, mas era, por exemplo, com o atravessar de rua e isso o Guto já fazia muito bem. Também o trânsito de carros, na Rua Bernardino, era muito pouco e os motoristas muito menos estressados que hoje. Chamei Frederico, meu filho mais velho e pedi-lhe que ele fosse atrás do irmão. Frederico foi, demorou, demorou, demorou, e não voltou. A mãe, aflita, já perdendo a paciência comigo, insistiu que eu fosse procurar os seus meninos. Não conseguia ficar tranquila sem saber o porquê da demora das suas crias. Essa demora, de mais ou menos uma hora e meia, realmente estava além do tempo necessário para ir e voltar da casa daquele senhor, o que poderia ser feito, entre ida e vinda, em 20 minutos. Saí de casa preocupado naturalmente, mas não havia na minha preocupação a preocupação dos pais de hoje.

Antigamente, essa demora era computada à “pelada” na rua, uma fugida para jogar ping-pong na casa de coleguinhas, coisas assim. Hoje, qualquer mãe desespera-se! Seus pensamentos vão, imediatamente, da bala perdida ao sequestro em razão de segundos! Caminhei até a casa do senhor marceneiro. Havia um portão, tipo garagem, depois um corredor de chão batido e lá no fundo do terreno uma grande área arborizada onde à esquerda ficava a sua casa, no centro a sua oficina e à direita uma pilha de tábuas de madeira de, aproximadamente, uns dois metros de altura. Era seu material de trabalho. Passei pelo portão e pela metade do corredor, quando então fui surpreendido por um cachorrinho pequinês que veio em minha direção latindo desesperadamente! De tão pequeno não me assustou. Avancei e ele recuou, não sem antes tentar fisgar o meu calcanhar. Nada que um pedaço de pau e uma pedra não resolvessem. Continuei em frente e, de repente, avistei, em cima daquela pilha de madeira, olhem só, os meus meninos! Pois é, o dono não estava em casa e aquele cãozinho, bravamente, defendeu o seu terreno e a sua  propriedade com toda a força dos seus pulmões. Ele deve ter ficado orgulhoso, afinal colocara dois dos três invasores do seu território fora de ação, ou melhor: em cima da pilha de madeira! Guto, o primeiro, Frederico, o segundo! Esse, enfim, foi o motivo de tanta demora!

 

 

PEQUENO, SIM SENHOR. MAS, VALENTE!

Tempos depois, Frederico colocou para dentro de sua casa, sozinho, um enorme pastor alemão que havia fugido e vagava pela rua. O animal circulou amedrontando a Deus e o mundo. Frederico correu, pegou-o pela guia, e, como disse, colocou-o de novo dentro de casa e trancou o portão! Bravura? Nada disso. O cão pertencia a um capitão do exército, nosso vizinho, em cuja casa Frederico brincava com os seus filhos, quer dizer, com os filhos do capitão. O grande pastor alemão já era então, digamos assim, íntimos do nosso filho. Não houve bravura; houve ato de responsabilidade tomado por uma criança.

 

 FEROCIDADE DOMINADA PELO AMOR DAS CRIANÇAS.

P.S. Duas histórias são verdadeiras, a terceira o homem ainda vai contar.

Para meus filhos e netos.

                                    Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 09 de abril de 2003.

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12. ÁQUILA E O MILAGRE DE UM CORAÇÃO GENEROSO.

 

Áquila, significa “águia”. Surgiu a partir de um apelido romano que significa “águia” em latim. É um personagem da Bíblia, citado no livro de Atos, no Novo Testamento. Áquila era um fabricante de tendas esposo de Priscila, também chamada de Prisca, que foram um dos primeiros cristãos evangelizados por Paulo. Áquila também aparece como um dos setenta discípulos, nome dado aos primeiros seguidores de Jesus Cristo.

Pois é, sábado passado, dia em que estava meio de mal com a vida, saí de casa com o propósito de encontrar um bar com som de um violonista só. Nada de banda, chorinho, samba de raiz...nada disso. Meu coração pedia privacidade até de amigos e amigas. Queria estar sozinho, ruminar meus problemas até torná-los palatáveis para poder engolir. A vida nos apronta essas encruzilhadas, e não nos diz que caminho seguir. Sabia, tinha certeza, que o meu instinto, no meio do caminho, como um anjo de guarda, me estenderia sua mão.

Costumo, quando saio aos sábados para Ouvidor, Lapa, Copa, etc., parar no bar de um grande amigo que fica no Maracanã. São anos de histórias e bate-papos. Severo é seu nome. Nordestino, um homem de uma simpatia incomum. Percebo que fica feliz de me ver por lá e eu também. Além da nossa grande amizade, Severo me serve a Heineken mais gelada, minha cerveja preferida, e um pão de queijo, bem maior do que se encontra por aí, fora o sabor incondicional.

À vontade, sentei-me próximo à mesa da área externa, macambúzio, (para os mais novos não acostumados com o verbo dos mais antigos): macambúzio – triste, tristonho...  É, tava assim meio desse jeito, quando se aproxima de mim um rapaz. Vi que se tratava de um trabalhador/morador de rua. Me pediu atenção, e o seu sorriso me cativou. Talvez, por carência afetiva, resolvi dar corda e ouvi-lo. Perguntei seu nome, e ele me respondeu: Áquila, ao seu dispor. Carente, na solidão dos meus pensamentos, puxei conversa com ele. Áquila, estava faminto, e queria me passar por três reais um quadro que ganhou de um morador da área. Nem eu nem ele tínhamos ideia de quanto poderia valer aquela tela, que me pareceu de alguém interessado em arte, mas principiante. Sem interesse na tela, me propus a completar o dinheiro que ele precisava para a sua refeição: ele tinha dois e eu completei com três reais.

COM TODOS OS PROBLEMAS, UMA PESSOA FELIZ.

 

Conversa vai e vem, Áquila me conta boa parte da sua história. Mora com a avó e mãe em Petrópolis, mas passa as noites nas ruas do Rio porque aqui consegue x por cada quilo de pets vendidas, x por cada quilo de papelão e x por cada quilo de garrafas ou vidros, o que lhe garantia, em média, em torno de 700/800 reais por mês.

Fui além. Quis saber dele como era a vida na rua, o abrigo da prefeitura, o que ele sentia quanto abordava as pessoas... Áquila, com seu sorriso meigo, simpático, me disse o seguinte: primeiro, não bebo e não uso drogas. Perguntei sobre os abrigos da prefeitura, torceu o nariz e me disse: te dão café, almoço, janta, nada mais. É tudo sem sentimento. Fazem por obrigação, não querem saber de você, o que você precisa além de comida, inserção na sociedade, carinho... por isso, me disse ele, todos preferem as ruas. Quis saber se eram maltratados, mal vistos, etc. Áquila me disse, tio, é assim: cada dia uma surpresa. Tudo misturado, e eu aprendi a aceitar o que a vida me oferece. Por exemplo: tem dias que muitas pessoas são só carinho, generosidade. Tem outros que você dá de cara com pessoas rancorosas que nem deixam você falar; mandam procurar emprego, etc..

Perguntei como ele se sentia naquela situação, ele me respondeu: tio, eu vivo como você. Você me disse que hoje estava triste, e eu hoje estou alegre por ter conhecido uma alma tão generosa. Vou embora feliz, tá tio? Fica triste, não.

Valeu pela lição, Áquila. Salve!

                                                     Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 06 de janeiro de 2018.

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13. UM DIA TRISTE.

 

Acordei mal, com presságios de que o dia não seria bom. Meu trabalho, como empresário, depende, 90% da NET para desenvolvê-lo. O porteiro, cedo, me avisa que a NET vai instalar novos equipamentos e que, por conta disso, estaremos sem NET o dia todo. Penso no meu trabalho, no que tinha pra fazer e me enraiveço diante da minha inutilidade frente a máquina.

Ela manda. Diz, se posso trabalhar ou não, escolhe horas para abrir seus caminhos, sem antes me indicar links, atualizações. Abaixo a minha crista, sigo seus passos e nada consigo. Vontade? De quebrar toda essa parafernália que me oprime e me aniquila. Meus nervos, que não são de aços, como na música de Lupicínio Rodrigues me pedem “Um pouco Mais de Calma”, “Paciência”, na música e versos de Lenine.

Deixo o computador de lado, por inútil, e abro zaps de amigos. Dou risadas, retribuo bom dia, palavras de boa fé e esperança. Mas, diabos, preciso do computador pra trabalhar!. Já é quase meio-dia, e nem sei das minhas responsabilidades que a NET não deixa ver. Sou ansioso, perco a calma, e não há Rivotril que me relaxe. A esposa não entende meu silêncio, que não cabe na alegria dela, são mundos diferentes, mas, tenta me acalmar...em vão. Preciso sair, tomar um ar, umas Hainekens pra me relaxar e ver as coisas direito. Pode parecer estranho, mas a cerveja me acalma e me traz luz... nem sempre.

Sento no Barril 8000, recebo o sorriso da minha amiga e recepcionista, que conhece os passos da minha estrada e traz minha cerveja. Há uma cumplicidade: ela me pergunta se está tudo bem, e eu retribuo a pergunta. Salvo momentos de extrema falta de afeto, carência, sei lá, dizemos um para o outro que está tudo bem, porque em botequim não cabe reclamações. Botequim, como dizia o meu amigo Roberto, que já se foi, é lugar sagrado, onde só cabe alegria, histórias de pescadores, poetas, e outros mentirosos. Pois é, tomei minhas Hainekens, fiz confidências pra minha amiga do bar, escutei seus lamentos e rimos das nossas infelicidades. 

O dia dos pais estava presente na minha mente porque minha esposa, na noite anterior, falava de presentes, pra mim, pros filhos, e me contou uma conversa que teve com a sua dentista, a qual lhe confidenciou o seguinte: Ilza, minha filha de cinco anos, que perdeu o pai o ano passado, me cobrou um presente para ele. Queria dez reais para isso. Tentei explicar pra ela que o pai já havia morrido, e não havia como dar um presente a ele, a não ser pelas orações, etc. Mas, a filha com toda o seu amor pelo pai, disse pra mãe: mãe, não se preocupe, você me dá os dez reais, eu compro o presente, vamos ao cemitério no dia dos pais, você desenterra ele, entregamos o presente a ele e depois a gente vai embora. Ele ia ficar feliz...

Recentemente, um amigo, que me serve há vários ano como motorista, me pediu emprestado um valor significativo para consertar seu carro pois dependia dele pra sobreviver como Uber, com a condição de, em dez dias, me ressarcir, em março de 2017; A partir daí nenhum contato. Uma pena porque o dinheiro não me fez e não me faz falta. O problema ficou com ele.

Uma das pessoas que prezo, amo e tem uma vida difícil (está desempregada) e, por conta de problemas familiares, me ligou dizendo que ao ir ao banco foi assaltada. O dinheiro era para pagar o aluguel da sua casa. Um grande amigo, ex-funcionário do Estado, sem receber há vários meses, me confidenciou que hoje a Light cortou a sua luz; o gás já tinha sido cortado antes. Um dia triste...

                            Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 09 de agosto de 2017.

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14. UM ANO DEPOIS, A REFLEXÃO.

 

Quando vi essa postagem que fiz em 09/08/2017, reli, tentei avaliar a evolução dos acontecimentos através desse ano que passou, mas, a minha percepção é que as situações, em sua maioria, queiramos ou não, se repetirão de alguma forma, com ou sem brilho, cores vivas, preto ou cinzento. Mas, triste.

Só que hoje estou bem, tenho aprendido a suportar e encarar os desafios, e o fato de ter chegado até aqui, senhor de mim, me deixa orgulhoso. Meu pai já se foi, cumpriu sua missão. Meus filhos e netos herdarão as nossas histórias. Hoje, desejo aos amigos, pais, e, in memoriam dos seus que já não estão presentes, o meu parabéns, porque fomos capazes de aprender uns com os outros, e fazer a lição que os velhos nos passaram direitinho. Feliz dia dos pais, e, dos nossos, amigos um brinde! Salve! Beijos.

                            Cleber Coelho -  Rio de Janeiro,09 de agosto de 2018.

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15. COM OS SAPATINHOS NA JANELA, À ESPERA DO MILAGRE PARA O POVO UCRANIANO.

E, de repente, é Natal! Creio que como eu, de alguma forma, essa data muda, mexe com os nossos sentimentos, na força dos nossos desejos de paz, alegria, seja em nossos lares, país, em nosso mundo, especialmente nessa época. Desejamos, rezamos, oramos pelo bem comum, universal, embora saibamos que nunca será o "paraíso" que sonhamos.

Mas, o que conta, é a nossa fé, a força das nossas orações. Palavras benditas e ditas pela força da fé, fazem milagres, e, quanto estão sendo necessárias! Papai Noel, ah, cumprindo sempre o que os “meus pais me prometeram”, me fizeram cultivar o sentimento de esperança, o mais puro que sonhei e sonho. "Papai Noel, em minha vida se fez crença, milagre.

Como explicar a alegria incontida do presente que ele sempre nos deixava nos sapatinhos postos em nossas janelas, sempre depois que o sono nos alcançava, cansados de esperar, vê-lo? Ah, esse velhinho, sempre foi mais! Por conta dele, levei meus filhos e netos aos sonhos mais belos.

Hoje, me vejo, na cama com meus filhos, netos, bisneta, lembrando historinhas, contando sobre ele, e, a cada minuto, tentando responder suas perguntas sobre o "o bom velhinho". Mas pai, vô, ele mora onde? Você já o viu? Como ele faz pra levar presentes pra todas as crianças, pra mim? Ele tem anjos com ele? Pai, vô, onde ele mora, onde vive? Como ele sabe o brinquedo que cada criança deseja?

 

O VELHINHO - CARLOS GALHARDO - 1957.

 

Procurava saída pra tantos questionamentos, sabendo da minha responsabilidade de continuar mantendo essa chama acesa, essa milenar crença. Hoje, filhos e netos já crescidos, cidadãos que honram nosso nome, ainda me lembro da curiosidade maior deles. Pai, vô? Onde ele mora? Na Lapônia...Perguntas mais vieram e, você, pai, avô como eu, claro, passaram por esses momentos mágicos e, como eu, têm belas historinhas pra contar, né, não...?

 

A VISITA DE PAPAI NOEL PELA JANELA.

 

Pra você, querido amigo ou amiga, parentes, que, independente de ter vivido esses velhos sonhos, momentos, acredite! Eles existem! Conselho? Continuem a cultivá-los! Desejo um mundo melhor contigo, meu amigo, minha amiga, e que o seu Natal, dos seus familiares, seja com um Papai Noel como o que fantasiou meu sonho, minha vida.

Ah, “bora” não esquecer que o dia 25 é o aniversário do Filho do Pai. Oremos por ele, oremos pelas bênçãos que dele recebemos "aed eternum". Pra meus amigos, meus familiares, por todos que comungam do desejo de que sejamos, hoje, amanhã, mais do que hoje somos, proponho: dia 24, às 00:00, estarmos em oração pelo aniversário do Filho do Pai, por todos os nossos irmãos que, por conta das suas impossibilidades não poderão estar em nossas mesas.

Zelenski, presidente da Ucrânia, desnecessário dizer, ontem no Congresso Americano, cunhou uma frase que nos serve de exemplo, um chamado ao reconhecimento à luta do seu povo, os ucranianos, hoje, massacrados pelo Império russo, um chamado, um alerta! E você, creio, há de refletir sobre suas palavras que penso traduzir..."Sem energia, sob frio e fome, sob dezenas de ataques diários da Rússia, nosso povo fará nosso Natal, sob a luz da nossa crença e fé!" Um Natal de paz a todos os amigos e amigas, parentes, aos nossos irmãos ausentes, ignorados...! 

Um brinde, que seja por tornarmos nosso mundo melhor! Salve! 

                             Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 24 de dezembro de 2022.

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16. RIO..., VEM COMIGO!

 

Coisas desse nosso Rio, tão maltratado, mas, resistente e bravo! Por ele, apaixonado, sou seu filho, e, quando oportuno, divido com amigos, maravilhas que acontecem no seu, no nosso quintal, seja um Fla x Flu, (nem falar), já tem um na fita, coisas das nossas escolas de samba preferidas...Mas, vou me abster de falar da minha Portela, do meu Império Serrano...Tá difícil de aturar, mas, pro meu gáudio, quando percebo a tristeza me incomodando, já tenho soluções como remédios para afastá-la.

Sábado, 18, foi um dia. Fugi prá Ouvidor, lá uma penca de amigos que, como eu, vêem o bar, o botequim como uma igreja, de fato, um lugar sagrado! Estão lá, Elvina, Ju, Mestre Waldir, Henrique, e demais componentes do Mal de Raiz que, juro, não te deixam em paz...! Você está conversando com um amigo ou amiga, e, de repente nos pedimos licença para ouvir a interpretação de "Portela" pela Ju, Elvina, puxando lá do baú..."Você sabe o que é ter um amor, meu sinhô...Só dá tempo de entre uma música e outra, rapidinho, pedir ao Raí, mais uma cervejinha, um salgadinho e só...Mal você traça o primeiro gole, tem que pausar...É um nunca mais de encher seus ouvidos de arte, de fantasias através dos sambas interpretados, ora pelo mestre Waldir, que sabe tudo de Paulinho da Viola, Henrique musicista, cantor, compositor, intérprete, que manda muito! Fora os demais componentes da banda que com seus arranjos e sutilezas, as tornam mais belas.

Curtida a gandaia, niver da amiga Marcinha, promessa cumprida, voltei pro meu aconchego correndo, na esperança de encontrar minha netinha, meu dengo, meu chamego...Heleninha, o nome da princesinha de cinco anos...Não deu, cheguei atrasado. Ainda aceso em casa, futuquei o celular à procura não sei o quê...De repente, um vídeo: o prefeito visitando Moacyr Luz, hospitalizado...Caramba!, me lembrei logo de "Saudades da Guanabara", um dos sambas mais bonitos que ele compôs com Aldyr Blanc e Paulo César Pinheiro, e que é, prá mim, parte da história dos nossos descuidos, descasos, com a nossa própria casa..., um escárnio.

Minha amiga, Dininha, fã incondicional de Moacyr Luz, no programa de Rolando Boldrin, merecia saber...Passei um zap prá ela, encominhando um vídeo de Moacyr Luz, no programa de Rolando Boldrin, onde interpreta "Saudades da Guanabara", mas, Boldrin, sempre foi mais que um entrevistador, ele foi mais, sempre mais! Independente de ser compositor, cantor, poeta, intérprete, produtor, foi a própria narrativa da nossa música popular, seja de qualquer canto do país. Foi sempre mais!

 

 

Nesse dia da apresentação de Moacyr Luz, que na sua música "Saudades da Guanabara", fala das mazelas do Rio, Boldrin, o apresentou ao seu público, não sem antes lembrar outro grande compositor carioca, que bem antes de Luz nascer, já, nas letras das suas melodias contava esses desmazelos, de uma forma crítica, irônica, peculiar, que se perdeu no tempo. Seu nome: Moreira da Silva! Bem provável que você que tenha menos de 60 anos nunca tenha ouvido falar dele ou conhecido sua obra. Mas, dá tempo: o vídeo que anexo, é um bom princípio para você se encantar com esses três artistas brasileiros, excepcionais! Perde tempo não! Ele não volta. Saudações.

   Cleber Coelho, Rio de Janeiro, 25 de março de 2023.

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17. TEMPO PARA REFLEXÕES E CONCLUSÕES.

 

O país está se encaminhando para se tornar um Irã, um país extremista, em que pese existir, em nossa sociedade, maioria laica e membros das forças armadas e auxiliares que não se deixam levar por "esse canto de sereia", que tem o apoio da extrema direita e dos evangélicos que se "venderam", por "algumas moedas" à política do "toma lá da cá", ao invés de se aterem às suas missões, ou seja, pregar a solidariedade, o bem comum, a esperança e a fé, de que querer é poder.
 
Mas, não, padres, bispos, hoje se importam mais com shows midiáticos, presença nas paradas musicais e nos palanques eleitorais de políticos. Não são servos, antes, anjos do mau, por influenciarem pobres ignorantes que não tiveram a oportunidade de aprender e a discernir.
 
Iludidos, como soldados "terroristas"  iranianos, sírios, etc., um dia aqui, como nesses países e outros, serão convencidos de que vale dar sua vida pela religião que lhe foi imposta, pelo idealismo macabro e acreditará, como verdade inquestionável, que, se morrer matando pelo seu país, terá lugar no paraíso, e direito a sete esposas, como está escrito nos seus "livros sagrados".
 
Aos cinco anos entrei pela primeira vez numa igreja, a que meus pais frequentavam. É uma Igreja Congregacional de raiz protestante Martinho Lutero, e que, pequenina no seu tamanho, cabe no máximo, uns trezentos fiéis. Nasci em Quintino Bocaiúva em 1944, à época um bairro da Capital Federal. Cresci, desapareci, mas, mantenho os princípios e valores que lá aprendi.
 
 
 
IGREJA EVANGÉLICA CONGREGACIONAL DO ENCANTADO.
 
 
Recentemente, passados mais de sessenta anos da última vez que nela estive, fiquei surpreso e reflexivo ao vê-lá, de passagem. Continua com o mesmo tamanho, a mesma cor, a mesma imagem do sagrado que tinha ao adentrá-lá quando criança. Conclui que aqui existiu um pastor que nos ensinou valores, que nos ensinou a fazer do nosso coração a nossa igreja e da esperança, a nossa fé.
 
Deu saudades da nossa igrejinha Congregacional, no bairro do Encantado - Rua Clarimundo de Melo, 50. Vivi tempo suficiente para ver muitos cenários, sejam políticos, religiosos, sociais, econômicos, não só aqui, mas, no mundo. Tive tempo de analisar os prós e contras dessas evoluções e involuções, algumas louváveis, outras extremamente perniciosas para uma sociedade que se pensa querer o melhor para si, sua família, para o seu país. A história nos ensina a enxergar o futuro, ou pelo menos, instintivamente, prejulgar melhor por conta do que se viu, e hoje dá prá ver pelo retrovisor das nossas mentes. Basta observar, ler os sinais, concluir.
 
 Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 03 de julho de 2023.
 
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18. CARIOCA DA "GEMA", DA "CLARA", VOCÊ É O QUÊ?

 

    

 

Sempre me tive como "carioca da gema", mas, para meu descontentamento, descobri que não! Puts! Não sou da "gema", sou da "clara". Mas, como?, nasci no Estado da Guanabara, hoje cidade do Rio de Janeiro, então sou...né?

- Não, Clebinho, te explico: se seus pais nasceram na Cidade do Rio de Janeiro, eles são a gema que deram origem a você. 

Claro, se você também nasceu no Rio, você, no caso seria, de fato, um legítimo "carioca da gema", mas, no teu caso deu ruim, (risos)!

- Como deu ruim? - Te explico, mas, se acalma...tá? 

- Cara, tu inventa essa historinha e quer me ver sorrindo...?

- Perdão, Clebinho...puts!

- Por enquanto não me chama de Clebinho não, isso que você tá me dizendo é coisa de amigo urso...Você, é o quê? Carioca da gema, carioca da clara, carioca da periferia, carioca da zona zul, suburbano, da baixada?, me diz, tu é carioca de onde? Vai, me diz..., tô esperando...?

- Clebinho, sou carioca não, sou de Santos-SP, mas, sou portelense, também adoro o Império, o Maracanã, o nosso Flu..., então, embora não seja carioca da "gema", nem da "clara", me considero carioca por afinidade.

- Uai, já tem carioca desse gênero?

- Carioca, filosoficamente falando, meu amigo, tem um mooonte...!

- Cara, tu tá me enrolando...Juninhôôô, desce duas Heinekens long neks, se não for fazer falta...Tá difícil trocar em miúdos o papo com o amigo...Depois te conto, ok? Bem, ô meu amigo santista, carioca por afinidade, né? É, Pois é, tu até agora tá me dando volta...

- Ô meu amiguinho, carioca da Cláara...

- O que você disse?, repete!

- Ca-ri-o-ca da clara! Tá bom assim?

- Tá..., agora soou melhor...Essa Heineken faz milagre, né? 

- Você estava me explicando porquê não sou carioca da gema, e sim da clara, né isso?

- É, Clebinho, tava te explicando, mas, você não entendeu, se ofendeu...- Voltando..., me dá dez minutos em silêncio? 

- Sim, claro... - Facim, tu entender... - se seus pais nasceram em outras cidades fora do Rio..., seus pais nasceram onde?

- Minha véia nasceu em Trajano de Moraes, e o véio em Frade-Macaé, e o que tem isso?

- Tem o seguinte: você é filho da "Gema", que são eles, nascidos fora da cidade do Rio de Janeiro. Eles não são cariocas, embora gerasse você aqui, na cidade maravilhosa.

- E eu, sou o quê?

- Você, é carioca da claáara!, explico: a gema que te gerou não é carioca, ela é fruto da gema dos seus pais que não são cariocas, entendeu...?, já, você, embora carioca, não é fruto de uma gema legitimamente carioca, por isso você é carioca da claáara! Agora, você é nascido na Cidade do Rio de Janeiro, né?

- Sou!

- Tem filhos e netos nascidos no Rio de Janeiro, capital?

- Sim, dois filhos, dois netos, duas netas, e mais uma bisnetinha.

- Bingo! Ô sorte! - Sorte, meu amigo, tu é da clara, mas, seus filhos, netos, netas e bisnetinha, são da gema...Entendeu?

- Entendi..., mas, porquê você veio me contar essa p..., logo hoje que estou numa boa, num barzinho que é lugar sagrado, e aqui não rola historinha triste, sabia?

- Implicância comigo? Pô, passei a vida inteira me achando..."Sou Carioca da Gema...!!!", e você vem com essa historinha, acabando com minha prepotência...isso é sacanagem! De repente, sou da Clara, e meus filhos, netos e netinhas são da "Gema?". É isso?.

- Clebinho, raciocina comigo: tu já viveu pra dedéu, curtiu muuuuito ser carioca da gema, embora não seja.

- Mas, você falou em sorte...?

- É, falei...

- Então me explica que sorte é essa?

- Clebinho, cabeçudo..., você ainda não se deu conta? Não demora muito e esse título que você não sabia que tem, vai embora contigo...!

- Maldito, lazarento, fecha essa boca!

- Ô Clebinho, não seja tão impetuoso..., aceita que dói menos... Tem certeza?

- Tenho, Clebinho...

- Tem p...nenhuma, tu nunca subiu lá, mas, vou aceitar seu conselho, com uma condição: você reza de pé junto que Guto, Frê, João, Fê, Mariana, Pedrinho e Leninha, vão se tornar "Cariocas da Gema".

- Vão não, eles já são...! São produtos das gemas legítimas  que você e a Dona Ilza, ambos cariocas, ch ocaram...

- Mas, eu e ela, Dona Ilza, não somos da "Clara"?

- Sim, vocês são porque a gema que gerou vocês, não era carioca, mas, a gema que gerou seus filhos e netos são cariocas da "Gema". Vocês, Dona Ilza e você são da "Clara", mas, as gemas que vocês geraram são cariocas legítimas!

- Quer dizer que, eles, meus filhos, netos, bisnetos, são filhos da nossa gema; Ilza e eu, são de fato, cariocas da gema?

- Siiim! Carái, putz, desculpe!

Guto, Frê, Fê, João, Mariana, Pedrinho, Leninha, olhem só: quando lhes perguntarem de onde vocês são, digam: somos "Cariocas da Gema"..., mas, não precisam entrar em detalhes, como por exemplo, dizer que seus avós são da "Clara"...E vocês, meus queridos amigos e amigas, vão, depois de encucados, dizer o quê? Me contem!!!

Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 2024.

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19. UMA MESA, UM LUGAR, UMA SAUDADE.

"TIRE O SEU SORRISO DO CAMINHO, QUE EU QUERO PASSAR COM A MINHA DOR..."

 

NELSON CAVAQUINHO - A FLOR E O ESPINHO.

Ah, isso é demais! Meu amigo e irmão, leia esta. Nos anos 60, trabalhava na administração de uma construtora que tinha sede no Edifício Marquês do Herval, Av. Rio Branco, Centro - RJ, que dá frente para antiga a sede da Caixa Econômica, ao lado do EDF. Central, Largo da Carioca, onde no sub-solo existe, ainda hoje, restaurante, barzinhos, etc.

Nas sextas, depois do expediente, como de costume, amigos e eu, dávamos uma passadinha no nosso bar preferido, e, naquela sexta, como de costume, o bar ainda estava a meia- boca, ou seja, meio cheio, meio vazio. Na entrada demos de cara com Nelson do Cavaquinho, sozinho, numa mesa com seu violão. Do lado, uma mesa vazia.

Corri, e sentei do lado, meus amigos não entenderam muito bem, até porque o samba não estava em alta, e acho que quem colocou suas músicas em evidência, foi Nara Leão, assim como Beth Carvalho fez, mais tarde, com as revelações, aos montes, no Cacique de Ramos... Fundo de Quintal, Almir Guineto, Jorge Aragão, Sombrinha, Zeca, e por aí vai.

Voltando ao nosso barzinho, penso, hoje, que  à exceção do Cesário, meu melhor amigo, na época, a quem devo o incentivo para tentar escrever poesias, como também músicas para sonhadores e participar dos festivais de canções. Devo a esse grande amigo, os meus primeiros passos na tentativa de ingressar nesse mundo, a arte de escrever.

Cesário, meu amigo, onde quer que você esteja, grato por tudo! Ainda tenho em casa a música que, em parceria, compomos para o Festival da Canção daquele ano. Você, fez a letra, e eu a musiquinha, e, diga-se a bem da verdade, não ficou feio não. Acho que, ainda hoje, é uma bela canção, porque seus versos são brilhantes e a música, modéstia a parte, não ficou prá trás.

Gil, meu amigo, vem comigo! Confesso que me lembro perfeitamente da hora em que bati o olho na mesa em que ele estava, e sabia que estava diante de um grande compositor, que mais tarde, para a satisfação de nós que vivemos aqueles anos, se tornaria um ícone da MPB.
 
Se me perguntar se lembro dele cantando, ou o som do seu violão, ou até esse hino, te confesso que não! O que ficou registrado no meu cérebro, foi o impacto de tê-lo visto logo da entrada, e minha corridinha prá sentar-me à mesa, ao seu lado, antes que "algum aventureiro", lançasse mão dela. Grato pelo carinho, pela lembrança que me instigou a contar passagens belas, no caso, da minha vida.
 
Um adendo: tenho registrado, idéia minha, os versos mais bonitos de canções que ouvi, desde a minha infância, e, "Tire o seu sorriso do caminho, que eu quero passar com a minha dor...", está no top. Seria leviano ao apontar uma! Beijos, meu irmão, que Deus te ilumine e proteja! Grato.
 
Cleber Coelho, Rio de Janeiro, 07 de outubro de 2023.
 

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20. BENÇÃOS DE DEUS.

Estava no computador lendo os e-mails e PPS recebidos de amigos, quando percebo na cortina, junto à  mesa, um inseto de uns 1,5 cm caminhando. Com um tapa tentei espantá-lo (ou matá-lo?). Continuei, e no exato momento em que visualizava um PPS que tratava  de bons sentimentos, o danado do bichinho reaparece subindo a cortina. Deixei o PPS de lado e vapt ! Agora o acertei!

Volto ao PPS e me identifico com tudo aquilo ele me mostra: amar ao próximo, ser solidário... Mas, que diacho!  De soslaio visualizo na cortina o mesmo inseto. Dessa vez ele não me escapa. Vapt!  Acertei-o, mas ele não caiu de imediato. Num esforço extremo para reunir energias, seu corpo treme, ilumina- se por fração de segundos, e desaba. A luz verde do seu corpo, ofendido e atingido, acende um alerta no meu cérebro e então, perplexo, enxergo a dimensão e a bestialidade do meu ato. Meus olhos enchem-se de lágrimas como a expressar a dor pelo que viu não no PPS, mas nos meus próprios vapts! Num último gesto tento localizá-lo embaixo da mesa, entre os equipamentos, mas, em vão.

Ainda incrédulo com a minha estupidez, passo de novo os olhos pela cortina na esperança de encontrá-lo com vida, devolvê-lo ao seu habitat, e assim me redimir, mas não existiu a quarta chance... 

Há dias atrás, conversando com a minha esposa, lembrava de, há 26 anos passados, quando nos jardins do condomínio, ao cair da tarde, nós e as crianças, víamos dezenas de vagalumes a iluminar, com sua luz verde e intermitente, seus próprios vôos e a nossa crença, herdadas de nossos pais e avós, que vagalumes são bênçãos de Deus.  

             Cleber Coelho, Rio de Janeiro, 17 de abril de 2010.

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21. MÃOS DADAS COM O TEMPO... 

 

CLEBER COELHO, NOSSA ALEGRIA E GRATIDÃO POR ESSE SORRISO.

"A memória, segundo Nordau, é determinada pela fixação de uma gota de sangue nas células cerebrais. Despertada a atenção do indivíduo por um dos sentidos, sobe essa gota de sangue por um filamento nervoso e vai colocar-se na célula correspondente. Mais tarde, toda vez que uma sensação idêntica ferir esse nervo, a memória evocará o fato anterior, de modo que, enquanto essa gota de sangue não secar, restará no cérebro, a lembrança do acontecimento que a determinou". 

Dessa forma, me refiro a essa figura extraordinária, maravilhosa e extremamente amiga, a qual tem na arte de escrever com uma de suas grandes virtudes, e entretendo a todos com sua capacidade intelectual. Assim, será esse filamento nervoso que nos conduzirá a todo o momento, a lembrarmos desse ser humano que vive pela família e pelos amigos, na luta incessante pelo eterno desejo de levar seu sorriso e alegria, indistintamente.

A quinta feira citada abaixo, diz respeito a mais uma de suas intermináveis jornadas com os amigos, deliciando-se com sua preferida Heineken, essa marvadinha, cuja origem nos leva a Bremen, cidade portuária ao norte da Alemanha. Mas, vejam o que essas danadinhas "aprontaram" com o tal de seu filamento nervoso...

"Imagine eu, Clebinho, coroa, já beirando a terceira idade, ou a quarta, sei lá... vá saber o que está na cabeça desses cientistas do IBGE, que dizem em que período da vida, estamos. Você, meu amigo, minha amiga, por conta dessa fotinha que cliquei de mim mesmo, e hoje a chamamos de "selfie", há de decidir por mim. Não acredito nessas convicções do IBGE. Como acreditar? Imagine, fala sério!

Você dividiu uma porção da vida comigo, aprontando por aí, e, questionando a "lei da física", nem vimos o tempo passar, e, aliás, nem sei se passou...fala sério! Essa foto é de hoje, de agorinha, mas, se você buscar nos arquivos das suas fotos comigo, compondo um registros de lembranças, há de ver que nada mudou, fisicamente ou intelectualmente, para mim e para você. Esse é o registro de como estou, embora, já algum tempo distante dos amigos que tornaram fantástico esse show que é a vida. 

Ah, deixo aqui um amplo agradecimento a todos que tornaram felizes os meus dias. E, creiam, meu depoimento, se necessário, lá na frente, diante de São Pedro, que não valia nada, "abre alas que a gente vai passar"!!! Para meus amigos de fé, meus irmãos camaradas, e muitas gentes bonitas, física ou intelectualmente, que tornaram felizes os meus dias. Abro um parêntese para citar; Rô, talvez umas das pessoas mais belas que conheci nesses últimos vinte anos! Beijos, Rô, onde quer que você esteja! Salve! Beijos. 

   Cleber Coelho - Clube Português- Rio de Janeiro, 08 de fevereiro de 2024.

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22. VAL, A ESMERALDA.

- Ah, quando te vi pela primeira vez, confesso, a achei simples, graciosa, pequenininha, mas, charmosa, e o que mais tarde me chamou a atenção, imagine? O corte do seus cabelos, estilo Chanel, estilista de modanos anos 70. Você, menininha na época, creio, nem a conheceu, e tampouco a sua fama, e o inusitado sucesso desse corte, "Chanel", que se fez sucesso, moda, mundo a fora, e detalhe: Chanel, a estilista, era tão pequenina ou menor que você. O corte que inventou e usou por longo tempo, se fez marca mundial, moda, e consistia como ainda se vê, num corte, curtinho, e que, Elis Regina, nossa grande intérprete, usou, e creio, dessa você lembra, admira e curte, não? E detalhe: Elis tinha também seu tamanho físico, o que me faz lembrá-la sempre que a vejo. Bem, essa foi minha primeira impressão, de você, de longe.

Mas, também, de longe, olhos no salão, fui atraído, confesso, pelos seus vestidos ou saias, na maioria das vezes, longos ou longas, brancos, rodados, que se faziam arte... Pois é, Val, você, no salão ou fora dele, me deixaram essas visões, essas lembranças, tudo por conta desse corte de cabelo, e essas vestimentas como suaves "Espumas ao vento". Val, independente de suas performances no salão com Alfeu, Frank, poeta, e cronista que sou, algo a mais alimentava minha curiosidade...:

- Clebinho, quem, de fato é ela?

Claro, a observando, sabia que estava diante de uma mulher, sutil, sentimento inexplicável, e que meu coração, por conta disso, ficava soprando nos meus ouvidos:

- Coração poeticamente sopra, sabia? Clebinho, vai lá, faz contato com ela, tenta! Não é isso que você quer?

- Ah, "coração leviano", claro, mas como, sutilmente, ser notado por ela, e depois, me fingindo de ser mais, me parecer mais?

- Ah, meu véio Clebinho, tu tá me pedindo muito, como se já não tivesse vivido essas emoções que, prá você, hoje, já meio coroa são águas passadas, mas, que ainda te atiçam, né?

- Verdade..., vou te chamar de meu anjo ou meu santo?

- Sinta-se à vontade para me chamar quando precisar, sem adjetivos...

- Ah, que belo presente! Vou te fazer uma confidência, ok?

- Sim, fique à vontade, sou só ouvidos...

- Meu anjinho, meu santo..., desculpe-me, ainda não sei como te chamar, me perdoe, mas, me diz, você acha que a Val vai se sentir retratada nessa crônica, vai gostar?

- Ah, sei lá, as mulheres são encantos, desencantos, mas, olha só, vi o quanto de tempo você dedicou pra descrevê-la, seus encantos, sutilezas, e não foi à toa, né?

- Foi não.

- Então, o que você está esperando? Envia pra ela!

- Ah, meu santinho, meu anjinho, vou fazer isso agora! Val, como prometido, essa crônica só saiu por conta das suas virtudes, e creia, me deu motivos para escrever sempre. Gratíssimo! Salve!

Com todo o meu carinho, respeito e admiração.

Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 20 de janeiro de 2023.

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23. BOM DIA, MÃE NATUREZA!

"Fico encantado com as explosões das cores da natureza". Foi assim que Cleber recebeu os desejos de um bom dia, de seu grande amigo, Frank, cuja portadora era uma belíssima flor. Poderia simplesmente retribuir com outro bom dia. mas, assim não procedeu. Homem com conhecimento pleno da vida e contemporâneo da mocidade, não perdeu ele essa oportunidade, de, perante as gerações novas, explanar sobre o distanciamento cada vez frequente da importância do convívio entre os homens.

 

TURBÉGIA ARBUSTIVA.

 

Dessa forma ele assim se expressou: "Bom dia, frank, meu amigo. É, realmente algo divino, espetacular! Mas, os seres humanos estão cada vez mais se distanciando do amor ao belo, ao próximo, à natureza. guerras insensatas (dinheiro que mataria a fome do mundo), desprezo pelo meio-ambiente que poluem os rios, os mares, matam os marinhos dos quais servimos em nossas mesas, e nos faz provar do próprio veneno que lançamos aos rios e mares, e nos retornam em forma de alimentos contaminados.

O ser humano perdeu o sentido da vida. já não enxerga a beleza das flores, das florestas, das brancas nuvens, de um céu estrelado que a poluição, hoje, nas grandes e pequenas metrópoles, já não é possível ver como quando éramos crianças em nossas aldeias. Hoje, o que ensinamos às novas gerações, nada! Só o vemos tratar do que estão aprendendo e assimilando com uma velocidade absurda!

A TI, a quarta dimensão tecnológica, que os torna, automaticamente, viciados em técnicas que em sua grande imensidão só lhes passam inutilidades, nada de romantismo, nada de amor à natureza, nada de sentar num beiral de escada para, aos finais de tarde, conversar, falar de poesia, da arte de um Vangogh, um Monet, um Di Cavalcante, das modinhas, de antigos boleros, fados, tangos, etc.

Pra minha tristeza, creia, conversando com um jovem craque da tecnologia de TI, em 3 minutos deu um jeito no meu celular. Mas, houve tempo para uma conversa sobre música. Perguntei-lhe se conhecia música de Chico Buarque, não...Elis Regina...não, Tom Jobim...ah, desse ouvi falar. Paguei a conta. Abraços, amigo, somos filhos da "Era de Aquários", tipo de uma lenda que diz: Anos virão, e o mundo será arte em todas as dimensões. Pra mim, essa era começou no final dos anos pós guerra, década de 50, teve seu auge nos anos 60/70 e começou a declinar a partir dos anos 90, e não a viveremos outra vez". Saudações. Bom dia.

  Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 16 de fevereiro de 2024. 

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24. PRESENTE DA VOZINHA.

Recebemos da vozinha da minha nora, há três anos, uma plantinha das tantas que ela cultivava com um carinho ímpar, sendo ela, para nós, uma própria flor pela sua pureza e beleza. A vozinha se foi, a plantinha ficou, cresceu por conta do carinho que recebia de nós a cada dia. 

O tempo passou, e, como filha, a vimos crescer, se estender, e de depente, já adolescente, desabrochar e nos surpreender com sua beleza única. Ela se mostrou a própria vozinha e nos lembrava ela a todo o momento. Cliquei, enquadrei essa foto e enviei para a filha da vozinha que cuidava dela.

 

 AÇUCENA - A LEMBRANÇA IMORREDOURA.

Fatinha nunca se conformou com a perda de sua mãe. Foi uma forma de dizer: Fatinha, veja, olha só! A vozinha está linda, maravilhosa! Nesse dia, diante dessa beleza e de tanto que ela representava para nós, escrevi: "A flor se torna mais bela a quem tem olhos de jardineiro". Beijos, vozinha...Saudades. 

Cleber Coelho -Rio de Janeiro, 19 de fevereiro de 2024.

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25. DANÇA COMIGO?

Quem não assistiu esse filme, essa obra prima do autor Masayuki Suo, e que tem como principais atores, Richard Gere, Jennifer Lopes, Susan Sarandon, John Clark e outros magníficos artistas que tornam esse filme, além do que poderíamos imaginar, sonhar...Confesso, ah que vontade de ser Richard Gere!, detalhe: não porque ele seja bonitão, desejado, um pouquinho mais gato que eu, deu sorte! Mas, pelo o papel, que junto com Jennifer Lopes, Susan, e demais personagens, tornam esse filme simplesmente fantástico.

Depois de assistir a fita, ver o desenrolar da trama que trata de dança, maldice as oportunidades que tive de aprender a dançar e não o fiz...quer dizer, sei um pouquinho, sabe "aqueles passinhos", prá inglês ver? Pois é, meu repertório, para meu desencanto, se limita a isso...Ah, não dá pra narrar o que é assistir, o encanto,o desempenho de todos os artistas, mas, creiam, Richard e Jennifer acendem as nossas fogueiras, desejo de sê-lo, nem que seja, por um breve momento, utópicamente, elegante, sensuais, belos, como eles, ao adentrarem salões e desfilarem suas graças, passeando elegantíssimos ao som de músicas belas que os fazem nos parecer bailar sobre nuvens acima de nossas cabeças, num dia em que nossas mentes só vêm alegrias nos momentos em que nos descolamos raramente, desse nosso mundo real.

A lembrança desse filme que adoro, me acompanha, faz parte do meu eu, apaixonado por música, dança, por arte, porque como nos ensinou Ferreira Gullar, que não canso de citar "A vida sem arte não basta". 

 

 

Clebinho, vem comigo? É Ferreira, meu poeta, que acabo de citar como exemplo de lições de vida que me chama? Sim, sou eu...Desci para te ajudar a finalizar essa sua crônica.

Oxê!, chegou na hora exata, confesso, estava buscando um "the End"...

Escreve aí: "A vida sem arte não basta".

Já escrevi.

Então, mas, um adendo: uma das suas artes, é escrever crônicas, poesias, mas, entenda: graças ao Pai, temos a felicidade de termos à nossa disposição a arte de grandes expoentes como você bem citou, entre tantos, e mais! Nesse caso, por exemplo, você tem, amigos demais que, às "quintas", te levam às essas viagens e o inusitado acontece: eles dançam, e você aplaude, né? É. Nisso você é bom, e imagine, eles vivem de aplausos, principalmente se quem os aplaudem o fazem de pé! E mais! Você é preguiçoso!

Uai, euuu?

Sim, tem perdão não! Veja, Nilcéia, Emília, Val, Alfeu, Frank, Celinho Show, Marcinha, Dininha, Tupy, etc.; todos esses seus amigos já se disporam a te ensinar a bailar, né não...?

Bem, é verdade, mas, te explico; se eu danço, perco a vontade de, ao vê-los dançando, perder o foco da narrativa da próxima crônica, entendeu...? Ferreira...Ferreira...Gullar..., ah, partiu, ficou bravo! Mas, volta!

(Para os meus amigos citados, filho, irmã, sobrinhas, etc., que me incentivam a ficar "inventando").

Cleber Ferreira - Rio de Janeiro, 03 de fevereiro de 2024.

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26. GUERREAR...A INSANIDADE HUMANA.

(GUERREAR É PRECISO, VIVER NÃO É PRECISO). "FERNANDO PESSOA".

 

Ligue a sua TV, e escolha a "guerra que você pode ver sob a nada sutil imposição midiática!" São muitas, flamejantes bolas de fogo serpenteando céus, e fumaças negras denunciando insanudades que alcançam nossos azuis celestes, puros aos nossos olhos, mas, nos indicando de onde partiram, bombas e mísseis que explodiriam em terras ceifando vidas de homens, mulheres, crianças, famílias, destruindo sonhos, esperanças, espalhando rastros de desgraças, de ódio, frutos da podridão humana...Ligue a sua TV, escolha a "guerra" que nos "incitam" ver na tela dos nossos monitores...Elas, adentram nossas casas, invadem nossos corações e paralisam nossas mentes...Inertes, estáticos, robotizados, não choramos porque lágrimas já não há e nossas mentes nada podem...No sofá das nossas salas, olhos perdidos, tentamos fugir das imagens que negras fumaças escondem de nós....O inferno do que somos capazes de criar, fazer acontecer, e mostrar, paradoxalmente, ao mundo, ao vivo e a cores.

O ser humano não se permite ser animal. (Guerrear é preciso)". 

Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 23 de outubro de 2023.

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27. A NOVIÇA REBELDE.

Mariana, a Pipoca, quando está de mal humor, é, por assim dizer, in-su-por-tá-vel! Se a chama de linda, sente-se ofendida e chora! Se a acaricia, ela diz que foi agredida e faz um dramalhão, acreditem! Como minha curiosidade é muita, fui pesquisar na Net as circunstâncias que lhe causam tamanho desconforto emotivo em determinadas situações. Percebi, percebemos todos que a cercam, que o mal humor da Mariana é  mais freqüente nos momentos que antecedem a hora do seu sono, seja diurno, seja noturno.

E não é que esse infeliz transtorno existe e tem inumeráveis trabalhos científicos a seu respeito? Tem até nome. Chama-se: "Transtorno Bipolar", e tem haver com o Sistema Químico Neurológico, etc, etc., etc. Nada de grave. Não pode é passar da hora certa dela dormir, senão: "transtorno bipolar" em cima da gente! Mas, independente desse "transtorno", cientificamente comprovado, Mariana também carrega em seu DNA, como todos nós, os traços da personalidade dos seus ascendentes mais distantes: bisavós, avós e pais.

Só que nela, em determinados momentos, é possível enxergar direitinho e a olho nu o "santo" que está presente. Por exemplo: quando está alegre revela o "lado meigo" e mais presente da avó. Quando se fecha em caracol é possível enxergar o pai e avô carrancudos, porém, donos de generosos corações. Estão rindo de quê? Quando "mandona", revela a convivência com a mãe na escola e resquícios de um tom professoral, próprio da classe. Quando brinca e gargalha, revela toda  a alegria que assimilou da convivência com os primos. Mas, Mariana é muito mais que esse conjunto de valores que herdou geneticamente ou convivendo com todos nós...A danadinha tem a "alma" da "Noviça Rebelde" e, quando menos se espera, ela dá mostra disso. A sutileza do seu pensamento, fino humor e "Tiradas geniais" são traços já visíveis da sua personalidade em formação. Duvidam? Então vejam só. Noite dessas, na minha  casa, Mariana "encheu o saco" de ver filme para dormir, e como não conseguia me procurou e pediu que lhe contasse uma história. Naquela noite não estava muito inspirado, e comecei, mais ou menos assim:

"...Era uma vez, no hotel onde eu e sua vó passávamos férias, havia uma pequena floresta habitada por  leões...Mariana levantou a cabeça do travesseiro, olhou prá mim, assim com cara de desdém e falou: -Vô, hotel com leões? Ah não! e completou, assim com essas palavras, sem tirar nem por: - Vô, tô fora! Fui! Pegou seu travesseiro e foi tentar dormir na sala. Outra: dia desses Mariana ficou de mal comigo, sem motivo. Chegou de cara amarrada e com malcriações, o que eu recriminei.

Tentei mostrar à "mocinha" que aquele comportamento era muito feio. Marianinha, eu não sabia, estava naquele momento por conta desse "Transtorno Bipolar" (uma espécie de TPM infantil) e isso ficou visível na sua reação. Se pudesse, naquele dia, me mandaria para a forca, sem direito a julgamento e último pedido. Furiosa comigo, manteve-se longe de mim o Tempo todo, até a hora de ir embora. E quando foi, sequer olhou para a mim Ainda que a vó lhe pedisse: Dá tchau pro vovô ? Dá um beijo nele? Nada! Foi embora me negando beijos, olhares e sorrisos. Uns quinze dias depois, Mariana volta à nossa casa, alegre e saltitante. A avó, como sempre, a recebeu com beijos e abraços saudosos e disse à ela que o vô estava lá no quarto. Em seguida, pede a ela que vá lá dar um beijinho nele. Mariana fecha o cenho, abaixa a cabeça, pensa e diz: "Sabe o que é vó? "É que eu ainda estou "nervosa" com ele"! Às vezes, quando lembro  desses "causos", fico rindo sozinho. Beijinho do vô, Mariana! Como vai o seu transtorno bipolar?

Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 20 de janeiro de 2006. 

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                   28. SORRIA - (HOMENAGEM A JOÃO NOGUEIRA E ZÉ KATIMBA).
              

João Nogueira, se não me falha a memória, compôs com Zé Katimba, um dos grandes compositores, seja de samba de enredo, e tantos outros classificados, como samba de raiz, de quadra, canção, etc. o samba, "Do jeito que o rei mandou"...A letra é explêndida, a música espetacular, e arte/criação de ambos, tornaram essa melodia, esse samba, uma obra prima...Existe na letra desse samba um apelo, um incentivo, um convite: "sorria", te convidando para sair num bloco, dizendo que vai haver "Carnaval de Verdade" do jeito que o rei mandou...Ah, João, Katimba..., é certo que no tempo dessa criação, havia muito de lúdico, de fantasia, "que os tempos não trazem mas...". João, Katimba, hoje a "banda tá tocando diferente...". No tempo dessa composição, deu prá todo mundo sorrir, ouvi-los, "se mandar atrás de um bloco que desceu prá cidade, prá ver carnaval de verdade, do jeito que o "Rei mandou...". 

Hoje, sabem?, pouco resta do lúdico daquele tempo...Penso, até ignoram o sentido da palavra prá agonia dos que tiveram a oportunidade de vivenciá-la. Hoje, por conta de alegrias minhas, o tempo me lembrou, do quanto lhes devo reverências...E, só prá lembrar, o recado que vocês eternizaram: "Sorria, o samba mata a tristeza da gente...". Grato. Salve!

Sorria! Meu bloco vem, vem, descendo a cidade/Vai haver carnaval de verdade/O samba não se acabou/
Sorria! Que o samba mata a tristeza da gente/Quero ver o meu povo contente/Do jeito que o rei mandou/Bate lata, bate surdo/Agogô e tamborim/Bate fundo no meu peito/Um amor que não tem fim/E pra não cair da escada/Bate o prego, meu senhor/Bate o pé, mas bate tudo/Do jeito que o rei mandou, ô-ô/Sorria! (Sorria!)Meu bloco vem, vem, descendo a cidade/Vai haver carnaval de verdade/O samba não se acabou/Sorria! (Sorria!)/Que o samba mata a tristeza da gente/Quero ver o meu povo contente/Do jeito que o rei mandou/Bate lata, bate surdo/Agogô e tamborim/Bate fundo no meu peito/Um amor que não tem fim/E pra não cair da escada/Bate o prego, meu senhor/Bate o pé, mas bate tudo/Do jeito que o rei mandou, ô-ô/Sorria! (Sorria!)/Meu bloco vem, vem, descendo a cidade/Vai haver carnaval de verdade/O samba não se acabou/Sorria! (Sorria!)/Que o samba mata a tristeza da gente/Quero ver o meu povo contente/Do jeito que o rei mandou/Do jeito que o rei mandou/Do jeito que o rei mandou/Do jeito que o rei mandou/Do jeito que o rei mandou/Do jeito que o rei mandou/Do jeito que o rei mandou/Do jeito que o rei...
(Compositores: Zé Katimba e João Nogueira).
 

Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 06 de junho de 2023.

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29. A MÃO DE DEUS.

Para meu querido neto Janjão.

Tenho profunda admiração pelas coisas do Universo. Aprendi com a imensidão do infinito a desconfiar dos valores que nos foram impingidos pelas ciências. O tempo não existe, mas, a matemática nos ensina que o dia tem 24 horas, a hora 60 minutos, o minuto 60 segundos, o mês 30 dias, o ano 12 meses....

São esses limites que nos ensinam, e ao mesmo tempo nos tornam ignorantes. Como viver hoje sem esses valores, sem essas medidas? Imagine-se dentro de uma nave voando pelo espaço interestelar onde a luz inexiste e a escuridão exterior impera...Imagine-se nessa nave, sem relógio, calendário ou qualquer coisa que lhe lembre medidas de tempo, espaço ou distância...Imagine a reação do seu cérebro. Imagine como ele se comportaria sem esses limites...Imagine seus olhos avistando, nessa viagem pelo infinito, estrelas, galáxias, buracos negros, cometas...Não tem dia, não tem  hora, não tem ano, não tem tempo. O tempo inexiste..., a distância inexiste...Apenas uma viagem sem fim...

Estava acessando imagens de estrelas, planetas, etc. no meu computador, quando o meu neto João Victor, o Janjão, resolveu acompanhar-me nessa viagem. Estivemos em Marte, nos anéis de Saturno, nas luas de Júpiter e ficamos lá de cima olhando a Terra azul, envolta em brancas nuvens, livre e solta, incrivelmente solta na imensidão do Universo. Mas, na imagem da tela, a base da Terra não se via.

 

             

                                                                                            MARTE                                                                                                            SATURNO                                                                                                      JÚPITER

 

 

Janjão então me pediu: "Vô, vô, sobe, sobe que eu quero ver a mão de Deus segurando ela"! Do vô Cleber.

Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 10 de dezembro de 2004.

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30. ORAÇÃO.

 

 

Senhor, O que faço com esses sessenta e dois anos que me destes? E com mais este?Porventura não esquecestes de creditá-los, em parte, à existência de outrem?Senhor, bem sei que sou merecedor dessa dádiva, mas, se já possuo tantos, por que não me concedes o direito de ofertá-los, em parte, a quem menos tem? Senhor, Janjão, meu neto, que tem dez anos quer ter onze. A Fefê, Senhor, tem nove e quer ter dez. A Pipoca que tem oito quer ter nove e até o Gabriel que tem quatro, quer ter cinco...Senhor, atendei o justo anseio dessas crianças. Dai-me a graça de poder conceder a eles essa pequena parte dos anos que cobram de ti. Amém. Para os meus netos. Vô Cleber.

Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 22 de novembro de 2007.

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31. SUELI, SHIRLEI, E O SAPO,

 

Corriam os anos das décadas de 50/60, penso, as melhores décadas, as quais vivemos: eu, e familiares num local que hoje chamo de "Nossa Aldeia...". Agora, do alto dos meus setenta e oito anos, me atrevo a escrever passagens vivenciadas nessas décadas. É natural que tenha colhido historinhas que, por força da minha memória, e instinto, sabia serem importantes, não só pelas lembranças comuns aos que as vivenciaram comigo, como, por exemplo, minhas primas Sueli, a Sií, e Shirlei, a Shirloca, que, embora pudessem não gostar de seus apelidos tiveram eles "colados" às suas identidades...Sií, a mais quietinha, sonhadora, um dia nos contou uma história inverossímel, mas que ela, mais tarde, continuou afirmando como verdadeira...Shirloca, já identificada acima, passadas tantas décadas, talvez nem se recorde...Como antecipei, éramos crianças, e, no caminho de ida e volta prá escola, em determinado ponto, vínhamos beirando um riacho cujas margens eram revestidas de gramas, flores do campo de incontidas cores, feitios, belezas e perfumes...

De tão aconchegante, nos perdíamos naquele trecho ribeirinho, hora descalços, banhando nossos pés, hora aprontando, como fazem as crianças, molhando os colegas desprevenidos...E foi num desses dias que Sueli voltando prá casa, achou por bem vir sozinha pela margem do riacho que tanto apreciava pela beleza dos jardins e flores que amava, e tratava de cuidar, e às vezes, colher algumas para presentear a mãe, a professora...Poeta, como às vezes sou visto, um dia me veio à mente...: "As flores se tornam mais belas à quem tem olhos de jardineiro". E quanta verdade encerra essa frase, um poema ao meu ver... "Nós somos aquilo que amamos...".

Sií, segundo ela, passando pelas margens do riacho, de volta prá casa, sozinha, num determinado dia, extasiada com tantas belezas que não cansava de apreciar, ouviu...Psíuuu, menina? Voltou seus olhos e nada viu..., de novo! Psíuuu, menina? Sií, curiosa, ouvidos atentos, concluiu que não era fantasia, ilusão passageira da sua mente...Ao terceiro psíuuu, voltou resoluta, na certeza de que ouvira uma voz...Seu instinto a encaminhou para o ponto de onde ouvira os psíusss! Escrafunchando entre as plantas, encontrou um sapo assustado, por descoberto, que lhe disse...Oi? Sií incrédula, arrepiada até os pés, respondeu: Oi?, como se estivesse diante de um ET!...O sapo, se recobrou mais rápido, e lhe disse: Sií, eu sou um príncipe, basta um beijo seu prá me tornar um príncipe visível, para o seu encanto...!? 

 

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32. MENININHA.

Gosto desse adjetivo, principalmente quando me vem à mente a vontade de escrever uma crônica prá falar exatamente de uma menininha. Do ponto de vista dela, creiam, ao ler o que digo, vai me dizer...- "Meu senhor", como minha neta costuma me tratar quando o papo é hilário"...,- Já não sou uma menininha, não deu prá perceber não...?". Mas, vem comigo! Como dar razão a ela se o "Criador" hoje me dá o dobro da idade dela? Menininha e pronto!

Bem, ela se vê como uma mulher adulta, e é: linda, simpática, charmosa, um avião, como se diz, mas que não baixa em qualquer aeroporto não...E mais: os seus valores vão além desses seus predicados...Como descobri? Vem comigo, vou contar só pra você...Pelo tempo que nos conhecemos a trato como sobrinha, e, às vezes, tenho essa certeza, até porque a afinidade entre nós é maior, principalmente em se tratando das afinidades que temos em relação às artes, como música, poesia, crônicas..., essa imensa vontade de fazer os nossos sonhos, fantasias, caberem nas palavras que nossas mentes nos dizem serem as mais elevadas para nossas narrativas... 

Na feira da Taquara, às quintas, o bar do Waltinho abre só prá gente, onde, durante e pós feira, nos reunimos para falar das boas coisas da vida, como já adiantei: música, poesia, até da "vida alheia", mas nesse caso, só em reverência ao "Zeca" que merece essa licença...! Prá gente, botequim é sagrado! Nada de falar do ex, essas coisas que, combinamos, fica bem num papo entre você, e só você e o seu padre...

Dia desses, pós feira, cantarolando no bar do Valtinho, ela "a menininha", nos surpreendeu: pediu tempo prá cantar uma música que lembrou ouvir na casa de sua mãe, creio, quando criança...Ouvidos atentos, ouvimos: "Vestida de noiva, com véu e grinalda/Lá vai Esmeralda casar na Igreja/Deus queira que os anjos não cantem pra ela/E lá na capela seu vigário não esteja...Caramba!, gelei!...Essa música, lembro, interpretada por Carlos José, era hino, nos anos 50, quando eu, ainda criança...Como essa moleca, nascida, imagina, nos anos 70 conhecia, verso por verso dessa música...?

E a sua voz, no timbre daquele tempos...? Ah, vocês perderam, essas e outras, dos velhos e novos tempos, interpretadas por ela...Por conta dessa fantasia, esses momentos incomuns, mágico, ela, acreditem, cantou música de sua autoria e citou versos da sua lavra..., Grata surpresa! Quem é essa menininha, essa mulher que faz suas músicas, seus versos, e, em forma de poesias, crônicas nos dizem tanto...? Quem é ela?. Palavras dela que guardei, mentalizei e, hoje, reescrevo, com um adendo: é a interpretação minha do que suas palavras e pensamentos me disseram...

"Ela: "bom dia meus amigos", e, por afinidade, meu tio aqui presente, dizer "que me conheçam mais!"...O dia, hoje, e meu coração me pediram prá falar, muiiito das músicas que gosto. "Por isso digo que danço conforme a música. Hoje, agitada com um (axé)..., de repente, a calmaria de uma valsa de (Chopin), que, por vezes, nem tão calma me traz...Alguma, prefiro ouvir, ficar sentada e deixar passar...Melhor escutar que dançar, como "Nossos Pais" e filhos de Elis Regina. Consigo sentir a música, e me vejo parte dos meus versos dentro dela, e o passado vem a tona...Choro, choro de muitas saudades...Muitas! Danço sem vontade, "..."dois prá lá dois pra cá"...Me sinto uma boneca, mesmo que seja de "trapo" (Nelson Gonçalves), mas logo me ponho prá cima, com músicas que, meu tio, meus queridos amigos, me pedem prá cantar, e dizem que "elas" sou eu...

Prá minha querida sobrinha, é desse jeito que te vejo, te amo. No dia de São Jorge, 23.04.2023!

Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 23 de abril de 2023.

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33. CONVERSANDO COM LENINHA...

(UM PAPO-CABEÇA COM A MINHA NETINHA).

 

A RECÉM NASCIDA HELENA, A HELENINHA PARA OS AVÓS ILZA E CLEBER.

 

 

                      

                                     CHARME E SORRISO MEIGOS!                                                               ENTRE A  ELEGÂNCIA E A ALEGRIA.

 

Olha que coisinha "Mais linda, mais cheia de graça", de vestidinho, customizado, melancia, uva, laranjinha, tá na foto..., batom de mocinha que ainda não é...

- Vô, olha só eu, já sou uma mocinha sim, sabia?

-Ah, é mesmo?, tá bom, esqueci, desculpa, se é assim, então pode. Sabe, Leninha, você pode muuuuito!

- Ah, vô, sei que posso muuuuito, por exemplo...

- Por exemplo o quê?

- Que você, meus pais, vós, vos, tios, tias, bisos, bisas, já percebi...

- Percebeu o quê, Leninha, fala!

- Ué, que sou o xodó de todo o muuuundo!

 

                                                                           PARA A ALEGRIA DO BISA, VÔ OU VÔ.2                                              VÓ ILZA EM UM MOMENTO DE FELICIDADE.

 

- Isso é verdade, Leninha, ninguém consegue resistir ao seu charme de menininha, seu sorriso meigo, seu jeitinho de falar, esses seus olhares travessos de sapeca que você é!

- Vô, menininha de novo?

- Ah, minha netinha, o vô esquece; a minha memória, sabe, nem se compara à sua...

- Tô vendo, "biso".

- O quê, repete?!

- Biso.

- Leninha, nãoooo, você esquece que sou avô de seu pai, esquece? Então sou seu vô duas vezes, tá bom?!, e tem mais! Você só me chama de vô, é mentira minha?

- Não biso, quer dizer, vô.2.

- Vô 2, é?!

- É.

- Ah, não, Leninha, não aceito, você falando assim me deixa triste, muito triste...Leninha?

- Que é biso, quer dizer, vô.2?!

- Paaaara, Leninha, tô falando sério, me escuta, te disse que sou vô duas vezes porque primeiro fui vô de seu pai, agora sou seu vô, também, por isso, vô duas vezes, porque você é filha dele, entendeu?

- Vô.2, nãoooo!

- Leninha, até parece que sou versão atualizada de qualquer coisa dessa sua geração, ponto 1, ponto 2, ponto isso, ponto aquilo...gostei não... Olha só, Leninha, vamos combinar o seguinte: você continua me chamando de vô, e eu esqueço que você é uma menininha e espalho prá todo o mundo que eu tenho uma netinha, já mocinha, linda, tá bom assim...?

-Vou pensar...

- Pensar..., a é? Vai pensar, é isso mesmo? Olha só: então vou contar prá sua mãe as coisas que você apronta quando vem na minha casa, por exemplo: esconde coisas tipo: canetas, bijuterias da vó, ah, enrosca meus clips todos, bota lápis dentro de minha impressora prá fazer cópia, consome minhas folhas A4 aos montes, e tem mais! Só usa um lado das folhas, até parece que cada desenho é uma arte..., quer dizer, é!

 UM RETRATO DE VÓ ILZA, DE BARBA E BIGODE.

 

E na geladeira, você se pendura, quase nos mata do coração...E, mais, ainda hoje, já mocinha, espera a vó se distrair prá pegar as guloseimas, meter o dedinho no pote de manteiga, e tem mais! 

- Ao chegar: vó, fez minha gelatina?, comprou a de morango?, comprou meus  iogurtes, aquele que não têm lactose? Esses, vó, você sabe, né,?, não posso consumir... 

- Leninha, consumir ou beber...?

_ Ah, vó, fala sério...Beber, é da sua época mas, hoje consumir tá na moda, agora é assim..., por exemplo, outro dia fui com minha mãe num restaurante chic, e o garçon perguntou à minha mãe: a senhora e mocinha vão consumir alguma bebida antes do almoço,? Viu, hoje é assim...

- Sim, Leninha, mas as guloseimas que você "guardava" na sua mochila, era prá quê? Beber ou consumir...?

- Vó, não lembro de nada disso...

- Eu lembro, mocinha, e não faz muito tempo não...Você escondia na sua mochila..., vai negar, mocinha?

- Vó, não lembro não, sério, gostava de brincar de esconder as coisas, coisas de criança, né?

- Uai, mas você disse agorinha que não é mais criança...? Vó, vô (biso, Vô. 2), não sou, já disse: sou uma mocinha...

- Leninha, psiuuuu! Olha nos meus olhos, não mente! Por quê você pintou o retrato da vó com barba, me diz?

- Vô, baixa aqui..., vou falar baixinho no seu no seu ouvido, tá?

- Tá. Conta.

- É que vi uns três pelinhos de baixo do nariz dela onde o homem tem bigode...

- Leninha, um dia vou te explicar isso, mas você podia pintar só os três pelinhos, né? 

- É, vô, mas fui botando pelinhos e ficou assim...

- Assim, como Leninha?

- Ué, como no desenho, você não viu?

- Vi, o nome desses pelinhos, nas mulheres, se chama buço, e as mulheres portuguesas, filhas ou netas, costumam herdar essas particularidades genéticas, ou seja: também nascer com buços, esses pelinhos que você viu, desenhou e carregou na tinta, quer dizer, pôs pelos de mais no retrato que você fez da sua vó.

Essa crônica conta muito do nosso relacionamento real e mais que afetivo com a nossa netinha, Helena, para nós, a "Heleninha", e com seu pai, João, meu neto, sua mãe Bárbara, Joelma, sua vó materna, que ela carinhosamente chama de "Coroca", seu 

COM UM ANINHO DE VIDA, NO PESCOÇO DO PAPAI.

 

tio, Daniel, que a tem sob seus cuidados, como sua filha, espiritualmente, e de coração, Ah, Leninha, hoje, como nos diz versos de "Caetano" não vai entender nada do que "hoje" eu digo", mas, foi a forma lúdica de passar essa mensagem que, acredito, você vai adorar, ao ler no seu futuro que já vem vindo, e, de repente, como faz parte, serei uma estrelinha. Vô, Beijos.

Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 2024.

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34. HISTÓRIA PARA NÃO ESQUECER. 

Mariana, minha neta, me conferiu o título de “O Melhor Contador de História". Nesse particular, desdenhou das histórias contadas pela mãe, avós, pai, professoras, etc. Prá ela, nesse quesito, sou nota dez disparado! Na lista dela nem segundo lugar tem. A bem da verdade devo dizer que também levou uma surra quando se trata de outros predicados. Por exemplo: brigadeiro, leitinho quente com Nescau, passeios de carro, festas, shoppings, praia, etc., perco disparado prá todo mundo, avós, pai e mãe. Faço ainda algum sucesso com DVDs infantis e brinquedinhos que sempre compro prá ela na feira. Mas o que importa nessa história é o título a mim conferido: “O Melhor Contador de História". Se eu fiquei feliz? Claro! Muito! Mas ela ao me conferir esse título me trouxe grande responsabilidade. Agora, prá me manter no alto do podium, preciso ter sempre uma magnífica história na ponta da língua para contar sempre que a senhora princesa desejar ouvir. Um detalhe: não serve história de Branca de Neve, Chapeuzinho Vermelho, Gata Borralheira, nada disso! Tem que ser inventada na hora com todos os recursos de criatividade, dramaticidade, esperteza, bondade, maldade, lições de vida, etc. Enfim, todos esses elementos que, de repente, fazem uma criança se transportar para um mundo de fantasias. Como saber quando acontece esse milagre? É fácil. Vá contando a sua história e, de vez enquanto, olhe nos olhos da sua criança. Se ele (os olhos dela) estiverem curiosos e rindo, sutil ou alegremente, é sinal de que você está no caminho certo. Mas não é só isso, você estará mais perto do sucesso quando ela (a criança) começar a se "intrometer” na história, dar pitaco, acrescentar detalhes, etc. Na verdade, a bela e magnífica história tem que vir da criança que está em você e que não se perdeu ao longo dos anos. É uma viagem, um voo cego por um mundo fantástico onde se pode tudo. Voar! É isso! Voar! Deixe a sua mente voar, navegar por um mundo fantástico que está guardado numa caixinha do seu passado. É só abrir.

Às vezes, ao final de uma história, me pego rindo e dizendo prá mim mesmo: como é que você, assim do nada, conseguiu inventar essa história e ela ter gostado tanto? Como dizia D. Milu: “Mistério..." 

Não faz uma semana, Mariana teve alta do hospital onde esteve internada para tratamento e, no retorno, foi nos visitar. Fiquei feliz de vê-la recuperada e com duas pequeninas bochechas (ela tem o rosto magrinho), o que demonstrava que a sua recuperação foi muito boa.

Depois de conversamos sobre remédios, tratamento, enfermeiras, etc., Mariana pediu-me para contar uma história. Preciso dizer que às vezes me sinto muito a vontade para começar uma história que, como disse, nasce da nossa necessidade de, de vez enquanto, abrir a caixinha de fantasias guardada em nossos corações, ou nossas mentes? Às vezes não. Quando você está fragilizado dando muita importância aos problemas e a vida, a coisa não acontece, a história não sai. Eu vejo sempre nisso uma lição. Uma voz lá do subconsciente vem e sopra no meu ouvido: - Que pena, você perdeu mais uma oportunidade de ser você mesmo, de ser aquilo que você quer ser de verdade... Então eu fico triste, aliás, fico triste e amargurado, sempre que me deixo apequenar pelos aborrecimentos do cotidiano e que sei influenciam diretamente o meu comportamento e acredito no de todos nós.

Bem, voltando ao assunto: Mariana deitou-se ao meu lado na cama, viu um DVD infantil que eu comprei pensando na sua volta do hospital, e, ao término do filme, me pediu:

- Vô conta uma história?

- A pedido, aí vai a história que inventei para Mariana e que no final me disse: Vô gostei muito dessa história, “guarda pra não esquecer e me contar de novo”. “Gostei muito, meus coleguinhas da escola também" iam" gostar e rir da sua cara”! Mereço!

“A muitos anos atrás, eu trabalhava numa firma e sempre tinha que viajar para várias cidades fazendo negócios com os comerciantes, vendendo isso e aquilo; cidades pequenas e grandes e que ficavam às vezes longe, às vezes perto de casa. Viajava muito! Certo dia fui parar numa cidade bem pequenininha e me hospedei num hotel, também pequeninho. A cidade de tão pequena só tinha uma rua principal (você sabe o que é principal Mariana?). Depois de tratar dos assuntos de trabalho, resolvi dar uma volta pela cidade, quer dizer, pela rua principal, e notei que do lado direito havia um bonito parque onde as crianças se divertiam a valer. Nesse parque havia roda gigante... (qual é mesmo o nome daquele brinquedo que gira Mariana?

- É cavalinho vô!

Você advinha os outros brinquedos que tinha lá?

- Adivinho vô. Parque tem isso..., isso..., isso...).

Assim a gente foi construindo a história. Do lado esquerdo da rua havia um pequeno zoológico onde habitavam macaquinhos, lobos, onças...(Mariana, você já foi ao zoológico? Que bichos eu estou esquecendo de dizer e que existem lá?

- Girafa vô, Elefante, Tamanduá...).

Pois é isso mesmo! Mariana sabe de uma coisa que me deixou triste lá no zoológico? - O que foi vô?  Eu vi que os bichinhos não estavam felizes. Eles olhavam toda hora para o outro lado da rua e então eu percebi que a tristeza deles era porque estavam presos e por isso não podiam brincar no parque e nem sentir a alegria das crianças que ali estavam se divertindo. Muito triste, não?

– É vô...

Mariana, voltei para o hotel, mas não consegui dormir só pensando num jeito de levar os macaquinhos e os outros bichinhos para brincar lá. Eles iriam adorar, você não acha? Então, pensando, pensando, eu encontrei a solução. Já sei! Percebi que a cidadezinha era sossegada, não havia violência nem roubos e somente um guarda para vigiar a cidade, e esse guarda só passava naquela rua no fim da tarde, a meia-noite e depois só quando o dia ia amanhecendo. Outra coisa: nem no parque, nem no jardim zoológico tinha vigia. Então, Mariana, eu fiz o seguinte: quando as pessoas já tinham ido dormir e não estava na hora do guarda passar, eu fui devagarinho até o parque, abri os cadeados dos brinquedos, acendi as luzes, liguei as máquinas, mas tive o cuidado de botar os brinquedos girando bem devagarzinho e no maior silêncio para não acordar as pessoas. Depois de ter certeza que não estava na hora do guarda passar, atravessei a rua fui até o zoológico onde os bichinhos me olharam curiosos e até pareciam que já sabiam que aquele seria o dia (noite) de diversão só para eles. Pularam e gritavam de tanta alegria. Foi preciso eu fazer psiuuu bem forte e cara feia várias vezes para eles entenderem que com barulho não ia dar nada certo. Ora, com aquela algazarra as pessoas poderiam acordar, chamar o guarda, e aí, nada de parque nem brincadeira, né, Mariana? Depois que eles entenderam que era preciso silêncio, eu abri as trancas das jaulas e casinholas dos animais e falei para o macaquinho, o mais assanhado, que ele seria o "chefe da turma" na ida e volta ao parque. E assim foi. Silenciosamente, sempre olhando para os lados, atravessamos a rua e pronto! Lá estavam todos diante daquela maravilha! Luzes! Carrossel, Roda Gigante! O macaquinho, Mariana, que eu coloquei como o chefe da turma, foi o primeiro a largar os amiguinhos, subir aos pulos na roda gigante e ficar lá de cima fazendo acrobacias e o que é pior: gritando! gritando! Deus do céu, Mariana, esse infeliz vai estragar tudo, ou melhor, já estragou! Olha só para o início da rua, o guarda já vem vindo! Rapidamente chamei o Leão, já que ele é o Rei dos Animais, e pedi-lhe que fizesse o macaquinho ficar quieto e, se fosse necessário, colocá-lo de castigo. Não foi preciso, o macaquinho entendeu que se o guarda visse o parque aceso e funcionando àquela hora, a brincadeira que mal começara iria acabar ali mesmo. Todos acharam rapidamente um esconderijo, desliguei as máquinas, apaguei as luzes e ficamos quietinhos. Mas o guarda me viu e perguntou o que eu fazia ali àquela hora. Disse a ele que estava com vontade de fazer xixi e fui ao banheirinho do parque. Ele não acreditou muito não e disse pra mim que lá de longe viu as luzes do parque acesa. Então eu disse a ele que tive a mesma impressão e que alguma “assombração” deveria ter acendido as luzes. Você sabe o que é assombração Mariana?

– Sei vô, mas só tenho medo das grandes!

Aí, o guarda medroso, disfarçou, saiu devagarinho e depois desapareceu correndo até o fim da rua. Sorte nossa e dos bichinhos, né Mariana, que ele tenha medo de assombração...ufa! Passado algum tempo, acendi as luzes de novo, liguei as máquinas e aí sim todos puderam brincar à vontade. Pena que brincar é bom fazendo barulho, mas ali não dava, né? Já pensou acordar alguém e acabar com a brincadeira? Já pensou? Nem pensar!

Já era madrugada, achei que todos os bichinhos já estavam satisfeitos e resolvi que estava na hora de encerrar o passeio, e aí começaram os problemas: o macaquinho não queria descer da roda gigante de jeito nenhum, o Tamanduá disse que nunca tinha andado de cavalinho e queria dar mais voltinhas, a Girafa, pegando o ventinho da roda gigante perto do seu nariz também fez cara feia (acho que ela pensou que era um ventilador...) e fingiu que não ouviu; cada um tinha um motivo prá querer ficar mais um pouquinho.

Combinei então o seguinte: dez minutos para brincar correr e pular e nem mais um minuto! Meu pai fazia assim comigo e dava certo. O seu faz assim também Mariana? Graças a Deus os danadinhos cumpriram a promessa. Passados os dez minutos, o Leão já tinha colocado todos enfileiradinhos para regressar do passeio..., mas, esperem!? Aquele que lá vem vindo não é o guarda? Puxa, é ele mesmo! Minha nossa! Desliguei as máquinas e apaguei as luzes correndo, enquanto os bichinhos, já debaixo da escuridão, atravessaram a rua e foram para as suas respectivas jaulas se aninhar nas suas caminhas, sujos, suados, mas felizes...O guarda veio andando, andando, receoso, mas fingindo coragem, chegou perto de mim e perguntou o que eu estava fazendo ali de novo. Disse a ele que lá do hotel onde eu estava hospedado vi as luzes do parque acesa e vim ver o que era e perguntei a ele: Seu guarda será que é  “assombração” de novo? E tem mais seu guarda: passei lá no zoológico e as jaulas dos animais estão todas abertas, ouviu bem? Todas, e dever ser coisa dessa “assombração”! O guarda de branco ficou amarelo e tremendo de medo me perguntou: a do Leão também...? Sim seu guarda, a do Leão, a da Onça, a do Tigre, vai lá dar uma olhada!

O guarda com medo da assombração e dos “ferozes” animais, partiu em disparada, rezando todas as rezas que sabia: Ai minha Nossa Senhora! Socorrei-me meu São Jorge! Proteja-me meu Jesus Cristo! Eu saí dali rindo, fui ao zoológico fechar as jaulas dos bichos que tinham ficadas abertas, porque senão todo mundo ia ficar desconfiado e com medo. Como explicar de manhã as jaulas abertas? O Guarda no dia seguinte contava pra todo mundo a história da assombração que acendeu as luzes do parque de madrugada e que abriu a jaula das feras! Mas ninguém acreditou nele. Afinal de contas, ninguém acordou e viu as luzes do parque acesa a noite e tampouco se as jaulas dos " bichinhos" de manhã estavam abertas.

Depois, Mariana, no dia seguinte, fui até ao zoológico para ver os bichinhos e então eu ouvi uma menininha dizendo para a sua coleguinha: Alice veja só como os bichinhos estão tão alegres hoje!  Aí, eu olhei para o macaquinho, ele olhou prá mim e piscou o olho como quisesse me dizer: Valeu vô, foi muito bom o passeio no parque! Sabe Mariana, faz tanto tempo que estive nessa cidade que nem sei mais como voltar lá...Mas isso não é importante... O importante é que os bichinhos se divertiram como crianças de verdade!...Vamos dormir? Vô Cleber. Fre, não sei se tive tempo para contar histórias para você e o Guto, não sei.O pai.                       

Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 20 de maio de 2007.

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35. GOSTO DE VACA.

 

Janjão, meu neto primogênito, de quinze em quinze dias, quase regularmente, passa os sábados e domingos comigo e a vó Ilza. Antes, aos domingos, quando eu ia a feira sozinho,trazia prá ele brinquedos que comprava nas barraquinhas de lá. Janjão, entretanto, começou a insistir prá ir à feira comigo. Claro! Na feira ele próprio escolheria os brinquedos que lhe interessasse, não os que eu compraria.

Foi assim que ele passou a ser o meu fiel e constante companheiro nas idas à feira da Praça Seca...Certo dia, Janjão, para me explicar onde ficava a barraca de brinquedo preferida, disse o seguinte:

- Vô, fica perto do "Gosto de vaca!”.

Contive o riso e tentei saber dele o que era exatamente o "gosto de vaca". Ele tentou me explicar e eu não entendi. Tentei de novo e ele simplesmente não quis, mais falar sobre o "gosto de vaca".

Um dia, conversando com gustavo, meu filho e pai do Janjão, falei sobre o tal "gosto de vaca" que ele mencionara. Gustavo lembrou que também com ele, Janjão falara sobre o "gosto de vaca”, mas não conseguiu descobrir o que era. Mistério...Combinei com Janjão que na próxima ida a feira ele me mostraria o "gosto de vaca". Janjão concordou. domingo seguinte fomos à feira e eu já não aguentava mais de tanta curiosidade. Afinal de contas, o que seria o tal "gosto de vaca?”.

Em frente à segunda barraca, à esquerda, na rua da feira, Janjão parou, apontou e disse:

- Vô é aqui o "gosto de vaca!”.

Pois é, você também está curioso (a). Para saber o que é o "gosto de vaca?”. quer saber? Pegue o Janjão, leve-o até a feira e pergunte a ele o que é o "gosto de vaca". Com certeza ele vai lhe mostrar e, naturalmente, cobrar de você um brinquedo. Afinal de contas, se você pensa que ele foi a feira só para satisfazer a minha (sua) curiosidade, está muito enganado (a)!

P.S. A história é verdadeira e até hoje Janjão, quando solicitado, me mostra na feira o que é o "gosto de vaca". Fonte de inspiração? Ora, Janjão!

Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 02 de abril de 2003.

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36. EU TE AJUDAREI.

 

Se o teu coração se entristecer, vinde a mim, Eu te ajudarei. Se forças te faltarem para seguir em frente, não tema, Eu te ajudarei. Se a descrença habitar o teu coração, estende tuas mãos aos céus, Eu te ajudarei. Se descrente de Mim e do Pai blasfemares, ainda assim Eu te perdoarei, ainda assim Eu te ajudarei. Por amor a ti, bebi o fel da insana maldade, fui açoitado e crucificado. Por amor a ti pesou sobre minha cabeça coroa de espinhos e cravos transpassaram as minhas mãos. Filho, no dia da tua angústia, não tema, antes confia. "Clama pelo meu nome e Eu te ajudarei “. Eu sou aquele que “acalma as ondas do mar”, aplaca a ira dos homens e o gênio do mal" Eu sou, filho, aquele que o Pai sacrificou para te salvar. Eu sou Jesus!

Nota: Tinha, há muitos anos, prometido ao meu irmão Marcos uma letra para um hino e não cumpri. Tinha prometido a Deus um hino quando a minha neta Fernandinha me chamasse de vovô, e não cumpri. Cumpro agora a minha promessa, agradecendo a Deus as graças alcançadas e pedindo a ÊLE que continue guiando os nossos passos e nos guardando de todos os males.

Esse hino (que Marcos vai colocar melodia) também dedico à nossa mãe pelo tamanho da sua fé, grandeza de coração e pelas palavras, conselhos e exemplos que de alguma forma sempre nortearam os rumos de nossas vidas. Parabéns mãe! Cleber, filhos, irmãos, irmãs, netos, bisnetos, sobrinhos, primos, genros, noras,  amigos, vizinhos, admiradores, etc...... Até agosto de 2004! Beijo de todos.

Nota:  Mamãe faleceu em outubro de 2003.

Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 21 de agosto de 2003.

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37. PORTELA.

 

Cantada em verso e prosa por gerações e mais gerações de sambistas e admiradores, a Portela continua, na sua Santa Magia, de arrebanhar discípulos, Que velho ou jovem, curvam-se ante a passagem de sua bandeira, assumindo nesse sagrado momento, com um beijo no seu pavilhão, o compromisso de amá-la por todo sempre...A Portela, preciso avisar, usa de todos os artifícios para torná-lo (a) presa da sua magia, por isso, quando for à Portela muito cuidado, Principalmente se o seu coração se veste de outras cores, que não o azul e branco. Quando você menos espera, lá vem um monumento negro, ou de outras matizes, sorriso escancarado e bailando com a sutileza de uma Ana Botafogo. Você, alegre coitado, já prisioneiro dessa magia, se entrega à dança e sonha ser um Mestre Sala ou Porta Bandeira da Azul e Branco, no esplendor da Sapucaí.

"...É A DEUSA DO SAMBA, O PASSADO REVELA, E TEM A VELHA GUARDA COMO SENTINELA..."

 

Ali, crianças e jovens na plenitude das suas inocências, ensaiam os seus primeiros passos que um dia serão consagrados na avenida. Lá não se vê velhos, idosos, anciãos. Se divisar, creia: é miragem que seus olhos, pouco acostumados às fantasias de um terreiro enxergam. Duvidando, olhe nos olhos de um deles. Dentro você vai encontrar essa criança, essa magia, essa fantasia. E quando isso acontecer, é sinal de que o vírus da Azul e Branco já estará correndo em suas veias.

Cleber Coelho  - Rio de Janeiro, 21 de janeiro de 2011.   

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38. JOÃO VICTOR (NETO) E SEUS AMIGUINHOS.

Da imensa escuridão do fundo do Universo, Surgem as mais estranhas criaturas que os nossos olhos jamais puderam ver! Crianças escondam-se! Fujam. Não ousem olhar para trás! Fora! Fora! Corram!

- Ô vô?

- Qui é, João Victor? Por que você não está fugindo dessas criaturas?

- Ô vô?  Ô vô, olha só?

 O que foi?

- Ô vô, você não conhece o Pokemon não? Não conhece não? O Pokemon é esse aí e os outros são da família dele: O Digimon, o Giromon, o Dragomon...Não tem criatura estranha nenhuma!

Mas..., mas..., se eles te pegarem? O que vão fazer contigo?

-Ô vô, pára, pára, pára! Vô, eles são meus amigos, eles não vão me pegar. &@#*?& !

Janjão, acho que esse aí pintado de verde e orelha em pé falou palavrão!

- Ô vô ele não tá pintado, ele está vestido e não falou palavrão nenhum! Ele falou o meu nome!

Caramba! E qual é o nome dele?

O nome dele é Dragomon e se escreve assim, ó: ! #@?$$~|_*""$ ##& 

E quem lhe ensinou escrever o nome dele se você ainda nem aprendeu a escrever o seu?

- Ninguém, ninguém!  O nome dele é só rabiscos, bolinhas e tracinhos. O meu tem letras que é difícil de fazer, entendeu?

Entendi? Rabiscos, bolinhas e tracinhos?

- É vô, é!

- Você já foi a casa deles, Janjão?

- AHHH!  O Vô, O vô, você não sabe que eles são de mentirinha? Não sabe não? 

Não sei não, pensava que eles tivessem casa e morassem lá longe, depois das estrelas, no fundo do Universo.

- U-ni-ver-so? Que qui é isso vô?

É como eu te disse, o lugar onde ficam as estrelas, a Lua, o Sol, a Terra, a minha casa, a sua casa...

- A Minha casa não vô, a minha casa fica na Fre-gue-sia!   Fre-gue-sia! Tá bom Janjão, Tá bom! Janjão?

- Qui é vô? 

Tava pensando sabe o quê? Dar comida prá eles...  Aquele ali, coitadinho, já tá roxo de fome! Talvez uma banana e um guaraná fossem fazer bem a ele...

- Vô, quer matar os meus amigos?! Quer?

  Ué, Janjão, claro que não. Só queria matar a fome dele!

- Com banana, vô? Com guaraná? Ah vô, assim não aguento!

Tá bem, Janjão, tá bem! Mas essas coisinhas aí não comem nada não?

- É claro né vô! Mas a comida deles não tem aqui, só na casa deles e eles só comem quando tão em casa!

Ah...entendi! E a comida deles você sabe o que é?

- Vô, já falei que a comida deles não tem aqui.

É verdade...é verdade!  Janjão, pergunta prá eles se eu posso dar uma voltinha no avião deles.

- Ô vô, não é avião, é nave espacial!

Tá bem, tá bem, mas você vai falar com eles?

- Não vô, já não te falei que é tudo de mentirinha? Ô vô, me deixa eu ficar com eles sozinho, só um pouquinho?

Tá bem, Janjão, tá bem! Desculpe! Vô Cleber.

Nota: Esse diálogo imaginário fica bem próximo do papo cabeça que eu tenho com o Janjão de vez em quando. Janjão é um sonhador, assim como eu. Sonhar é um grande privilégio que não torna a vida mais fácil, torna-a mais bonita!

Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 10 de abril de 2003.

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39. RECORDAR... 

Muitas letras de músicas, às vezes, verdadeiros poemas, acompanham-nos pela vida a fora. Versos que a minha mente pinçou de muitas letras e eu resolvi colocar no papel. São versos que canto ou lembro quando feliz ou triste. (Cleber Coelho)

"Tire o seu sorriso do caminho que eu quero passar com a minha dor." (Nelson do Cavaquinho).

"Meu medo é tropeçar na esmeralda dos seus olhos, cair de amores e nunca mais me levantar." (Rosa Passos).

"Do poder da criação sou continuação e cumpro o meu dever. Há os que vivem a chorar, eu vivo à cantar e canto prá viver." (João Nogueira).

"A minha alegria atravessou o mar e ancorou na passarela. Fez um desembarque triunfante no maior show da terra." (samba campeão da Ilha do Governador).

"Ah coração leviano que nunca será de ninguém!" (Paulinho da Viola).

"Chega de saudade, a realidade é que sem ela não há paz, não há beleza, é só tristeza e a melancolia que não sai de mim, não sai de mim, não sai." (Tom e Vinícius).

"Talvez, esse talvez que você me falou não fale de esperança, mas, eu quis assim. Acreditei no sonho que você criou e o seu amor pequeno não sobrou prá mim." (Cleber).

"Cantei cantigas que você gostava, você calou, ouviu e me aplaudiu. Depois, falou de tudo, águas passadas; lembrou de desamores, não chorou, sorriu." (Cleber).

"Eu sou Portela, sou patente, mas hoje, sinceramente, coração está dividido. Perdão Mangueira, por nunca ter lhe aplaudido”! (Cleber).

"Com pedras portuguesas fiz uma calçada em frente a nossa casa prá você passar. Foi obra do amor, foi quase nada, em vista do amor que eu tenho prá ti dar." (Cleber).

"Você queria do castelo ser a tal rainha e eu um grande rei só para ti guardar."

"Tudo brincadeira, tudo fantasia, mas, meu Deus do céu, como é bom lembrar..."  (Cleber).

"Mangueira ô, Mangueira, estou ficando verde e rosa, não precisa ficar prosa, é o meu jeito de gostar." (Cleber).

"Quero me esconder debaixo dessa sua saia prá fugir do mundo!" (Martinho da Vila).

"Levanta, me traz um café que o mundo acabou!” (Eduardo Dussek).

"Pai, senta aqui, o café está na mesa, fale um pouco, sua voz está tão presa.

 Vem brincar de vovô com meus filhos, no tapete da sala de estar..." (Fábio Júnior)

"Salve, como é que vai? De amigo, há quanto tempo?" (João Nogueira)

"Vou cantando, os meus encantos vou mostrar, muito prazer, eu sou a Vila, sou a fonte! Deixa o meu delírio te levar!"  (Luiz Carlos da Vila - Vila Isabel).

"Ao provar o seu batom, fui deixando me envolver, mandei a razão pros ares!" (Martinho da Vila).

"Hoje tem festança, preta véia roda e dança, é dia de Iemanjá!"

"Fita de azul, buquê de rosas prá enfeitar moça formosa que vem das ondas do Mar! " (Miro-Quintino).

"Vela, fifó, candeeiro iluminando o terreiro em noite de lua cheia, e as estrelas cintilando, cobrem o mar de brilhantes, presentes prá mãe sereia." (Miro-Quintino).

"Na tina, vovó lavou a roupa que mamãe usou quando foi batizada e mamãe, quando era menina teve que passar, com muito amor e calor no ferro de engomar!" (Wilson Moreira).

"Ai que vontade que eu tinha de ter um carango joinha e morar na Vieira Souto, ou em Copacabana. Ai que vontade que eu tinha de ver minha linda pretinha, no palco de uma verdadeira dama, só de motocicleta Honda e muita grana! Ai que vontade que eu tenho de ser feliz, de levar a minha vida do jeito que eu sempre quis..." (Jovelina Pérola Negra).

"Estava à toa na vida, o meu amor me chamou prá ver a banda passar tocando coisas de amor ..." (Chico Buarque).

"Minha alma canta, vejo o Rio de Janeiro. Estou morrendo de saudades..." (Tom Jobim).

"Você que não para prá pensar, o que é que há, diz prá mim o que é que há? Você vai ver um dia, em que fria você vai entrar. Em cima uma laje embaixo a escuridão, é fogo irmão, é fogo irmão!" (Vinícius de Moraes).

"Quando olhastes bem nos olhos meus e o seu olhar era de adeus, juro que não acreditei...". (Chico Buarque).

"Eu, não quero saber mais dela, foi embora da Portela dizendo que o samba lá em Mangueira é que é bom..." (Fundo de Quintal).

"Quando eu te vi chorando eu não gostei. Mas não sorri, eu respeitei, vi seus olhos transbordando quando eu passei. Mas, ninguém te amou, só eu te amei...Ninguém te amou, só eu te amei..." (Zeca Pagodinho).

"Eu nem sei dizer o que senti quando eu acordei e não lhe vi, confesso que chorei, não suportei a dor, é doloroso se perder um grande amor...." (Jorge Aragão).

"Pátria, família, religião e preconceito, quebrou, não tem mais jeito! (Marina Lima).

 "Ah, coração, você apronta e esquece que você sou eu...". (José Augusto )

"A feia fumaça que sobe apagando as estrelas...." (Caetano Veloso).

"Mandacaru quando flora lá na seca, já é sinal que a chuva chega no sertão." (Luiz Gonzaga/Zé Dantas).

"Não há ó gente o não luar como esse do sertão." (João Pernambuco)

"Samba triste a gente faz assim, eu aqui você longe de mim, de mim...." (Tom Jobim).

"São as águas de março fechando o verão. É promessa de chuva no meu coração..." (Tom Jobim).

"No meu Cariri, quando a chuva não vem, não fica lá ninguém, somente Deus ajuda. Se não vier do céu chuva que nos acuda, Macambira morre, chique seca e Juriti se muda ..." ( ......).

"Hoje, a alegria do palhaço na tristeza dá um laço e faz o meu povo brincar! "(samba enredo da Portela - David Corrêa).

"Sorri, quando a dor lhe torturar e saudade atormentar os seus dias, tristonhos.... vazios...." (Charles Chaplin).

"Sou tricolor de coração, sou do clube tantas vezes campeão..." (Lamartine Babo).

"Verás que um filho teu não foge à lute, nem teme, quem te adora, a própria morte, terra adorada...!" (Francisco Manuel da Nóbrega e Ozório Duque Estrada).

"Salve lindo pendão da esperança, salve símbolo augusto da paz...!" (Hino à Bandeira).

"Cidade maravilhosa cheia de encantos mil...” (hino da cidade do Rio de Janeiro).

“Brasil, tira as flechas do peito do meu padroeiro, que São Sebastião do Rio de Janeiro ainda pode se salvar." (Saudades da Guanabara – Aldyr Blanc/Moacyr Luz).

Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 09 de março de 2024.

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40. MESA QUATRO.

Sábados eram os dias em que, Mauro, Orlando e eu, vizinhos, entre outros amigos, tínhamos um compromisso "sagrado"; estar presente às 11:30 h, no bar que ficava depois do riacho, no bloco sete, bem do lado da loja de costuras de consertos de roupas, etc., da D. Raimunda, uma senhora, admirável e amiga da minha esposa. Mauro e Orlando, ambos da Marinha; eu não, morávamos no mesmo bloco, bem ao lado do bloco sete. Então, todos os sábados às 11h, não precisava nem confirmar. Era só esperar uns aos outros na portaria do nosso bloco, o seis. Naquele sábado, lembro bem, fui o primeiro a chegar na portaria, depois o velho Orlando; ô coroa ensaboado! Adorava uma discussão por qualquer motivo.

De vez enquanto eu jogava umas "pedrinhas" nele para provocá-lo; por exemplo: "Orlando, meu amigo, o que está havendo com a sua saúde?", e ele incorporava!  PQP, saí de casa alegre e você me faz uma pergunta dessa? Eu:  ô meu amigo, me perdoa, mas é que te achei mais magro, com olheiras...Ele: ó, tu vai pro caraí com esses teus santos caídos ... PQP, me deixa com meu São Jorge, e ele, de sacanagem, pegava um galho de árvore qualquer e me benzia para afastar meus maus espíritos...Tudo brincadeira, claro!  Na hora ele ficava bravo mesmo, mas depois fazia de tudo uma brincadeira e ríamos de tudo...De repente, Orlando começa a ficar puto, inquieto, olhando o relógio...O que foi meu amigo? O Mauro, o Maaauro!!! O que é que tem o Mauro, Orlando? Clebinho, de novo? Tu não tá percebendo não? Já são 11:30 e o FDP não desce...! Ó, você pode apostar!  São Jorge, meu guia, abaixo do nosso Pai, há de realizar o meu desejo de ganhar na loteria...Se ganhar vou me vingar desse marujo que mal sabe remar um caiaque! Vou pegar um bolo de nota de cem e perguntar a ele? Quantas você quer em nome da nossa amizade...? Ele: Orlandinho, meu amado amigo, você sabe que não ligo prá dinheiro, mas não se rejeita notas de cem e nem desejos de boa sorte, né? Clebinho, ô marujinho safado! Se, ganhar, te juro, vou esfregar o bolo de notas de cem na cara dele e perguntar: quer? Ele vai dizer sim! Sim!  Vou dizer prá ele, Maurinho, primeiro você vai ter que abrir a boca, bem salivada! Ele: Orlandinho prá quê? É que quero contar esse bolão de nota, mas não quero molhar o meu dedo e nem usar minha saliva. Tu abres a tua boca, bota o seu linguão prá fora, vou contar, passando cada uma delas na sua língua..., entendeu? Mas..., não tem mais nem menos!...Vai ser assim, Clebinho, te juro...! Ô Orlando, meu amigo, esfria...Ele: não dá, Mauro não se liga, me deixa nervoso, vontade de enforcar esse marinheiro de segunda...! Orlando acabou de reclamar, soltar "seus cachorros", e eis que Mauro aparece na portaria, sorriso na cara, livre, leve e solto...Me deu um abraço, Orlando fez que não viu, e como criança emburrada, fechou a cara pro Mauro e ficou um pouquinho distante enquanto eu e Mauro falávamos alguma coisa. Mauro quis saber porque Orlando estava, assim, assim... Expliquei: Mauro riu e disse vou amansar o veinho...Mauro: Orlando meu irmão, tô esperando você e Cleber lá no bar, ok? Quer que escolha uma mesa legal prá gente...? Orlando espumando de raiva, percebeu que Mauro, além de tudo, ainda queria sacaneá- lo. Mauro perguntou de novo: que mesa escolho, meu amigo? Orlando espumando e a meio grito, disse pro Mauro:  A mesa quatro, porra! Mauro respondeu; mesa quatro é a que fica do lado do balcão? Orlando ficou quieto...Mauro insistiu, é a que fica junto da árvore, e foi perguntando:  a que fica próxima do muro da escola...? etc. etc, Orlando estava a beira de um enfarte, mas segurou o "seu cavalo" baixou a voz, e disse: "Maurinho, vem cá, ouve e aprende...Mesa Quatro é qualquer uma, entendeu? Não, não entendi, tá difícil...Deu prá ver na cara do Orlando a vontade de soltar mil palavrões e rapá fora, desistir do amigo..., mas, deve ter pensado...Esse marujo de segunda categoria, é meu amigo a mais de trinta anos...não posso fazer isso, e num rasgo de humildade, chamou o amigo. Maurinho e explicou: esse Quatro, é filosófico, é qualquer mesa, entendeu..., não...#@&$...Maurinho, vou explicar devagarinho, tá? Se chama mesa quatro qualquer uma onde só se sentam amigos de verdade e que fazem jus a uma cadeira, por exemplo: pescadores, contadores de histórias, mentirosos, filósofos de botequim, camelôs..., gente que vale a pena estar juntos como nós, entendeu? Entendi, Orlandinho, mas porque a mesa Quatro não pode ser aquela perto do balcão ou da árvore...? Pooode, Maurinho..., poooode! Mas, fecha a sua boca, já deu, e gritou! Seu Jorge, bota três Brahmas aqui na mesa Quatro! Mauro, corrigiu: Ôooo seu Jorge, a minha é Antártica, ok, ?, e baixinho perguntou pro Orlando , seu amigo véio de guerra: Orlandinho, na mesa Quatro pode se beber Antártica, né? Vi a boca do Orlando espumando, mas não sei dizer se foi por conta da pergunta do Mauro, ou se era espuma da Brahma...Kkk. Sueli, viúva do Mauro, me lembrou uma passagem, hilária, que esqueci de acrescentar na postagem anterior. O que o véio Orlando ia fazer se ganhasse na loteria...Velhos e bons tempos...Em homenagem a ambos...Salve! 

CRÔNICA EM ELABORAÇÃO.

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41. "O ÚLTIMO DIA DO ANO NÃO É O ÚLTIMO DIA DO TEMPO...".

(CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE)

 

 

Drummond, com certeza,ao escrever esse verso que pincei de um belo poema seu, imagino, estava colocando nesse prato da balança humana, de um lado reflexões de uns sobre mais um ano que se vai, e, prá estes, repletos de realizações, sucessos, frutos de suas perseveranças, dedicação, e, acredito, sob bênçãos divinas...E no outro?
 
Em quaisquer balanças existem dois, né?, e, nesse outro prato, tão comum como céu e mar, existem outros seres humanos, com seus sonhos, suas crenças, suas dedicações, perseveranças, fé, como os primeiros, mas, esse ano, que azar!, a sorte não lhes sorriu..., talvez, não merecessem, será...?, talvez, Deus e o Universo,  suas sortes, bênçãos divinas, graças, não os tenham escolhidos para "terem seus projetos e sonhos, os escolhidos para acontecer esse ano..." Vai se saber...
 
Apenas reflexões minhas, um sonhador, um cronista  que tenta, como "advinhador", interpretar o mundo que, no dia-a-dia meus olhos assistem, minha mente percebe instintivamente...É preciso voltar, e atentar para o verso do nosso poeta maior: "Nosso Drummond", creio, por sua visão do mundo, do ser humano e seus sentimentos, virtudes, fraquezas, alegrias, às vezes  desmedidas, assim como suas tristezas, preocupado, creio, com excessos etílicos destes, nesse fim de ano, começo ou fim de festa, de todos os que tiveram abençoados seus esforços, merecidos ou não, e, eufóricos esquecem que se trata, apenas, de uma passagem para um novo ano, nos diz o " Mestre"; apenas fim do último dia do ano, não do tempo...Cuidem-se! Um Feliz Ano Novo! Um Brinde !
 
Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 31 de dezembro de 2023.
 
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42. GENERAL DA VIDA.

 

 

Guerreiro me fiz pela vida, não que quizesse, circunstâncias. Soldado de tantas batalhas, experimentei o gosto da vitória, a emoção da medalha, a segurança do poder. Conheci a liberdade da águia guerreira no seu vôo alado. Como soldado também conheci o verso da medalha; o outro lado. Afinal, um soldado também tem que saber perder. Perder sem se entregar não é derrota: pelo contrário, é uma vitória – paradoxal o raciocínio, contraditório, mas, verdadeiro. As lágrimas das horas tristes devem ser choradas, autenticidade é sinônimo de vida; chorar quando preciso for, eu aprendi assim.

 

Os percalços da estrada me fizeram General da Vida; um pouco de tudo: sonhador, mercenário, poeta, cantor, menino medroso, comanche guerreiro, filósofo, cangaceiro, padre, conselheiro. Talvez no ínicio de tudo, se me fosse dado a escolher, provavlmente eu não pediria para ser “General da Vida”, pediria outras coisas: quem sabe até na vida ser um General.

 

O GENERALATO E A GRANDE HONRARIA 

 

Hoje, porém, paro pra pensar, vejo as estrelas da minha farda, lembro dos fardos que carreguei e me orgulho do meu passado. As estrelas do céu, não da minha farda, iluminam meu caminho e enquanto assim for eu serei "General da vida” e quando elas descerem a linha do horizonte eu serei apenas lembranças, e pedirei silêncio...Um toque de clarim apenas, e a terra pura como última morada.

 

                              Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 29 de setembro de 1979.

 

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43. POETAS, CRONISTAS, ESCRITORES (UM NOVO ESTÁGIO).
 
 
Ah, lendo, relendo,obras de novos ditos poetas, cronistas, escritores, gentes que têm suas mentes alimentadas pelo desejo de, de alguma forma nos transmitir sob a título, principalmente de poesia ou crônica, até mesmo contos o que sua mente observou, assentiu, concordou, criou, discordou, escreveu, me pergunto: Quem são?, o que os levam a, incessantemente buscarem nas mídias esse reconhecimento das suas obras...
 
Zapeando, o Face me sugere a participação num grupo que tem como proposta exatamente a postagens de poesias, contos, crônicas, etc., da lavra dos seus autores. Aceito participar do grupo, e tão logo abraçado como membro recebo mensagem de boas-vindas do administrador/a, e de alguns já participantes. Agradeço a acolhida, e já como membro vou me inteirando das postagens... Me chama a atenção o fato de muitos dos novos membros, em sua grande maioria mulheres, postarem suas fotos creio, com o instintivo desejo de serem notadas, também pelas suas imagens independentes de postagens futuras... Acho engraçado, mas não inusitado porque elas, para o nosso bem adoram serem objetos dos nossos olhares, e nós, homens, adoramos vê-las em suas fotos, poses que, em algumas oportunidades, observei, vêm, como essa que cito, com um adendo, por exemplo: "gente, nessa minha foto estou séria, mas sou extremamente alegre, palhaça, brincalhona, mas séria... Quanto a séria no aspecto moral não há o que duvidar, nem pensar cometer esse pecado, mas, observando bem a sua foto, se vê uma balzaquiana loira, bonita, de óculos, mas ela se disse séria na foto!? Mentira! Olhando atentamente dá prá ver que seus olhos estão sorrindo furtivamente, e seus lábios escondendo um baita sorriso...Danadinha, brincalhona, soube fazer da descrição da sua foto, um teste criativo e elegante, e acrescento: adorei!
 
É, assim são elas, lindas como crianças quer seja na escola, numa festa; adoram se mostrar e, em se mostrando/escondendo, nos permite ver suas almas. É esses seus espíritos que as tornam indispensáveis para esse nosso mundo étero tão obcecado por supérfluos, poder, por valores que, como nos escreveu Caetano, "destrói tantas coisas belas e, com feias fumaças encobrem estrelas..."
 
Comecei essa crônica, preciso confessar, incomodado com o que, prá mim, velho admirador das palavras, seus milhares de sentidos, e, principalmente da clareza de um raciocínio, de uma narrativas que ao escorrer das águas de um rio, e seus desagues se assemelham...
 
Mas, quem são eles/elas, os que se apresentam, hoje, como poetas, cronistas, escritores? Quem são? Confesso que, em muitas oportunidades, lendo tratados filósóficos, em todo ou em parte, poetas contemporâneos ou não, escritores, em muitas ocasiões estabeleci um crivo, uma régua. Sempre apreciei, não o complexo estudo dos poemas clássicos e a compreensão de palavras escritas em línguas mortas ou inativas, penso que como nos ensina Cora Ronai, crítica literária: "Leio, e se até a décima quinta página o escritor, poeta, cronista não me surpreendeu, não me prendeu, passo para um novo livro", e assim estabeleço um parâmetro para o que entendo fundamental.
 
Bem, Cora Ronai, é o meu exemplo de comportamento crítico literário: leio, poemas, crônicas, contos, etc., mas, já senhor, capaz de, em poucas linhas identificar um/a jovem promessa literária ou descortinar uma obra que acenda minha curiosidade, seja de um autor/a desconhecido ou, quem sabe, de uma jovem revelação, agora me pego responsável por uma pergunta e uma resposta: quem são eles, os jovens poetas, cronistas, escritores de hoje, e que habitam essas mídias? Lá nos anos sessenta, no fervecer das artes no mundo inteiro, o que se denominou a "Época de Aquárius", uma lenda, uma crença, em que se acreditava que tudo de bom no campo no das artes sociais, humanas, artísticas aconteceria...Verdade ou não, vivi esse tempo: Vai lá no Google e confira: seja no campo político, artístico, literário, etc., de repente você vai se dar conta que ainda hoje é o melhor do seu mundo, ainda que por conta do que você, criança curtiu ouvindo seus pais ou com eles curtindo...
 
Vem comigo, tem mais um pouquinho até eu ter que me explicar... Naqueles anos de efervescência em todos os campos das artes, e em especial, a música, época dos grandes festivais, fomos brindados com movimentos musicais até então nunca percebidos/ouvidos. Como exemplo, cito: "São os do Norte que Vêm". E porque cito esse movimento que nos mostrou o que de belo artistas do Nordeste/Norte, tinham para nos mostrar...? Por que, na época, o Sudeste polo intelectual não conhecia o Brasil, não só o Norte/Nordeste, mas as demais regiões...
 
Agora, revendo esses meus tempos, essas minhas histórias, me pego pensando, por exemplo, no dia em que Milton Nascimento apresentou sua "Travessia", no Festival da Canção. Caramba, ninguém, acreditem, ninguém estava com seus ouvidos preparados para ouvir uma obra tão bela e que eterna se tornou. Agora, hoje, como indaguei, quem são esses novos poetas, cronistas, contistas? Me penitenciando: na época, não aplaudi Travessia, me faltou sensibilidade, portanto, como hoje me posicionar a favor ou contra as obras dos que se encantam com as possibilidades desses novos caminhos...? Ah, meu pai, afasta de mim esse cálice, não quero cometer esse erro pela segunda vez...
 
Em homenagem aos que hoje, independente de formação clássica ou não, acreditam que sonhos são realizáveis, e finalizando: "Depende de Nós"!, título de uma música de Ivan Lins.
 
Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 16 de março de 2024.
 
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44. INFINITO...
 
 
 
O Universo é infinito, quer dizer: não tem começo nem fim...Complicou? Culpa do próprio ser humano que criou a distância e o tempo para o seu elástico consumo e projeções...Imagina o seguinte...A cabecinha do ser humano é simplesmente incapaz de entender o que "infinito" quer dizer: "sem dimensão"! Gerações de cientistas, físicos, astrônomos, cosmólogos, químicos, etc., todos grudados ferrenhamente em suas teses e teorias se tornaram, se tornarão prisioneiros de suas próprias criações básicas; matemática, física, química, etc. Fizeram telescópios que há 20 anos nos trazem imagens, que digitalizadas, no mostravam galáxias a milhares de anos-luz da Terra. Temos o Huble ainda em operação, que enxerga mais distante ainda, talvez galáxias a bilhões de anos- luz da Terra...
 
O mais recente, o Webb, afirmam os cientistas, enxergará muito mais a frente do Huble..., e outros virão, e enxergarão galáxias, sistemas estelares, buracos negros a quintilhões de anos-luz da Terra, isso se não pararem de funcionar uns dois segundos de anos- luz depois de lançados...Pobres seres humanos...Seriam inteligentes se conseguissem, ao menos, compreender a limitação das suas mentes, que não é infinita como o Universo...Uma prova da nossa limitação no campo da matemática. Muito simples, faça uma divisão cujo resultado seja uma dízima periódica...
 
Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 15 de março de 2024.
 
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45. "ANDANÇAS".
 
BIRICUTICO E A FEIRANTE (AMIGA E CANTORA...).
 
 
No Biricutico, um Pub, próximo de casa, onde costumo sentar para uns chopes, umas Heinekens, apreciar uns pastéizinhos de camarões imperdíveis..., é lá que tenho o meu cantinho, uma mesinha onde, com certa cerimônia, sento para, primeiro, como já adiantei, beber chopes na medida certa, de colarinho; dois dedos e meio, e na temperatura mais que ideal, entre 2,5 e 3,0 graus "Celsius", como só eles sabem servir... (olha a minha frescura). Quando não, me sirvo das minhas Heinekens, ou Coronas, esta, preciso acrescentar, está se tornando a minha preferida; Jorginho, de um outro barzinho que frequento, que o diga...A danadinha é super envolvente, percebi que, mais rápido que o chope, ela estabiliza os meus humores, e mais rápido, ainda, me coloca num estado de espírito "zen" ignorando pensamentos que não cabem, porque, segundo meu amigo, Beto, que já se foi,"botequim é lugar sagrado", e acrescento, "Pub, também", e já percebi que ela não gosta de me servir coisas que não estão no seu cardápio, pelo contrário, me propõem um libertar de espírito, de alma, que me leva a um estado de harmonia com o mundo ao meu redor, e com o "mundo" dela, que me propõe...Bora, vem, me dá sua mão, vem comigo..., lá, acredite, tudo é ausente desses ais que consomem seu sorriso, sua paz, os seu mais  afetivos sonhos de se ver distante de infortúnios, não só seus, mas, também, de todos que, como você, os têm presente em seus dia-a-dia. 
 
É lá, e nessas circunstâncias que, alheio ao que se passa ao lado, escrevo minhas crônicas, retorno mensagens, agradecimentos, leio publicações de amigos, e sempre que possível, e do meu ponto de vista, interessante, posto, claro, minhas crônicas, fotos, matérias, músicas, cujas letras, ainda que sejam "antigas" no tempo da sua composição, são verdadeiras lições de vida, exemplos de valores que estão no gene, nos corações de quaisquer seres humanos, jovens ou não....Exemplos? Ah, não me atreveria...Cada um de nós traz, instintivamente, no fundo do seus corações, mentes, lembranças de uma música ou de tantas que, na sua infância, na sua adolescência, sua vó, sua mãe, seu pai cantavam, e que permanecem adormecidas, mas, apenas, supostamente, aguardando que o seu cérebro click num link que sabe, você está querendo lembrar, ou melhor, nossas mentes.
 
Claro, tenho lembranças de muitas dessas músicas que aprendi, aprendemos, por força das lembranças de ver e ouvir nossos avós, pais e mães cantarem, como disse...Carregamos essas lembranças, essas músicas em nossos inconscientes, e, às vezes, ao ouví-las choramos de saudades, também por outros sentimentos, de lembranças, de momentos distintos pelos quais passamos..., de lições de vida contidas em versos que você, nós, só viemos a perceber quando a vida nos colocou no mesmo patamar de experiências de vida de nossos antepassados...Por trás de cada letra, de cada canção, existe um artista, um poeta, que abençoados pelo Pai, teve/têm o dom de, em versos e prosas, preencherem nossos utópicos sonhos, fantasias, explicar o amor, o desamor, a paixão, os desacertos, de esperanças perdidas, sonhos desfeitos e suas consequências, como nos disse nosso poeta maior, Ferreira Gullar: "A vida sem arte não basta...".
 
Você entendeu o poeta? Já se imaginou num mundo sem música, sem poesia, sem um verso, uma dedicatória, um carta dele/a, expressando o grande amor por você? É isso, é essa magia que me encanta, me faz buscar essa natureza lúdica do ser humano, hoje, quase esquecida, desvirtuada por valores que a nova onda, como uma Tusinami se apropria das mentes jovens, ou menos antenadas, que não têm tempo de absorver valores, por conta de milhares de opções fantasiosas, virtuais, que a mídia coloca às suas disposições, todos os dias, a todas as horas...Ponto! Dia desses, sentei num barzinho da feira que faço, às quintas, com uma amiga, entre tantas, que, bem mais jovem, e por conta das nossas afinidades com esses temas; música, poesia, histórias, etc...
 
RONDA
 
No bar da feira onde estávamos uma música, "das antigas" como se diz hoje, tocou. "Ronda", sucesso nacional do compositor Paulo Vanzollini, nos anos 50/60. Ela, se deu conta do click, que a ibertou magicamente dos gritares dos feirantes, naturalmente buscando seus ganhos....Seu cérebro fez surgir da sua garganta, uma bela voz, um canto, tom saudoso, ao mesmo que triste e belo, e que me lembrou interpretações de Elis Regina, que foi só sentimento...
 
KELLY, A MAGIA DO CARISMA E DA DESLUMBRA.
 
Seu cérebro, como a natureza divina nos impõe, estabeleceu de imediato, com a música que vinha da caixa de som, um link, e a magia se fez...  Ela, levada pela lembrança dos seus tempos de infância, dos seus pais, foi soltando a sua voz, lembrando, tim-tim, por tim-tim, de cada verso, cada tom de nota, cantando, acompanhando com maestria todas as sutilezas dos arranjos, com olhar distante, mas feliz...Ronda, ela me confidenciou depois, ouvia sua mãe cantar, e, desde pequena aprendeu a interpretá- la, agora, revestida de sentimento que o tempo, como um maestro arranjador, adaptou para a sua voz, e não esqueceu de "todo o sentimento" que, agora, passados anos, a interpretação pedia... Eu, já véio, cascudo, me emociono ao ouvir "Luar do Sertão", música que meu véio ouvia no seu rádio de válvulas, nos idos anos cincoenta...
 
A SAUDADE IMORREDOURA
 
Anos, muitos anos passados, por conta dessa música que me marcou, compreendi a essência da alma do meu querido véio... Sempre que me contenta, volto ao Biricutico prá escrever sobre essas coisas, mas, às vezes, só prá conversar comigo mesmo...: minha solidão não me deixa sozinho, por mas paradoxal que pareça...Ela, com meus chops, coronas, ficam enfiando na minha cabeça: Clebinho, escreve isso, escreve aquilo...!?, Rio dela, lembro de tudo, muito do que tenho prá contar, mas, a bem da verdade, sem ela, no barzinho do Jorginho, ou no Biricutico, onde me deixam feliz estar, sei não....Acho que ficaria devendo...Devo aos amigos citados, a gentileza de "uma mesinha" de onde partem minhas crônicas...Beijos.
Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 24 de setembro de 2023.
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46. UM BOUQUET DE FLORES.

 (O ANIVERSÁRIO DA ILZA EM MOGI MIRIM).

 

Ah, esse pequeno bouquet..., essas flores do campo, me lembro bem, trazem lembranças das nossas infâncias, e por isso, Noelle, nossa querida norinha, vai se encarregar de, em meu nome e de tantos que te amam, principalmente do Guto, seu filhote querido, meu também, claro, de levar até você que, de saudades, foi curtir com  eles, aí em São Paulo, seu aniversário e o do Luquinha....

Passados tantos anos de vida em comum, somos hoje, com todas as virtudes e defeitos, exemplos de vida para os nossos descendentes. Nossas amarguras, ah..., estas estão guardadas em algum canto dos nossos peitos, mas nossos sonhos, realizações e sentimentos puros, ainda que, às vezes, esquecidos, estão aninhados em nossos corações...

Um dia, visitando a minha mãe, já curvada, pelo peso dos seus 90 anos, enfadada da vida, como nos dizia, levei nosso filho, Gustavo, que embora ainda um menino, com os seus 18/20 anos, já era um rapaz bonito, inteligente , alegre, educado e elegante. Um neto, creio, que toda avó gostaria de ter, porque ele era a extensão da sua linhagem..., o futuro da sua história. Ela estava abatida, triste mesma... Peguei no seu queixo, levantei e disse: mãe, olha o seu neto, ele é o fruto mais bonito das terras que você arou e plantou, desde os tempos de mocinha nas fazendas de Trajano de Moraes, onde você nasceu...

Mãe, se algum dia tiver dúvida se a sua vida, de lutas, valeu a pena, olha o seu neto, ele é a certeza de que sua luta não foi em vão... Logo depois a mãe se foi, mas, creio, com esse registro no seu coração...Gustavo, recentemente, nos brindou, usando recursos que a tecnologia hoje nos oferece, um registro fotográfico, onde, numa tela, consegue unir o passado e o presente...Conseguiu, num mesmo quadro (tela)  unir seus avós, nossos pais, e ele próprio, acrescentando no rodapé: “A luta de vocês não foi em vão”. Lembrei da  mãe, e o que  eu tinha dito e mostrado a ela naquele dia...

Hoje, o que dizer prá essa querida e amada companheira de tantas lutas, vitórias e infortúnios ao longo desses tantos anos de vida em comum...? O mesmo que disse para a minha mãe.. “Filha, quando o cansaço bater, quando a vida não mais parecer ter sentido, olhe, agora, para o nosso filho, para a Noelle, nossa norinha querida, para o Luquinha, Dudinha, nossos netinhos que aí estão..., para o que aqui estão: nosso João, nossa Fernandinha, nosso Pedrinho, nossa Mariana, nossa Leninha, a última das Coelhinhas e, hoje, nosso chamego...Pense neles, lembre o quão o “Pai” foi tão bondoso conosco...Guarde contigo essa frase”, que nosso filho, Gustavo, o nosso “Guto”, eternizou no quadro/tela que criou em nossa homenagem. “Nossa Luta Não Foi Em Vão”.

Hoje é dia do seu aniversário. Meus parabéns, “Filha”! Que Deus  continue nos fazendo companheiros e amigos, “Até Se Consumar O Tempo da Gente” (Chico Buarque), em “Todo o Sentimento”. Te amo, nos amamos do nosso jeito! Um brinde!, por hoje e sempre! Beijos. Seu par...Cleber, ou se preferir, como sempre foi: “Filho”...

Nota: E-mail enviado para Noelle, minha ex-nora na época, por ocasião do aniversário da minha esposa, Ilza. Como não pude ir combinei com a Noelle de comprar um bouquet de flores do campo, e entregar à ela junto com esse texto.

Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 13 de outubro de 2021.

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47. SIMPATIA PARA DOR DE BARRIGA. (MARIANA)

Mariana (Pipoca), minha neta é muito espirituosa e de vez em quando sai com cada uma... Dia desses senti-me muito mal. O intestino doía, o estômago doía e principalmente a barriga. Não havia reza, remédio ou saco de água quente que fizesse diminuir aquelas incríveis e detestáveis dores. Marianinha percebendo o meu desconforto, achou por bem inventar uma maneira de acabar com o meu suplício. Do alto dos seus cinco anos e conhecimentos medicinais herdados das avós curandeiras nas observações do di-a-dia, determinou: Vô, vai passando a mão assim, assim, assim (girando) na barriga e falando: Sai dor da minha barriga! Sai dor da minha barriga! Sai dor da minha barriga!

Mais tarde, já na cama, a dor continuava e Mariana vendo que a dor não passava resolveu, ela mesma, acabar com a minha angústia. Passava as mãoszinhas pela minha barriga assim, assim, assim (girando) e falando: Sai dor da barriga do meu vô! Sai dor da barriga do meu vô! Sai dor da barriga do meu vô!

Se a dor passou...? Bem, aí e uma  outra história... A história é verdadeira e aconteceu entre os dias 27 e 28 de novembro de 2004. Para Mariana (minha neta rezadeira). Do vô, Cleber.

Cleber Coelho, 10 de dezembro de 2004.

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48. SORVETE QUENTE.

(AQUELE QUE DERRETEU FAZ TEMPO).

 

 

 

 

Fernandinha, minha neta, hoje com quatro anos, foi passear com a vó Ilza no Shopping. Lá brincou e escolheu sozinha as roupas que a vó comprou prá ela. Fernandinha é assim, convicta do que quer. É capaz de recusar mil brinquedos, sapatos, se à ela não for dado aquele que lhe interessa. Com ela não tem meio termo!

Foi nessas circunstâncias que aconteceu o fato. A avó, depois de tanto bater perna com a Fernandinha no Shopping, ofereceu a ela um sorvete. Fernandinha perguntou a avó: O sorvete está quente? A avó, já cansada, e sem vontade de entrar em detalhes, respondeu: Está! Fernandinha pôs o sorvete na boca e, não mais que de repente, pegou a casquinha E atirou com toda sua força no chão. Fuzilou a vó com seus olhos de mel e exclamou: Esta mérrrrda está gelada!!! 

Nota: Fernandinha é fiel as suas convicções e esse é um traço marcante da sua personalidade que não vai mudar. Fernandinha, até hoje, só gosta de sorvete quente. Traduzindo, sorvete quente é aquele que derreteu faz tempo! Do vô Cleber

 Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 01 de abril de 2003.

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49. O CATADOR DE GRAVETOS.

 "SOBRAS DA NATUREZA"

 

Era um sábado de Outono, estação de luz maravilhosa, radiante, com temperaturas amenas que propiciam ótimos passeios ao ar livre. Estação que faz a festa da natureza e de todos aqueles que dela se locupletam: pássaros, insetos e nós, seres humanos, que ainda não aprendemos admirá-la e amá-la com a devida devoção e respeito.

Naquele sábado, João Victor, o meu neto Janjão, estava em minha casa como de costume. Após o café, Janjão e eu saímos para uma caminhada pelos arredores da nossa casa, da mesma forma como costumava fazer com os meus filhos Frederico e Gustavo, esse último o seu pai. João Victor, assim como seu pai e tio, gostava, até certo ponto, de fazer essas caminhadas  acredito, mais pela coca-cola no caminho, do que pelo saudável passeio em si.

Nesse dia, Janjão, que já gostava de catar coisas e coisas pela rua, achou de catar gravetos, só gravetos. Assim, debaixo de uma árvore pegava um pequeno galho que, sabe-se lá porque achou interessante, Mais a frente um outro graveto, mais um outro e outro e outro e outro.... Fiquei acompanhando a sua alegria em recolher essas “sobras da natureza” e pensando comigo que o mundo das crianças só podia ser o mundo da fantasia, só podia ser! Por um  breve tempo pude escapar dos meus instintos de alerta, de tensão e perder-me no seu pequeno mundo de "Catador de Gravetos" Mas, logo, logo, percebi que também as crianças têm os seus instintos e alertas e sabem, intuitivamente, o momento de dar basta às fantasias ou coisas que já não lhes são prazerosas.

E assim foi Janjão, dando-se conta do trabalho que estava tendo para segurar e carregar aquele montão de "sobras da natureza". Disse-me, franzindo a testa, vermelho  e suado: Ô vô, eu vou jogar esta merda fora! A história é verdadeira e o local onde Janjão deu o seu grito de "Independência" foi na Praça Jauru, bem em frente ao local onde hoje se encontra o Prezunic, que naquela época ainda não existia. Acho que isso se deu quando ele ainda não tinha 05 anos.

Para meu neto Janjão! Vô Cleber. 

Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 18 de dezembro de 2004.

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50. PEDRAS PRECIOSAS.

Tal qual pedreiro pedras eu assentava/Juntinhas no espaço tim tim por tim/Depois com o meu carinho eu cimentava/As pedras da calçada que eu fiz assim. 

Enchi de flores duas jardineiras/E na calçada, alegre, eu as coloquei/Comprei um regador e foi de brincadeira/Que eu enchi de água e te entreguei.

Com pedras portuguesas fiz uma calçada/Em frente a nossa casa prá você passar/Foi obra do amor, foi quase nada/Em vista do amor que eu tenho prá ti dar.

Essa canção compus em 1980 e dediquei à minha mulher. Todas as vezes em que essa canção vem à minha mente eu lembro da calçada da vila onde morávamos, na Praça Seca em Jacarepaguá.

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   51. "TIRO DE CANHÃO".

Na praça XV, nos casarões antigos e reformados (Arco dos Telles), sábado sim, sábado não, tem apresentação de um conjunto musical de garotada, que além de só cantar "sambas das antigas", recebe um monte de gente da área: Moacir Luz, Tereza Cristina, etc. Tudo "de grátis" no meio da rua. Muito gostoso o  ambiente.

A primeira vez que fui, sentei em frente ao portão principal da Igreja da Lapa dos Mercadores, que não conhecia. Enquanto o som não começava, fiquei admirando a igreja  que me chamou a atenção por ser muito antiga, pequena, mas imponente. A curiosidade me levou posteriormente a pesquisar sobre a igreja, o porquê do nome, quando foi construída etc. E aí descobri o seguinte:

Em 1893, por conta da ” Revolta  da Armada”, essa igreja foi atingida por um tiro de canhão que tinha como alvo o Forte onde hoje se encontra a Igreja de Santa Cruz dos Militares, bem próximo dali, uns 30 metros, na Rua Primeiro de Março. O tiro derrubou uma das duas torres da igreja.

Na semana seguinte fui à cidade, e resolvi passar na igreja, rezar, pedir por vocês e ver se tinha mesmo a tal bala de canhão. Tinha, quer dizer, tem!  A bicha é grande: deve ter meio metro de comprimento  e pesar em torno de 200 quilos! A igreja é pequena, bonita e transborda de religiosidade. Anexo foto interna da cúpula. Da bala de canhão eu não consegui. Se duvidar, vou lá, tiro uma foto (mostro a cobra e mato o pau (sic). Um mês depois, aproximadamente, voltei lá para tomar um chope e ver a garotada tocar. Música vai, samba vem e... êpa!?

Meu ouvido, já meio sóbrio, captou a letra no ar. “Falta uma torre na igreja/Vou lhe contar meu irmão/ Foi na briga de Floriano/Foi um tiro de canhão/E nesse dia/A Lapa vadia teve a sua glória/Deixou seu nome na história/Lapa ...Peraí, catz! Será que essa igreja saiu daqui da Praça XV prá tomar um tiro de canhão lá na Lapa? Sei não..., acho que já passei da conta.

Agucei meus ouvidos, ébrios de bons sambas, e confirmei! O tiro de canhão acertava a torre da igreja lá na Lapa, dizia a letra que por sinal já era minha conhecida de infância. Do tempo em que a gente memorizava uma letra e não esquecia nunca mais. Salvo nessas circunstâncias. Então, só podia ser uma outra igreja e um outro tiro de canhão, pensei. Quer saber, esquece, vai tomar seu chope em paz. Cê tá bêbado não, me dizia aquela vozinha santa que protege os bêbados, as crianças, Marcinho, Gê, Sócrates, Ronaldinho Gaúcho ... Já bão, três dias depois, fui buscar nesse mundão de informações que é a Net alguma informação a respeito. Achei!

O samba é de Wilson Batista/Jorge de Castro. Aí embaixo, a íntegra. História da Lapa. Composição: Wilson Batista/Jorge de Castro.

Lapa dos capoeiras/Miguelzinho, Camisa Preta/Meia-Noite e Edgar Lapa, minha Lapa Boêmia/A lua só vai pra casa/Depois do sol raiar/Falta uma torre na igreja/Vou lhe contar, meu irmao/Foi na briga de Floriano/Foi um tiro de canhão/E nesse dia a Lapa vadia/Teve sua glória/Deixou o nome na história.

Mas, e o tiro de canhão citado na letra da música? Acertou a torre de que igreja? A Igreja de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores, na praça XV, ou a Igreja da Lapa do Desterro, que fica na Rua da Lapa, na Lapa? Volto pra Net correndo e, depois de mais uma boa centena de acessos e cliques, encontro e abro o segredo dessa história.

Wilson Batista, nascido na cidade Campos, e autor desse e de tantos  outros sambas inesquecíveis, Deus sabe-se lá como e porquê, deduziu que a igreja da Lapa, a do Desterro, que tinha uma só torre, foi atingida pelo tiro de canhão da “Armada”. Não foi Wilson..., foi a outra.

Mas, Aracy de Almeida, se viva fosse e questionada sobre, diria com absoluta e espiritual convicção: Tem duas igrejas com nome de Lapa, três torres, e uma bala de canhão sobrando. Wilsinho, com o seu samba, derrubou uma torre de preconceitos, e estamos conversados!

Que falta fazem esse dois! Wilson Batista morreu em 9 de julho de 1968.

Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 02 de novembro de 2009.

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52. VÓ JESUÍNA.

(CORAÇÃO DOS OUTROS É TERRA QUE NINGUÉM PISA) 

 

Às vezes é preciso perder para dar valor aquilo que nós é tão caro e não sabemos com a perda da vó Jesuina, aprendi isso e venho aprendendo a cada dia. Minha avó, que morreu aos 102 anos de idade, nasceu antes da abolição da escravatura. Quando eu era ainda um menino, ela me contava coisas do seu passado.

A mais impressionante história foi quando ela era ainda uma criança. Falando sobre escravatura, me disse que se lembrava do dia da abolição, 13 de maio de 1888!!! Contou-me ela que, naquela época, vivia numa fazenda, acho que no Espírito Santo. Assim que os escravos da fazenda souberam que a Princesa Isabel assinara a Lei Áurea, segundo suas palavras, "Danaram a dançar dentro do matagal, já era noite, e fazer baticum até o dia amanhecer". O mato alto que existia naquela tarde, virou um tapete verde debaixo dos pés dos libertos na manhã do dia seguinte. Contava essas histórias e intercalava a fala com pequenos sorrisos e graças.

Ainda hoje lembro, perfeitamente, dos seus olhos cálidos, seu rosto anguloso e imponente que lhe dava, com a alva cabeleira, o ar aristocrático daqueles que se tornaram maior pela sapiência. Olhando sua foto hoje me vem a imagem fidalga e altiva  daqueles grandes chefes indígenas que o cinema americano tanto exaltou. Me lembro, ainda, uma grande mãe cigana, pela sua cor morena e seu ar, ao mesmo tempo  que respeitoso, terno; Pela cabeleira branca, em coque esse conjunto tornava a minha a vó um ser superior, a quem, obedientemente, respeitava-mos e reverenciava-mos.

Vó Joaquina, outra vó, esta da minha mulher, também carregava as mesmas características e semblante, embora nascidas em terras tão distantes. A vó era uma grande conselheira, não fosse já a sua existência, por mais de um século, um grande espelho onde se mirar, um grande exemplo de como se viver  com grandeza. Um dia, lá nos anos, 60, meu coração de adolescente ficou dividido porque já tinha uma namorada, há um bom tempo, e se quedou também por outra menina. Não queria meu coração dividido, não queria magoar ninguém. Vó Jesuina ouviu minha história, perguntou se eu gostava da minha namorada, disse que sim. Perguntou se eu conhecia as virtudes e os defeitos dela, disse que sim. Perguntou quantos anos namorávamos. Disse que muitos. Perguntou se eu gostava da outra, disse que acreditava. Perguntou se eu conhecia as virtudes e os defeitos dela, disse que não. Perguntou quanto tempo namorávamos, disse que dias. Então falou, com a sabedoria e experiência que só o tempo e a janela nos ensinam: "Filho, coração dos outros é terra que ninguém pisa..."

Nota: Essa história é verdadeira. Ilza, hoje minha mulher, era, naquela época, a namorada de quem eu já conhecia as virtudes e defeitos. Vó, obrigado! Sinto, hoje, uma doce saudade de você. Dedicado  à minha  esposa filhos e netos, com a seguinte mensagem: Ouçam os mais velhos sempre. Ouçam os seus corações.

Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 02 de abril de 2003.

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53. RUMO À CALIFÓRNIA!

 

Entramos  em férias, eu e minha esposa, em fevereiro de 98, quando então resolvemos voltar à Rio das Ostras, cidade litorânea da costa azul fluminense, onde já estivéramos a passeio. Rio das Ostras possui lindas praias e uma pequena lagoa que pela cor de sua água recebe o nome de Coca Cola (lagoa da). Hospedamo-nos no Ostrão Hotel, bem em frente à Praia do Centro, e ali começamos a aproveitar as nossas férias. O dono do hotel informou-nos que havia à nossa disposição transporte próprio, caso quiséssemos nos deslocar para outras praias daquele litoral.

Programamos para o dia seguinte uma ida até a lagoa da Coca Cola e consideramos mais interessante utilizar o sistema de transporte coletivo da cidade para chegar até lá. Afinal, a distância deve ser de aproximadamente cinco quilômetros entre o hotel e a lagoa. Assim, conheceríamos também detalhes do transporte coletivo local. Como programado, manhã de um esplêndido domingo de sol, enfiamo-nos em nossas roupas de banho e pegamos um ônibus que acreditávamos fosse direto até a lagoa.

Depois de percorrer alguns quilômetros, comecei a ficar desconfiado que o ônibus já havia passado, e muito, do local, à direita da estrada, onde se entra para chegar até lá. Como fomos apenas uma vez até a lagoa, em ano passado, não tínhamos a certeza da estrada vicinal que nos levaria até lá. Discutíamos, quando verificamos que já estávamos na divisa com o município de Macaé, por conta de instalações da Petrobrás que se avistava junto à estrada. Nesse momento, o ônibus pegou a pista de retorno e então resolvi que era hora de soltar e pegar um outro de volta antes que aquele nos levasse prá mais longe. Ilza, minha esposa, resolveu que não desceria naquele lugar deserto, "de jeito nenhum!". O bom senso me dizia que descer na reta de retorno e pegar qualquer ônibus de volta seria a melhor coisa que poderíamos fazer. Mas não, Ilza empacou dentro do ônibus e de lá não saiu, ainda que sob o argumento de que era impossível aquele ônibus voltar do meio do caminho já que não chegara ao seu destino.

Enquanto essas coisas iam acontecendo, o ônibus pegou uma estrada de barro à direita da via principal e iniciou ali a viagem mais ingrata que se pudesse fazer numa manhã de domingo e sol. Instintivamente, percebemos que estávamos entrando numa furada, mas, que fazer? Saltar no meio daquela estrada deserta de chão batido vermelho e poeirento, cercada nos dois lados de arame farpado? Seguimos  em frente acreditando que, com certeza, o ponto final estava próximo e logo estaríamos fazendo a viagem de retorno no mesmo ônibus. Meus olhos alcançaram, mais ou menos 20 quilometro à frente, uma montanha que pela distância apresentava tons azuis em suas cores, o que indicava, todos sabemos, que estava longe prá burrooo!

O motorista, exímio conhecedor daquela estrada estreita, vermelha e esburacada, sentava o pau, fazendo subir nuvens avermelhadas de poeira que grudava em nossas peles e roupas. À nossa direita, boi e cerca. A nossa esquerda, cerca e boi. A nossa frente, o destino ignorado. Uns trinta minutos depois de solavancos e muita poeira, chegamos próximos às montanhas que avistamos a vinte quilômetros atrás. Alguma coisa me dizia que o ponto final seria ali. Quel nada! O ônibus contornou a montanha, pegou uma reta de barro e esburacada que tinha aos lados, sabem o quê? Advinharam? À direita, cerca e boi. À esquerda, boi e cerca! À frente, o destino ignorado. Ilza começou a chorar e eu cada vez mais tenso e preocupado, pois se ela não tivesse teimado quando falei para descermos daquele maldito ônibus, não estaríamos vivenciando tamanha aventura, completamente dispensável!

Os outros humildes passageiros olhavam curiosos aquele casal tão estranho, com roupa de banho, que seguia viagem justamente em sentido contrário ao do litoral. Da praia!!!  Cerca e boi, boi e cerca, barro vermelho, poeira e buraco, até que, uns 30 quilômetros depois da 1a etapa da viagem, nos deparamos com um descampado onde se avistava apenas um campo de futebol de várzea e uma birosca de madeira coberta com folhas de coqueiro que parecia uma choupana mal construída. Tínhamos saído do centro de Rio das Ostras às 8h e naquele momento o meu relógio indicava  9h30m.

Diante daquele cenário, sem nenhuma casa à vista e tantos homens rudes, sentímo-nos desprotegidos, pois éramos ali dois estrangeiros perplexos! Ficamos receosos de ir até a tendinha para comprar água e sermos incomodados pela aquela gente morena e descamisada. Não havia uma mulher sequer. Assim, permanecemos no interior do ônibus esperando que este fizesse a viagem de volta o mais rápido possível. Consultamos o motorista e ele nos disse: O ônibus só sai às 11:30h!. Permanecemos dentro do ônibus, sem pão e água, durante 2 horas, sem contar o desconforto do calor que fazia, e o sol na chapa! Resolvi perguntar ao motorista o nome daquele lugarejo tão pobre e deserto e ele me disse assim: Isto aqui é a Califórnia! ...Eu estava na Califórnia e não sabia?!

Olhava para a Ilza e sentia um misto de pena e raiva! Tudo aquilo estava acontecendo por culpa da sua teimosia! Tempos depois eu me penitenciei, porque foi o medo que impediu que ela descesse daquele ônibus no meio do caminho, não a teimosia. Enfim, o ônibus partiu e aliviados começamos a comer poeira de volta. Às 13h., estávamos sãos e salvos no centro de Rio das Ostras. Corremos para um merecido banho e fomos almoçar; ela num restaurante e eu no outro. Estávamos fulos um com o outro. Afinal, perdemos a praia por nossas culpas, mas quem há de, nessas circunstâncias, aceitar a pecha? O culpado é sempre o outro. À noite, já estava tudo bem e saímos juntos para jantar e passear. Nós, cariocas, que vivenciamos diariamente assaltos em qualquer esquina da nossa mui bela e querida cidade, tomamos algumas precauções quando saímos de casa, por exemplo: evitar o uso de jóias caras, carteiras recheadas, documentos originais, ostentação, etc. Aprendemos que essas são algumas maneiras de passar despercebidos pelo radar da malandragem. Foi pensando em preservar o nosso dinheiro que Ilza guardou dentro da sua calcinha, antes de sair do hotel, mais ou menos R$ 200,00 reais. Na verdade, a cidade é pequena, tranqüila e bem policiada, o que percebemos hoje, dispensaria esse excesso de preocupação. O que fazer, entretanto, com os nossos medos adquiridos e infelizes experiências vividas no dia a dia da nossa cidade? - "Enquanto esses medos não forem embora, o dinheiro fica na calcinha, sentenciou D. Ilza!".

O jantar agradável, foi acompanhado por vinho tinto de boa qualidade. Depois demos algumas voltas pelos quarteirões da praia, sentamos num banco da orla e conversamos um bom tempo. O que conversamos? Já não lembro, mas posso advinhar. Com absoluta certeza, falamos dos nossos netos e filhos, principalmente dos netos que gostaríamos de ter juntos naquele momento. São eles a extensão das nossas vidas e quando os vimos brincando nas areias das praias que frequentamos, sentimo-nos com o heróico soldado que entregou mensagem a Garcia.

Voltamos ao hotel e preparávamo-nos para dormir quando Ilza foi ao banheiro fazer xixi. Confortavelmente instalada no trono, talvez pensando, intrigada, como aquele domingo que amanhecera tão bem, tenha ficado insuportável durante o dia e tão generoso  à noite. Coisas da vida. Levantou, deu a descarga e instintivamente olhou para o vaso. Rápida como um raio, enfiou a mão no interior  do vaso, ainda em descarga, e, heroicamente, salvou do esgotamento os R$200,00 reais que, por precaução, enfiara na calcinha temendo deixar no quarto do hotel ou ser vítima de assalto. Já em nossa cama ríamos muito ao lembrar que o melhor amigo de todas as horas quase nos levou o "dinherinho" que escondêramos pensando na bandidagem de rua que ali efetivamente ali não havia.   

Fico hoje imaginando, se uma viagem à grande Califórnia, lá nos States, nos forneceria mais graça e emoções do que as que tivemos na simples e humilde Califórnia do nosso norte fluminense. Nós, seres humanos, temos inexplicáveis comportamentos e instintos. Eu, por exemplo, tenho vontade de voltar à Califórnia novamente. Isso tem cura? Dedicado à Ilza, minha esposa, netos e filhos.

   Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 06 de março de 2003.

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   54. O CANTOR PREFERIDO DO PEDRINHO.

 

Pedrinho, esse meu neto, tem algumas particularidades no seu comportamento que às vezes me fazem rir.Aniversário do Gabriel, e Pedrinho (um ano e sete meses de vida!), aborrecido sabe-se lá com o quê, partiu correndo pra cima da mãe e testou a perna dela com um jogador que testa uma bola para o gol. Fique impressionado com a atitude do moleque. Onde ele descobriu, aos dezenove meses de idade, que a sua cabecinha também poderia servir como uma arma de ataque?

Matutando, matutando, cheguei à conclusão que tinha o dedo do professor nessa história. Né, Gabriel? Elegante no seu comportamento, às vezes diz um não tão rápido como os caubóis puxando gatilho no velho oeste americano. Às vezes, quando não quer desagradar ou ser desagradado, faz cara de paisagem, e, em silêncio, ignora tudo e a todos. Não entende que não quer. Também é rápido no raciocínio. De novo a mãe dá uma bronca  nele, e o moleque diante da televisão da minha casa que passava um jogo de futebol, levanta o bracinho e sai correndo gritando gooool! Tirou o seu time de campo!

Há duas semanas, Pedrinho veio alegrar a nossa casa que anda um pouco vazia dessas alegrias que só as crianças nos brindam. Um amigo meu diz que os netos nos dão duas alegrias: uma quando chegam e outra quando vão embora. Não é verdade. É sempre muito prazeroso tê-los em casa um de cada vez. João e Fernanda, que aprontavam todas quando criancinhas, certa feita fez a vó ir se esconder atrás do sofá porque não agüentava mais as peraltices dos moleques. Os dois descobriram a vó atrás do sofá, e disseram para ela: - não chora não vó, a gente tá aqui! A vó choramingando responde baixinho:- é por isso mesmo que eu estou chorando. Snif, snif..

Voltando ao Pedrinho. O pai nos disse que em casa Pedrinho, às 8 horas da noite, dá boa noite e, sozinho, vai para a sua caminha. Nós acreditamos. Pedrinho, aqui em casa, só aceita ir para a cama lá pelas onze horas da noite, e antes de dormir levanta umas três vezes para fazer coisas que tinha esquecido. Dá um pulo da cama e diz: vô, vou escrever! Vô, qué vê Pocoiô! Vô, qué rua!

Tarde dessas aqui em casa, Pedrinho cansado de tanta rua, feira, etc., aceita o meu colo. Pra ele dormir, canto “se essa rua ...” umas seis vezes, “boi da cara preta”, outras tantas, e mais uns cinco “cai cai balão....". Já cansado de cantar e balançar  o molequinho, olho para a vó e pergunto baixinho se ele já dormiu. Ela, na poltrona ao lado, diz que “quase” e para me ajudar começa a cantar: "Tereziiiinha de Jesuuus, de uma queeda... Nem completou! Pedrinho abre o olho, levanta a cabeça, vira para a vó e lança-lhe um olhar de reprovação, como se dissesse: - dá pra você deixar o meu vô cantar pra mim? Imediatamente emendo com uma: “dorme que a cuuuuca tá no pé da caaama, e parece que acertei em cheio. Já na segunda vez ele dormiu. Com isso, me tornei o seu cantor preferido. Tô com saudade desse molequinho, em que pese a saudade, sempre, também dos outros que quando presentes enchem de alegria os nossos corações e a nossa casa.

Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 03 de novembro de 2011.

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55. VISÃO.

 

Ontem, fechei meus olhos/E imaginei o resto dos meus dias/Sem enxergar.../Então chorei.

Escrevi no momento em que soube que a minha irmã Jesuína tinha perdido a visão em consequência da diabete que a acometia.

Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 27 de junho de 1998.

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56. ME EXPLICA.

 

Poeta, por que na tua mão a caneta tem magia? Poeta que explica o que não se explica, me explica. Ensina-me, poeta, a arte de mostrar a vida, colocando a cabeça na ponta do lápis... Poeta que faz o Universo escravo da tua inspiração me explica, como consegues? Fala, poeta! Diga-me poeta, não terás, porventura, usado o bastão da fada madrinha Para tanto? Conta poeta, responde! Poeta que tudo explica, sem pretender ensinar, poeta me faz entender como se pode explicar.

Devo ter escrito este poema nos anos 80, para participar de um concurso de poesias de uma biblioteca pública, na Praça Seca. Lembro-me de ter ganho uma “menção honrosa”.

Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 26 de março de 1980.

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   57. OLHAR DE MEL.

 

De mansinho, assim meio de soslaio, dirijo meus olhos ao encontro dos olhos dela sem que ela perceba. Seu olhar distante, deitado na linha do horizonte, navega, ora para o  Leste, ora para o Sul, sem bússola que lhe indique o Norte, buscando, talvez, um sonho perdido, um acalanto de esperança ou, quiçá, lembranças de um tempo que já se foi...De repente, seu instinto selvagem avisa que está sendo observada. Ela então volta-se para mim e, no breve momento de dúvida em que tenta ler o que dizem os meus olhos, leio os seus e o olhar de mel da oncinha brava, diz-me apenas o seguinte:

- O que foi? 

Gosto de ficar olhando o semblante da minha mulher quando ela não percebe. Às vezes descubro no seu olhar ou no seu sorriso motivos para dar vasão a minha poesia. “Olhar de Mel”, é fruto dessas observações. Fica como presente de aniversário...Parabéns!

Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 13 de outubro de 2005.

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58. VINHO & CUBANO.

 

"Estás indo embora e levas contigo muitas histórias da minha vida. Belas e tristes histórias da minha vida. Como esquecer-te? Em tua homenagem, na hora da tua partida, erguerei a taça do mais puro vinho e soltarei baforadas de um perfumado e legítimo cubano. Saudades meu querido e inesquecível Século! Bravo!  Bravo!  Bravo!".

O poema é dedicado a vocês, filhos e netos que nos dão tantas alegrias. Bravos!  Bravos!  Bravos! Beijos. Feliz 2000 para todos! O pai. 

Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 31 de dezembro de 1999.

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59. ORAÇÃO ÀS ÁGUAS.

 

Benditas águas do Atlântico Sul que banham de verde e azul as praias do nosso litoral. Benditas águas que recebem nas areias das suas praias os Crentes. Benditas águas, deles recebeis flores, oferendas e águas-de-cheiro e deitai-as nos braços de Iemanjá, Senhora rainha de todos os mares. Benditas águas, sob os canhões de luzes e explosões de cores nesta noite de 31, sob os sóis de fogos que iluminarão o ano que vem. Deixai, também, que sobre suas águas derramemos nossas lágrimas de alegria ou tristeza, fé ou desesperança. Deixai que se diluam na imensidão dos seus mares e nos retornem em gotas de equilíbrio espiritual. Benditas águas que batizam nossas crenças e credos, recebeis de braços abertos e abençoai os de branco que em busca de amor e paz se esparramam pelas areias das suas praias nesta noite. Amém!

Paula, Escrevi esta oração numa noite de 31 de dezembro, como hoje. No momento em que erguermos as nossas taças, lá em Copacabana, os nossos pensamentos estarão unidos aos seus, aos do Fre, Gabriel, Roldão, Tânia, Mariana I e II, Marcelo e todos aqueles que nos são caros e que tornam fantástico esse show que é a vida! Tim! Tim! Chora não !? Beijos nessa barriga! Cleber e Ilza, seus sogros!

Cleber Coelho - Rio de Janeiro de 31 de dezembro de 2000. 

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60. LEMOS BRITO, 526-B.

Frequentemente me vêm à cabeça imagens da nossa juventude. Lembro-me com clareza dos seus braços, excessivamente magros, que contrastavam com as suas pernas. Lembro-me de um vestido seu, com decote quadrado, que realçavam suas saboneteiras. Lembro-me de quanto gostava de ver você vestida com o uniforme da Light. Lembro-me bem de quando você fez permanente no cabelo e não ficou lá essas coisas. Mas, quando se gosta, os olhos não têm olhos para ver o que não interessa. 

Lembro-me de uma noite, uma de tantas quantas passamos brigados e distantes eu estava na casa do Sérgio, irmão do Wanderley, esperando que ele terminasse o banho. Íamos, ele e eu, para o baile no Grêmio. Lembro-me que, sozinho na sala, escutava um sucesso de Miltinho. Miltinho naquela noite me fez sofrer de saudades (a bem da verdade,...me fez chorar). A música:.... "Lembro um olhar, lembro um lugar, seu vulto amado”. Lembro um sorriso e o paraíso que tive a seu lado... Lembro a saudade que hoje invade os dias meus"... 

Lembro do perfume da Dama da Noite, flor, que até hoje, quando sinto o seu cheiro, imediatamente a lembrança me transporta para o muro da chácara, no ponto em que nos despedíamos e onde encontravam-se as flores. Lembro-me das festas de São Jorge, santo guerreiro, que tantas vezes presenciou as nossas brigas e reencontros nas escadarias do seu templo. Nunca pedi a ele que trouxesse você de volta, mas ele sempre trouxe. Acho que estou devendo umas rezas para ele... Gosto dele. Lembro das corridas que levei do Velho Chico, seu pai, um homem bravo e elegante que suportou com dignidade a prisão numa cadeira de rodas, até um dia... Lembro-me da vó Joaquina dando-me broncas...- Ó menino vais embora, não vês que estais a chover!? -... (Era ciúme da neta)

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PRAIA DA DONA LUIZA - SEPETIBA-RJ

Pouco me importava a chuva e as broncas da vó. Eu resistia bravamente. Para estar perto de você, dormi nas areias da Praia da D. Luiza. Não importava a chuva, o vento frio, os borrachudos. Havia na minha cabeça apenas à vontade de estar junto. Lembro da festa dos seus quinze anos e da valsa que dançamos juntos. Foi lá no Grêmio... A leveza que se exige para valsar não era o nosso forte. Parecíamos dois postes! Você lembra?

Lembro-me muito bem da prima Helena a quem seu pai confiava a sua guarda e que guardava dele o segredo de que a filha já tinha namorado. Lembro da varanda da sua casa e  das cadeiras de ferro, Que suportavam a leveza dos nossos carinhos. Lembro-me muito bem daquele bendito relógio que religiosamente avisava-me, às 22h., que estava na hora de ir embora! AHRRRR. Mas a lembrança mais antiga e mais contundente, é a dos três meses que levei só para pegar em suas mãos, e os seis meses para conquistar o primeiro beijo. Mas, por favor, não conte isso à ninguém, Promete? Jura?

Nota: Escrevi como presente de aniversário para Ilza, minha esposa, em 12/10/02. A fonte de inspiração foi o romantismo de um período mágico do tempo que ficou no passado (a década de 60).

Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 04 de abril de 2003.

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61. CHARLIE, O URUBU FRANCÊS. (DO MEU SONHO)

 

De repente me vi transportado para um terreno íngreme, de vegetação baixa, bonita, e que me remetia a uma área existente ao lado da Casa onde nasci. Ali, cercado de urubus, recebi dos menores, pretinhos, bicudos, olhos feios, do tamanho de Pintinhos, uma espécie de manta fina de couro para proteger-me do frio que ali fazia. Ao lado dos menores havia os maiores que me rodeavam sem, no entanto, demonstrarem nenhum tipo de ameaça. Percebi que os de tamanho médio eram fêmeas, e, os machos, os maiores, com pescoços enrugados como os de Peru. Senti, a princípio, como todo mundo, o desconforto de estar ali junto dessas aves que pelo seu hábito alimentar nos trazem lembranças desagradáveis. 

No entanto, havia nos seus olhares um sentimento de proteção e acolhimento. Juntos aos meus pés, dezenas deles, muito pequenos, ainda com penugem encolhiam-se em busca de calor e carinho. Esse quadro se apagou e no quadro seguinte lá estavam todos; os pequenos, os médios e os grandes, agora enfileirados a beira de um barranco sob esplêndida luz solar. Percebi, ao meu lado, um menino, loiro, que me pareceu íntimo dos pássaros e, não sei porque lhe perguntei se os urubus davam nomes uns aos outros como fazemos nós os seres humanos. E o menino então me respondeu. - Claro! Aquele ali, por exemplo, é francês e se chama Charlie, apontando para o mais velho e imponente, de penas pretas e brancas, que parecia ser o chefe do Clã... O outro é fulano, o outro é ..., o outro é ... 

CHARLIE

Madrugada do dia 12 de março de 2006, tive esse sonho, assim, sem tirar nem por......Um urubu francês chamado Charlie.... Como desvendar os segredos das nossas mentes...? O que ela estaria querendo me dizer...? 

Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 13 de março de 2006.

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62. DIA DE BONECA.
 

Pedrinho, neto, viu uma bonequinha na estante. Pegou-a e me disse: 

Vô, vou dar para a minha irmã! 

Eu respondi: Dá sim! Ele, seguiu caminhando ao encontro da irmã, que estava na sala, mas, no meio do caminho parou, e, em dúvida, me perguntou:

Vô, hoje é dia de boneca?

Pisquei o olho pra ele e disse que sim. Pedrinho então seguiu ao encontro da irmã para lhe dar o presente, pois afinal carregava a certeza de que aquele era o “Dia de Boneca”. Vô Cleber

Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 08 de jonho de 2012.

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63. FRE E O SEU MOSAICO.

 

A vida, como a arte que a imita, é como um mosaico que se vai construindo aos poucos com todos os elementos que Deus nos deu o direito de usufruir: alegria, tristeza, riqueza, penúria, medo, coragem, paciência, ansiedade, equilíbrio, descontrole, risos, lagrimas, dignidade, desonestidade, frieza, impaciência, fé, perseverança, otimismo... etc., entre tantos do leque de sentimentos que somos presenteados tão logo nascemos. Naturalmente, o homem, por instinto de preservação, para coabitar com seus pares usou e usa toda essa sorte de predicados, bons ou ruins, de alguma forma para se manter vivo, a sua família e a sua casa. Pois é, meu filho, todos esses valores estão a nossa disposição e o grande segredo da vida é saber usá-los no momento certo. Se o seu mosaico será uma bela obra, só o tempo dirá. Mas você herdou dos seus pais, como sua mãe e eu herdamos dos nossos, muito da sabedoria dessa construção. O que eu quero dizer com isso? Quero dizer, filho, que os principais elementos desse mosaico estão no seu coração, na sua cabeça, e na sua casa. Quero dizer, filho, que os meus maiores orgulhos são as batalhas que venci quando eu mesmo já não acreditava que era capaz de vencê-las. Quero dizer, filho, que muitas vezes engoli sapos porque na minha casa tinha sua mãe, você e seu irmão me esperando. Quero dizer, filho, que desempregado, saia vestido dizendo para a sua mãe que iria a uma entrevista de emprego, mas que na verdade nem existia, e passava o dia inteiro na rua bebendo mate quente para enganar o estomago, até a hora de voltar para casa e ir, com isso, alimentando a minha fé e a dela de que um dia, breve, estaria de novo empregado. Quero dizer, filho, que um dia também não engoli sapos e mandei tudo às favas por convicção da minha dignidade e ponto de honra. Um dia, já te disse que metade de nós é parte dos nossos sentimentos que podemos dar, perder, negociar, mas que a outra metade, é o nosso currículo, nosso nome, nossa história, nossa honra. É essa metade que constrói cidadãos, famílias, e o orgulho dos nossos descendentes. É essa parte que nos fazem heróis dos nossos filhos, orgulho de nossas mulheres e admiração de verdadeiros amigos.    

Fre, meu filho, as duras lutas da vida nos ensinam alguns artifícios para alcançarmos os nossos objetivos. Observe o rio: ele não sobe e nem desce montanhas para chegar ao mar. Se não pode subir montanhas, procure contorná-las; busque  alternativas, avalie os prós e contra. Confie no seu taco. Não menospreze o seu conhecimento e a sua capacidade. Coloque as cartas na mesa; exija reconhecimento. Antes, prepare-se; fundamente as suas razões uma por uma. Coloque isso no papel; memorize. Fale com quem tenha que falar. Um detalhe: Baruch Spinoza, filósofo, diz que não devemos tomar decisão quando os nossos corações estiverem sob emoções. Na hora de negociar seja frio, calculista, deixe o sentimento de lado. Se você não buscar o reconhecimento, ninguém o fará por você. Tapinhas nas costas e elogios não pagam as suas contas. Cuida da sua saúde, aprenda a delegar serviços. Vinicius de Moraes, nosso grande poeta, já dizia em uma de suas canções o seguinte: “Você que não pára pra pensar/O que é que há/Diz pra mim o que é que há?/Você vai ver um dia/Em que fria você vai entrar/Em cima uma laje/Embaixo a escuridão/É fogo irmão, é fogo irmão!" Trocando em miúdos, filho, ele quis dizer que a vida foi feita par ser vivida, não sofrida.

Se tiver que tomar alguma decisão que vá colocar em risco a sua saúde financeira, com reflexos na manutenção da sua família lembre-se do pulo do gato. Conhece a história? É mais ou menos assim: o leopardo, querendo almoçar o gato, pediu que este lhe ensinasse os belos pulos e saltos que tanto o encantava. O gato concordou e foi pulando e ensinando ao leopardo, tim tim por tim tim, e dizendo o nome de cada salto. Em dado momento, o leopardo concluiu que já sabia todos os pulos do gato e estrategicamente montou um plano para pegar o gato num pulo. Saltou sobre o gato e se esborrachou nas pedras do riacho. Incrédulo com a sua falha, indagou: Sr. gato, esse último pulo o Sr. não me ensinou? Qual o nome desse pulo? Ao que o gato respondeu: Esse?! Esse é o pulo do gato! Pois é, filho, seja o gato dessa história..

Outra coisa: a adrenalina que tanto nos ajuda na hora de encarar os desafios, é a nossa maior inimiga quando ultrapassamos a barreira do esgotamento: nosso cérebro perde a capacidade de avaliar corretamente as circunstâncias que estamos vivenciando e às vezes, nos leva a tomar decisões precipitadas e prejudiciais aos nossos interesses. Respeite o seu cérebro e o seu organismo. Tem um ditado que diz o seguinte: o homem passa a primeira fase da vida estragando a segunda. Cuide mais da sua juventude pois você vai precisar dessa reserva na sua velhice.

Fre, meu filho, sua mãe, eu, seu irmão, Paula, Roldão, Tânia e tantas outras pessoas das nossas famílias estamos prontos para apóiá-lo em qualquer decisão que você tomar com relação ao seu futuro, esposa e filhos. Não tenha medo nem receio, creia. Deus abrirá uma nova porta para você. Reflita, pese as consequências, amadureça a sua decisão e parta convicto quando o plano estiver traçado.Tudo vai dar certo. Às vezes Deus cisma de querer ver a gente construindo os nossos mosaicos, não é? Eu sei que o seu vai ficar muito bonito, e um dia você vai sentir o mesmo orgulho que hoje eu sinto do meu. Conte comigo sempre. Um grande beijo. Seus pais.

Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 09 de dezembro de 2011.

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64. ACHO QUE VOU CHORAR.

 

Amanhã, filhos, o dia será mais bonito. De manhã já estaremos prontos, sorrisos abertos, para receber dos nossos amores, dos nossos filhos, o maior presente. O abraço forte e carinhoso, o sorriso doce, o olhar festivo, e o presentinho que a mãe comprou e que simboliza todo esse sentimento de admiração e amor pelos seus heróis. Amanhã, filhos, um sentimento estranho vai invadir os nossos corações.

Amanhã, filhos, esse estranho sentimento vai nos levar de volta ao passado, e em razão de segundos nos lembrará cada momento das nossas caminhadas. Nos mostrará o quanto foi preciso lutar para ter e merecer esse abraço apertado, esses olhares festivos, esse presentinho que a mãe comprou. Amanhã filhos, por vós, por mim, pelo meu pai, por todos os pais, erguerei aos céus uma taça de vinho e agradecerei a Deus a benção de tê-los. Amanhã, filhos, eu acho que vou chorar. O pai.

Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 08 de agosto de 2009.

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65. CENTRAL DO BRASIL.

 

"Em cada filho meu planto a esperança e a vontade férra de vencer. E em cada mestre meu a liberdade, de ensinar o que aprendeu a ler. Meu passado é de medalhas e vitórias, que com respeito soube conquistar. No campo do ensino a minha glória, e a de quantos pude ensinar. Eu sou o berço da cultura, sou respeitado, sou querido entre outros mil. Eu sou um montão de dedicados. Sou o ginásio Central do Brasil!".

Nota: Esse hino eu compus em 1982, em homenagem ao Ginásio Central do Brasil. Esse ginásio público, fica na região central do Meier. Na minha adolescência, o ginásio, como diz a letra do hino, era famoso e respeitado. A composição, entretanto, foi feita a pedido da minha sobrinha Márcia Denize, que lá estudou e precisava apresentar esse trabalho.

Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 21 de março de 2003.

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  66. COMO É BOM LEMBRAR.

 

"Quando eu era criança e você menininha, em nossas brincadeiras era só chamar a fada benfazeja que ela depressinha, vinha das estrelas prá nos escutar. Você queria, do castelo, ser a tal rainha, e eu, um grande rei, só para ti guardar. Tudo brincadeira, tudo fantasia, mas, meu Deus do céu, como é bom lembrar,como é bom lembrar, como é bom lembrar, como é bom lembrar...".

Nota: Essa cantiga eu compus em 1978 e a fonte de inspiração foram lembranças de fantasias, contos e histórias que habitavam a minha mente quando criança e que permanecem vivas ainda hoje. Esse mundo lúdico, inocente, puro, é o que me fascina. Eu costumo contar histórias para os meus netos e, disfarçadamente, olho nos olhos deles para ver a reação. Se você nunca viu o brilho de uma estrela de perto, olhe nos olhos de uma criança; ele vai estar lá. Para meus netos.

                                                    Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 26 de março de 2003.

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67. JOGO DE BOLA.

 

"Uma bola na vidraça tem depois reclamação, e o meu filho vem dizendo, ô papai, não fui eu não!  A vizinha, aborrecida, trás a conta prá pagar. Mamãe diz: ele é criança, paciência, o que é que há ?! Eu já muito chateado, tanta coisa a me esquentar, pego o carro, o vizinho, e vou à praia passear". 

Nota:  Essa canção eu compus em 1980 e a fonte de inspiração foi a vidraça da janela da vizinha que Gustavo quebrou jogando bola. Nós morávamos na Vila - Praça Seca.    

 
Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 08 de dezembro de 1980.
 
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68. MOMENTOS.

 

Naquela noite eu lhe dei meu corpo. Da mesma forma você procedeu. E foi, rosto colado, corpo a corpo, que o nosso amor resplandeceu. Cantei cantigas que você gostava, você calou, ouviu e me aplaudiu. Depois, falou de tudo, águas passadas, lembrou de desamores, não chorou, sorriu. Guardei esse momento com ternura, pois todo o seu passado foi o meu. Quem é que nessa vida de amarguras passou em brancas nuvens e não padeceu? Eu fiz um samba que já existia nos versos que a vida escreveu nas palmas de quem aplaudia, nas dores de quem já sofreu.

Nota: Este samba eu compus em 1976 e Márcio Coelho, meu sobrinho, inscreveu-o e interpretou-o num festival de canção, estudantil, realizado em 1977, nas instalações do América Futebol Clube onde hoje existe o Shopping Iguatemi-Vila Isabel. Entre 800 músicas inscritas, Márcio classificou-o em 4º lugar.  

Paula Saldanha, filha do nosso famoso João Saldanha, participante do corpo de jurados comentou, próxima a nós, que estava torcendo para que o menino louro tirasse o 1º lugar. Ela tinha votado nele. Não fosse o Márcio, eu não teria essa história prá contar. Valeu, Márcio!

Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 19 de março de 2003.

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69. PERDÃO MANGUEIRA.

 

Mangueira, ô Mangueira, me contaram a sua história, falaram das suas glórias, do seu jeito de encantar. Me mostraram a batida diferente, a bateria envolvente faz o povo levantar, (só prá ver você passar).

Mangueira, ô Mangueira, que nos deu Mestre Cartola que até Paulinho da Viola veio à homenagear. Mangueira, vejam só que sutileza, "Teu cenário é uma beleza que a natureza criou ôô (bis) 

Mangueira, ô Mangueira, estou ficando verde e rosa, não precisa ficar prosa, é o meu jeito de gostar. De agradecer à você tanto carinho que recebi no seu ninho quando fui te visitar.

Eu sou Portela, sou patente, mas hoje, sinceramente, coração tá dividido. Perdão Mangueira, por nunca ter lhe aplaudido (bis).

Nota:  Em 1992, fui designado pela Camargo Corrêa, empresa de construção civil onde trabalhei, para assumir a administração da obra do CIEP Nação Mangueirense, em Mangueira, próximo a "Estação Primeira", a "Verde Rosa". Independente da administração da obra, minha missão era fazer a política da "boa vizinhança já que o governador era o Brizola e ele tinha e tem carinho especial pela Escola. Procurei o Chiquinho, administrador da Vila Olímpica da Mangueira, que fica na mesma área onde foi construído o CIEP e expus as razões da nossa empresa. Chiquinho ficou interessado e feliz quando soube que o nosso objetivo era aproveitar o máximo da mão-de-obra local durante a obra. Chiquinho logo me apresentou ao Elmo, então diretor social da Mangueira, que, por sua vez, me apresentou seu diretor de bateria (Mestre Taranta) e tantas outras personalidades da Escola. Para encurtar: Elmo foi admitido como assessor técnico de obra e seu diretor de bateria como chefe da segurança da obra. Os dois saíram-se muito bem! Os demais indicados também. Elmo, na condição de diretor social da Mangueira, nos colocava, eu e vários gerentes e diretores da empresa, em camarotes de destaque, já que era fevereiro e tinha carnaval prá gente sambar.

Tive a oportunidade de conhecer, por intermédio dele e Chiquinho, a cantora Alcione no Teatro Rival e dela receber uma grata homenagem. Alcione, "A Marrom", de público, agradeceu aos engenheiros '"Cleber"  e Roberto o tanto de apoio que estávamos dando à escola e à realização da festa dos oitenta anos da dona Zica. Fomos aplaudidos de pé. Elmo foi presidente da Mangueira e Chiquinho é hoje Secretário Estadual de Esportes. A amizade com Elmo dura até hoje e ficou gravada na minha mente a fidalguia desse coração excessivamente humano e gentil. Elmo dizia que meu coração era mangueirense e eu não sabia. O samba foi composto em 1992, em homenagem ao Elmo e a sua escola, que me recebeu tão bem e deixou meu coração dividido, como diria Paulinho da Viola: "por um breve tempo".

Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 21 de março de 2003.

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70. VIAGENS.

 

Certo dia, levei João Victor, meu neto, aos 4 anos de idade, para viajar na barca Rio–Niterói. Lembrava-me da minha infância e das imagens que ficaram gravadas em minha mente, há 50 anos atrás, quando também fizera a mesma travessia. Naquela época, impressionou-me muito o tamanho das marolas produzidas pelo desenvolvimento da barca e o trepidar do motor que fazia tremer o meu corpo e dar- me coceira. Lembro ainda, dos golfinhos nadando na Baia junto à barca, e fazendo mil piruetas, como crianças acompanhando a chegada de um circo à cidade. Eram brincalhões, como ainda são, em muitas partes do Brasil e do mundo, menos na Baia de Guanabara de onde sumiram por conta da poluição que hoje nos envergonha e entristece.

Toda a emoção da minha primeira viagem de barca eu queria ver de novo nos olhos e no espanto do meu neto. Eu tinha certeza que ele faria uma festa diante de tantas coisas a sua vista. Chegamos à estação das barcas (Praça Quinze), na manhã de um sábado ensolarado e bem propício a esse passeio. Pagamos as passagens e adentramos ao hall de espera, quando João Victor avistou numa banca de jornaleiro uma revista do Pokemon e, insistentemente, pediu que eu a comprasse. Desnecessário dizer que a cada argumento meu contrário à compra da revistinha ele tinha dois a seu favor e ainda jogava com o seu sentimento; em outras palavras, chantagem emocional mesmo! Avô que se preza jamais negará a seu neto a revista do seu herói preferido, principalmente se este neto for o primeiro, aquele que perpetuará o seu nome e a sua história. Assim Janjão ganhou a sua revistinha.

Logo, logo a barca chegou. Entramos e procuramos sentar próximos às janelas para apreciar as belezas naturais da nossa cidade. O Cristo, o Pão de Açúcar, o Aeroporto Santos Dumont e tantas outras. João Victor, no entanto, não estava dando a mínima importância à viagem e o tempo todo da ida para Niterói pedia à vó que lesse para ele as histórias da revistinha do Pokemon. Pensei...., daqui há pouco ele vai cansar da revista e acordar para a beleza da viagem. Chegamos em  Niterói e nada dele largar a revista do Pokemon que a vó já havia lido para ele, pelo menos umas três vezes! João avistou a estátua do Araribóia e achou engraçado e estranho aquele índiozão, peladão, em pleno centro da cidade e na frente de todo mundo! Não me lembro bem se Araribóia está totalmente pelado. O fato é que João Victor ria e  nos mostrava  com seus gestos a pose do bravo guerreiro. Com as suas mãos imitava o índio tampando o bumbum e a "espadinha"; é assim que ele chama o seu documento de identidade. Seguindo em frente, procuramos um restaurante, almoçamos, demos voltas por um Shopping daquela cidade e regressamos à estação das barcas para a viagem de volta.

Cumprimos o mesmo ritual de embarque e aí pensei..., agora João Victor, cansado de Pokemon, vai acordar para a viagem e realmente se deslumbrar. Qual nada! Procurei chamar a atenção dele: Janjão, olha lá o avião pousando! Janjão, tá vendo aquele lá em cima de braços abertos? É o Cristo Redentor! E ele continuava a insistir com a vó para que lesse mais uma vez as histórias do Pokemon. Tomei uma decisão. Vou levá-lo até a frente da barca e quando ele enxergar aquela vista linda da baia, as grandes marolas e sentir o vento no rosto ele não vai  mas querer saber de Pokemon. Dito e feito, só que não adiantou nada! A postura dele na frente da barca e diante daquele cenário hollywoodiano foi frustrante para mim. A impressão que tive é que aquela paisagem, o vento, as marolas e o trepidar da barca, simplesmente não existiam aos olhos dele. Olhou tudo e ignorou tudo, so-le-ne-men-te! Voltamos, sentamo-nos nas nossas poltronas juntos da avó e ele imediatamente pediu a ela que lesse, mais uma vez, as historinhas do Pokemon. Aí eu não resisti e perguntei à ele: Janjão, você sabe onde nós estamos? E ele, com ar de espanto e incredulidade, respondeu-me: - Ué vô, numa barca! Virou para o lado da vó e... bem, o resto vocês já sabem. Já na Praça Quinze, Janjão lembrou-se do Araribóia e do Cristo de braços abertos. Ora abria os braços para imitar o Cristo, ora tapava as suas honras para imitar o Araribóia e ria. A verdade é que aquela revistinha do Pokemon levou Janjão para o Reino das Galáxias, numa viagem que eu e a vó não participamos. Para o meu querido neto. Do vovô Cleber.

Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 14 de fevereiro de 2003.

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71. CAVALINHO.

"AVÔ É UM VELHO BURRO QUE O FILHO AMANSA PARA O NETO MONTAR"  - (DR. IVAN DIAS - "PENSADOR).

 

"Em homenagem, eu não estava nem aí para essa história de ser avô, mas agora tô. João Victor, se você pensa que vou fazer das minhas mãos conchinhas, para você fazer xixi, está muito enganado. O máximo, meu netinho, que posso fazer pelo amor imenso e a alegria de te ter é servir de cavalinho pra você".

Nota: Aos cinquenta e três anos recebi, no trabalho, a notícia de que seria avô. Por conta disso, virei alvo de brincadeiras mil. Um dizia que eu ia ficar babando. Outro fez no computador um folheto onde se lia que havia um curso para aprender a trocar fraldas e limpar bumbum de bebê e, acredite, dizia, ainda, que as novas técnicas foram aprimoradas em países do primeiro mundo! Luiz Augusto, arquiteto, e hoje meu sócio, passou a chamar-me de vovô quando João Victor nasceu e inventou a história de que eu ia fazer conchinha com as mãos para o netinho fazer xixi. Foi a “deixa” para o poema acima. Ao primeiro neto, João Victor, que hoje tem 05 anos. Do vô Cleber.

Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 01 de abril de 2003.

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72. ADEUS.

 

Amanhã ele vai embora. Parte para o passado, levando consigo um pedaço das nossas histórias. No futuro, se você quiser saber, por exemplo, sobre a festa dos seus sessenta e dois anos, terá que recorrer a ele. E ele, parte de um tempo que passa, abrirá as suas 365 páginas, e, no décimo caderno, à página treze, colocará disposição da sua lembrança, como um filme em branco e preto...ah!...meu aniversário...

Estava sentada ao lado do meu filho e da minha nova nora...de frente para a minha melhor amiga... Meus netos estavam presentes, sentia-me bem....Psiu!? Psiu!?! Quem é? - Sou eu, 2008! Desculpe, preciso arrumar as malas, amanhã eu parto para o passado. Adeus, quando quiser me encontrar...

Estava vendo uma foto do aniversário dos sessenta e dois anos da Elas e me ocorreu escrever sobre como voltar a esse passado, no futuro.

Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 30 de dezembro de 2008.

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73. TEUS OLHOS.

 

Teus olhos fagulhas de amor e os meus sinceros, serenos, querendo queimar-se nos teus. Teu rosto,  querida menina, a flor que guarda a imagem singela do primeiro amor. Olha, querida menina, você me ganhou e eu muito triste só peço um favor, conserve esta vida cantando, amando e sorri. Não deixe morrer a imagem na qual me perdi. Olha querida menina você me venceu. Venceu, já dizia Caimmy, com que Deus lhe deu. Me esforço, entretanto, em dizer que está tudo normal, no fundo eu sei que perdi e me sinto tão mal.

Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 12 de dezembro de 1972.

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                  74. BOTEQUIM É LUGAR SAGRADO.

 

Meu amigo, Roberto, o Beto, que Deus o tenha, foi sempre, como assim dizer, um filósofo que de formação clássica ou acadêmica não tinha nada; a vida não lhe agraciou com a oportunidade de, um dia, formado, ter a fantasiosa alegria de, como um formando no dia da cerimônia de colação de grau jogar para o céu, junto com os demais colegas, o seu "capelo", aquele chapéu que lhes dão o título de doutores.

Ah, não teve essa oportunidade, imagina se tivesse...Rio só de pensar. Beto, independente de ser tipo um "Richard Gere", dançava muito bem, mas seu forte era o seu surdo; prá quem não sabe, um instrumento de percussão que marca com seu "tum tum", nas baterias de escolas de sambas e blocos, o andamento que o samba pede e que os demais instrumentos, também de percussão, se alinham em compasso para se fazerem uma só voz instrumental; a harmonia que, traduzindo: faz levantar das arquibancadas, na Sapucaí, ou em passarelas carnavalescas em todos os cantos do nosso país, o povão que, ao som das baterias das suas escolas, sob a batuta dos diretores de baterias, apitos nas bocas, braços maestramente elevados, indicando o que todo mundo já sabe, penso: com um pequeno gesto fazer surgir, primeiro, o repinique de caixa (ah, perdão, só vendo...) e, depois, com um gesto mais incisivo que levantam arquibancadas, o surdo, surdão, como verdadeiros Villa-Lobos, nosso grande maestro e compositor clássico/popular, mundialmente reconhecido.

Beto, tinha um surdo e o guardava como troféu por conta de tantas lembranças que tinha "surdando" nas baterias por onde contribuiu com sua arte. Foram vinte anos, juntos, de Portela, nossa escola, Império Serrano e Vila Isabel, ainda no tempo em que a "banda tocava - "gíria" daqueles tempos, que trocando em miúdos, quer dizer: era show!", no campo do América, ôxe, lembram? Mas, sabemos que o tempo passa e, independente dos nossos desejos, ele, o tempo, ao longo dos anos, trata de, sem nossas permissões, colocar em cada lado dos nossos corações, lembranças, sejam elas boas ou indesejáveis...

Mas, hoje por conta de "um papo" com Jorginho, meu amigo, que abre lá pra mim as portas do seu estabelecimento e sempre me cede uma mesa e um cantinho pra, quando inspirado, escrever minhas crônicas... Ele, hoje, rindo, sabendo da minha crônica intitulada "Botequim é Lugar Sagrado", na qual é preciso esclarecer: Beto e eu, há coisa de uns vinte anos passados, sentávamos, aos domingos, num bar, na Praça Seca, onde morávamos para falar das nossas alegrias, vidas, acontecimentos, etc, mas num determinado domingo, nós dois desempregados, Beto notou: só falávamos da tristeza, do sufoco que é um chefe de família desempregado...

Domingo seguinte, Beto, do nada, ou espiritualmente "alertado" me diz: Clebinho, tá tudo errado! Não entendi nada, mas ele trocou em miúdos...Clebinho, Portela, rodas de samba, barezinhos, botequim, aqui, sempre foram lugares sagrados prá gente, né, não? Aqui a gente sempre tratou de fantasiar a vida, dar um tempo prá essa realidade que nos sufoca...Sabe, Clebinho, botequim sempre foi "Lugar Sagrado" prá gente...Ah, quer chorar, se penitenciar, vai prá igreja! Como discordar do Beto se era alí, no botequim que a gente buscava uma válvula de escape para os infortúnios que estavam, já na boca do amanhecer nos aguardando?

Uma segunda-feira Beto foi mais longe! Clebinho, a partir dos próximos domingos, vamos combinar: você e eu, só teremos aqui no bar cinco minutos, cada um, prá reclamar da vida, das nossas mulheres, desse inferno que a gente tá passando. Ah, se for pouco tempo, a gente pede uma carga de tempo extra, mas que fique bem claro, só para o próximo domingo! Foi assim, e assim combinado, foi cumprido até o dia em que ele se foi...

Nota: A crônica "Botequim é Lugar Sagrado", é preciso esclarecer, é válida para os que verdadeiramente têm esses lugares como seus aconchegos, e berço para os seus desafogos, seja num papo relaxante com um amigo "contador de historinhas", que fazem ir às gargalhadas, ou consigo mesmo, sozinho, e só aí lhe será permitido até pensar nos seus infortúnios sem contar tempo...Mas, um conselho: olhe prás mesas ao lado...Quem sabe, você ouça uma fala, um pensamento que lhe aponte um bom caminho...Digo, um bom caminho porque, atualmente, se dependermos de, na nossa solidão encontrar preciosidades filosóficas vindas das mesas ao lado nos bares da vida, esquece!

Melhor entulhar seus ouvidos de algodão porque "você vai penar um bocado", como sabiamente nos sugere verso de uma música, salvo, e com um adendo: aqui, no bar do Jorginho, o do Liu, que teimosamente me teimo em chamar de "Bar do Jorginho", às vezes, até rola, de desavisados aqui chegarem, e, descuidados, não atentarem para o ambiente, o som, justamente pinçados e postos na caixa de som para, como te dizer? Trazer para eles, lembranças de bons tempos, quiçá dos seus sambas preferidos, das suas escolas, dos seus cantores, ou MPBs, que também contribuem para seus dias por algumas horas. Essa crônica surgiu por conta de um comentário de Jorginho, o Liu, que me disse: seu Cleber, hoje prá nossa tristeza, "Botequim é sagrado", mas nem tanto...Ri, rimos e concluímos que independente de velhos ou novos tempos, "Botequim, embora o tornem sagrados ou não, prá nós, ele é, e sempre será Sagrado". Jorginho, em sua homenagem que me deu motivos pra mais essa crônica. Grato. Salve! 

Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 07 de abril abril de 2024.

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75. DIA DE JORGE.

 

Nascido lá em Quintino/Berço bom e invejado/Conheci esse menino/De zóio verde azulado/Pra ele eu bato palma/Pra ele canto e versejo/Tem a graça de Jorge/O nosso Santo guerreiro/Sabe tudo de  quadra/Aprendeu lá no Salgueiro.

"Vem do tempo de infância/A fama de baloeiro/Mas hoje é dia de festa/Vou lembrar do partideiro/Que mandou esse recado/Quando chegou no Terreiro"

"Lá em Quintino/Qualquer roupa é fantasia/E o bom mesmo hoje em dia/É paz e amor meu pessoal”

Tem a graça de Jorge/O nosso Santo Guerreiro/Sabe tudo de quadra/Aprendeu lá no Salgueiro.

Do meu tempo de menino/De balão, pipa e pião/Da velha cama-de-gato/Que ninguém abria mão/Trago na minha memória/O carinho desse irmão.

Estou falando do “nosso" amigo Roberto HU, que aniversaria hoje: 06 de outubro de 2007. Parabéns irmão! Felicidades!

Cleber Coelho - (Beibe) e família. Rio de Janeiro, 06 de outubro de 2007.

 

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76. DESALENTO.

 

Desalento, a que me refiro, é uma música/poesia, de Chico e Vinícius, que me inspira, me atenta, me faz desejar, por conta de sua letra, falar dessas coisas, de sentimentos, principalmente no que tange as nossas idas e vindas, embarcando em "canoas" que nos levam a portos seguros, e a outros, que, por falta de cuidados nossos, desatentos, marinheiros de primeira viagem ou de segunda, a dar como diziam nossos véios avós: "com os burros n'agua" (confesso que nunca pesquisei o sentido dessa expressão) mas acredito que, como sempre deduzi que queria dizer (quebrar a cara).

Mesmo assim, a princípio, ainda falando de nós, amantes, acreditava/acredito, com certeza, de que ia/vai dar certo porque ela e eu, você e ela, sonhávamos, sonhamos, juntos, que existe sempre, a perspectiva de um "final feliz..." Putz!, Pai, Senhor..., apelamos sempre prá "Ele" nos momentos em que percebemos que nosso barco, amtes seguro, agora, de repente, começou  a "entrar água". Inseguros, não conseguimos unir esforços para vazar essa água que nos aflige, e que colocaca à prova a nossa capacidade de, unidos pelo amor, construírmos solução para conter esses "desagues", fruto, descobriremos depois, de descuidos no trato de uma relação que se queria "eterna enquanto dure" (tomei emprestada essa frase do "Soneto de Amor", de Vinícius de Moraes).

 

(Em elaboração).

 

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77. "CHICO, MEU VÉIO..."

 
Ontem, de madrugada, por conta do "dia dos pais", me lembrei muito de você, do meu véio pai que, como você, já se foram...Ah, meu véio, acredite. Hoje, prá falar dos tempos vividos contigo, ao seu lado, me veio um mooonte de lembranças..., todas que, passadas pelo crivo da história, ressalvados momentos, mais que hilários, só as lembranças me fazem rir e chorar ao mesmo tempo..., hoje, de alegria, e vou tentar te contar minhas lembranças e promessas....
 
Bem, embora você não esteja mais ao nosso lado, e nem tenha presenciado o que se passou em nossas vidas, depois que você se foi, vou tentar lembrar, tim tim por tim-tim, e te contar, tá bom meu véio? Vou começar pelo tempo em que você estava aqui. Sua filha, Ilza, era uma menina de treze anos, e eu, um moleque de quinze, e que por conta do namoro da sua filha Lourdes com o Raimundo, nos conhecemos...Foi tudo um flerte, sem graça..., nada que nos fizesse deitar em nossos travesseiros e ver, nas "estrelinhas", o fogo da paixão... , como é dito pelos que se apaixonam...Mas, aconteceu que o tempo tratou de ir nos unindo.
 
Claro, sei que você onde está, por conta desse chamego com a sua filhota, morria de ciúme...  Lembro o duro que dava na gente, e estava certo! Imagina?, você, Naval, um coroa bonito, porte de um "seal", iria aceitar que um moleque, magrinho, feio, batesse na sua porta e dissesse: "quero namorar a sua filha", imagina? Ah! você deve ter esquecido, seus problemas, na época, que concluo, deveriam ser outros, mas nem tanto...O porquê de nem tanto...? Cansamos de correr de você quando saía prá nos procurar nas ruas do nosso bairro, Quintino. Ah, véio, corri muito de você, mas, tinha um troféu! Carteira assinada! Os pais, como você, antigamente, consideravam essa tal "carteira assinada" como prova de que você, pretendente da mão da sua filha, tinha "credenciais...". Fato é que você foi se dobrando e, aos pouquinhos, aceitando a minha teimosia de "querer namorar a sua filha no portão".
 
Afinal de contas, você já sabia que o meu pai também foi da Marinha e isso contou muito! Meu véio, fui agraciado por, diplomaticamente, ser recebido por você, e, "naquela mesa", ouvir suas condições para namorar a sua filha: vocês vão poder "ficar no nosso portão, aos sábados e domingos, de 7 às 10 hr!" . Sem direito a réplica aceitamos. Foi um avanço conquistar a confiança do véio Chico, no futuro, meu sogro, um homem que, pela sua história de vida, ainda moço, aos 50 anos, teve a saúde abalada e a vida, lhe faltou...
 
Preciso acrescentar, que as regras do véio não nos dobraram....Nada do que ele impôs foi levado a sério...Nos tornamos tão íntimos que ele passou a aceitar minha presença, diária por conta da sua saúde e carência afetiva e intelectual, fora das sua regras até então, até porquê, já doente, nos tornamos um bálsamo para o seu sofrimento. Ainda jovem, se tornou cativo de uma cadeira de rodas... Antes, porém, o Véio Chico, abençou nossa relação, já noivos, e sob minha promessa de que a sua filha, casada, não teria nada menos do que eles, seus pais, tinham proporcionado à ela até então, nos deixou...Antes, ainda assistiu, em casa, a  festa do nosso casamento..., nos abençou, e pouco tempo depois se foi...Não teve a alegria de ver seus netos, não teve a alegria de ver seus bisnetos...Se foi, penso antes do que devia...Não viveu o suficiente para, como eu, e sua filha, curtir a infância dos seus netos, e muito menos o quão se tornaram homens de bem, éticos, como você foi...
 
Meu véio sogro, uma historinha prá, como hoje, relembrar minha promessa de que a sua filha, em se casando comigo, não teria nada menos do que vocês lhes deram... Véio, olha só! Seu neto, o Guto, se tornou um grande homem, pai de família excepcional, empresário... muito mais do que poderíamos desejar...Olha só o que ele fez a coisa de uns sete anos atrás. Dono de um restaurante em Búzios, por conta de aniversário de casamento meu com a sua menininha, nos proporcionou um dos mais felizes momentos de nossas vidas...Véio, acredite! Ele nos colocou no melhor hotel boutique de Búzios, o "Casas Brancas", onde, prá nosso espanto, se hospedaram, Madona, Sting, Zidane...É a gente...
 
Véio, tudo fantasia...À noite, curtimos todos nossos sonhos e fantasias pelos mágicos ambientes que Búzios nos oferecia...Véio, me atura mais um pouquinho...! Lá pelas três da manhã sua filhota, estava dormindo, me lembro, semblante alegre feliz...Imaginei, que felicidade maior poderia ter..? Ainda sóbrio, feliz, encantado por tudo, lembrei da promessa que lhe fiz.. Na nossa suíte Master, véio, havia um varandão, bem no alto, de frente pro mar...Fui até o freezer, escolhi um vinho, e me aboletei na melhor cadeira, no varadão de frente pro mar, que me deixou entre as luzes dos barcos ancorados em frente, e as estrelas que no céu que cintilavam...Estava, magicamente feliz, curtindo momento quando, ao avistar uma estrela brilhante, lembrei de você, das nossas histórias e, principalmente da minha promessa de que a sua filhota não teria, no futuro, nada menos do que vocês lhes deram...Ah, véio...sorri, chorei, consegui! 
 
Cleber Coelho - Rio de janeiro, 12 de agosto 2022

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78. NATAL DE 2023.
 
 
Mas hoje, ainda de madrugada, me doía o peito por conta da fissura de uma costela que mal cuidada ainda me dói, me incomoda...Mas é Natal, e como, sabendo da história, das dores, angústias, do nosso "Mestre", não lhe ser solidário, logo no dia do seu aniversário...?, e, nessa circunstância, como não se fazer Cristão, não suportar pequenas dores, infinitamente pequenas diante da "Sua provação..."? 
 
Perdão, "Filho", acredite: estou tentando me fazer saudável, alegre, até porque dentro de algumas horas, por Sua graça e do Pai, estarei com meu filho, Camila, querida nora, e esposa para brindar, confraternizar, e, perdão, se a gente esquecer de, a meia-noite, ao brindar, esquecer de erquer uma taça especialmente prá você...Ah, sempre existe uma tensão gostosa antes desses nossos encontros anuais tão aguardados...Até o tempinho de espera de um táxi fragiliza nossos nervos, putz! Huber presente, ô sorte! Contamos com o atendimento de um motorista, super cavalheiro, que nos brindou com a melhor pergunta que poderia nos fazer naquele momento... Perdão, mas os senhores gostariam de ouvir músicas...?, estou a disposição...Seu nome, perdão, não gravei...Douglas,  senhor...
 
Douglas, grato por sua gentileza, se der, gostaríamos de ouvir stands, como se ouve nos barezinhos onde o bom gosto impera, tipo: os melhores da MPB, os clássicos pops, como, por exemplo, inesquecíveis de grandes filmes...Ah, entendi senhor, por incrível que possa parecer, fiquei feliz por suas sugestões. Elas, são parte do meu dia a dia, principalmente quando o trânsito me proíbe de seguir, e testa a minha paciência...É, senhor, mas, como disse: é, são elas, as músicas, à quem recorro para dar volta no tempo à perder...Ô Douglas, filosófica, e poética, essa sua frase. Percebi que estávamos aos cuidados de um anjo...Como duvidar, quando dos auto-falantes nos nossos ouvidos, principalmente nos meus, atentos, surpresos, ouvem: May Way, a música que, por, além da sua letra, que pretensioso, penso, conta, também, a minha história, e se torna magistral pela sua linda música na voz inconfundível de "A Voz", Frank Sinatra.
 
Vocês nos seguiram até aqui, perceberam  que o "Filho" e o Pai" estavam no nosso "táxi", na nossa mesa, curtiram com a gente, filhão, norinha querida, esposa querida, por um bom tempo, mas, incógnitos, como lhes é divino, de fininho, deixaram nossa mesa..., missão cumprida, e agradecida, penso. Mas, os percebi, pertinho, na mesa ao lado, estampados no sorriso de uma bela senhora, aniversariante. Aplausos!
 
Ah, curtindo, matando a saudade do filho, da nora, papos iam e vinham, vinhos, uísques, águas, comes e bebes, também, mas, o que agora conta, como nos anos anteriores, são as !benditas lembranças, sejam de anos anteriores, seja a de ontem que, ainda, não nos desapegamos. A danadinha, ainda tá grudadinha! Grato, "Pai", "Grato, Filho", grato, filho, norinha, esposa, por, além de terem me proporcionado momentos inesquecíveis, me levantarem, me dizerem, instintivamente: Ô, nosso, véio, desse dia lindo, fantástico, abençoado, vai sair uma crônica? Beijos, grato, valeu, até 2024! Beijos do véio. Salve! Saiu! Beijos.
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79. NATAL.
 
 
E, de repente, é Natal! Creio que como eu, de alguma forma, essa data muda, mexe com os nossos sentimentos, na força dos nossos desejos de paz, alegria, seja em nossos lares, país, em nosso mundo, especialmente nessa época...Desejamos, rezamos, oramos pelo bem comum, universal, embora saibamos que nunca será o "paraíso" que sonhamos... Mas, o que conta, é a nossa fé, a força das nossas orações... Palavras  bem ditas e ditas pela força da fé, fazem milagres, e, quanto estão sendo necessárias!
 
Papail Noel.., ah, cumprindo sempre o que os "meus pais me prometeram, me fizeram cultivar o sentimento de esperança, o mais puro que sonhei e sonho..."Papai Noel, em minha vida se fez crença, milagre...Como explicar a alegria incontida do presente que ele sempre nos deixava nos sapatinhos postos em nossas janelas, sempre depois que o sono nos alcançava, cansados de esperar vê-lo...? Ah, esse velhinho, sempre foi mais! Por conta dele, levei meus filhos e netos aos sonhos mais belos...
 
Hoje, me vejo, na cama com meus filhos, netos, bisneta, lembrando historinhas, contando sobre ele, e, a cada minuto, tentando responder suas perguntas sobre o "o bom velhinho". Mas pai, vô, ele mora onde...?, você já viu ele? Como ele faz prá levar presentes prá todas as crianças, prá mim ...? Ele tem anjos com ele...? Pai, vô, onde ele mora, onde vive? Como ele sabe o brinquedo  que cada criança deseja...? Procurava saída prá tantos questionamentos, sabendo da minha responsabilidade de continuar mantendo essa chama acesa, essa milenar crença...
 
Hoje, filhos e netos já crescidos, cidadãos que honram nosso nome, ainda me lembro da curiosidade maior deles...Pai, vô? Onde ele mora? ...Na Lapônia... Perguntas mais vieram e, você, pai, avô como eu, claro, passaram por esses momentos mágicos e, como eu, têm "belas historinhas prá contar, né não...? Prá você, querido amigo/amiga, parentes, que, independente de ter vivido esses velhos sonhos, momentos, acredite! Eles existem! Conselho? Continuem a cultivá- los!
 
Desejo um mundo melhor contigo, meu amigo, minha amiga, e que o seu Natal, dos seus familiares, seja com um Papai Noel como o que fantasiou meu sonho, minha vida. Ah, bora não esquecer que o dia 25 é o níver do filho do Pai...Oremos por ele, oremos pelas bênçãos que dele recebemos "aed eternum". Prá meus amigos, meus familiares, por todos que comungam do desejo de que sejamos, hoje, amanhã, mais do que hoje somos! Proponho: dia 24, às 00:00, estarmos em oração pelo níver do Filho do Pai, por todos os nossos irmãos que, por conta das suas impossibilidades não poderão estar em nossas mesas...
 
Zelenski, presidente da Ucrânia, desnecessário dizer, ontem no Congresso Americano, cunhou uma frase  que nos serve de exemplo, um chamado ao reconhecimento à luta do seu povo, os ucranianos, hoje, massacrados pelo Império russo, um chamado, um alerta! E você, creio, há de refletir sobre suas palavras que penso traduzir..." "Sem energia, sob frio e fome, sob dezenas de ataques diários da Rússia, nosso povo fará nosso Natal, sob a luz da nossa crença e fé! "Um Natal de de paz à todos os amigos/as, parentes, aos nossos irmãos ausentes, ignorados...!  Um brinde, que seja por tornarmos nosso mundo melhor! Salve!
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80. MINHA MÃE.

 

Ela veio de longe, veio lá de 1911, lá do início do século XX. Naquela época não havia trem elétrico, não havia metrô, não havia fogão a gás e cozinhava-se em fogão de lenha ou carvão. Naquela época, Santos Dumont fazia sucesso na Europa com os seus pequenos aviões que eram verdadeiros milagres. Imaginem o homem voando como pássaro numa máquina pesada feita de lona, pau e ferro!? Naquela época não existia plástico, não existia  asfalto...

Religiões, por aqui,  eram  apenas três: Católica, Protestante e Espírita. Minha mãe veio de lá, veio desse tempo mágico onde os valores eram outros; simples ou complexos, mas definidos. Nada era descartável, tudo tinha o seu real valor; Seja material, afetivo ou religioso. Naquele tempo o caráter era formado pelos valores, convicções e experiências herdadas dos nossos antepassados.

Minha mãe veio de lá, veio desse tempo mágico e romântico. Veio e viu tudo! Duas guerras mundiais, o Zepelin, a primeira travessia do Atlântico de avião, a construção da Central do Brasil, do Cristo Redentor, do Ministério da Guerra, do Maracanã e...da tragédia deste...todas as Copas do Mundo, as maiores conquistas da Humanidade em todos os tempos...A chegada do homem a Lua...

Ela veio e viu tudo. Viu também o culto ao Materialismo, a “babel” religiosa, os deuses da “hora”, os laços de família esgarçados. Pelos modernos e descartáveis “valores” que de tudo nos distancia e de nada nos aproxima. Viu partir parte da sua vida quando partiram: Suas filhas, seus filhos, suas irmãs, seus netos, seus sobrinhos e marido... Veio e viu tudo. Mas nada abalou a sua crença, a sua dignidade, a sua altivez, a sua determinação e a sua Fé. Nada diminuiu as suas convicções. Nada tirou dela a certeza de que os valores que herdou e nos legou, são os valores que nos levarão ao mesmo exemplo de vida.

Minha mãe, nossa mãe, nossa tia, nossa vó, nossa bisa, nossa irmã, nossa..., nossa..., talvez, agora já cansada desse show fantástico que é a vida, aos noventa e dois anos, com saudades de Vilminha, Carlinhos, Anésio, Alexandre, Archimedes, Marquinhos, Helena, Arthur, Etelvina, Jesuína, Aplínio, João, Leny, Nely, Ary, Alceia, Filhota, Aplínio, Alceste..., queira, saudosa, fazer uma viagem ao encontro deles...Mas, mãe, por favor, não vá agora. Não se apresse, espere...não... Em 11 de outubro de 2003 ela partiu...             Do seu filho Cleber.

Cleber Celho - Rio de Janeiro, 27 de setembro de 2003.

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81. MARIA FLOR. (A PRIMEIRA DO NOME).

 

A ALEGRIA DE UMA INFÂNCIA.

A chegada dela foi triunfal. Assim como estivéssemos acabados de receber um ser de outro planeta em nossa casa. O que ela come? Que idade tem? Vive mais dentro d'água ou na terra? Essas foram muitas das indagações que fizemos quando Maria Flor chegou. Marianinha, nossa neta, cismou de querer uma Maria Flor só prá ela, e o vô foi escalado para essa missão: Conseguir uma Maria Flor para Mariana. Confesso que não foi difícil atender o desejo dela, tanto é que, pedida numa quinta-feira, já no domingo lá estava ela numa caixinha de papelão aguardando a chegada da sua “dona".

Mariana, quando a viu, decretou: Seu nome vai ser Maria Flor e o seu apelido Florinda, que tal? Maria Flor não disse nem que sim, nem que não. Se ela não disse nada é porque gostou do nome e do apelido, deve ter pensado Mariana...Maria Flor passou a ser o seu xodó. Antes de ir para a escola Mariana era só recomendações sobre o que dar de comer à Maria Flor: banho, sol..., etc.

E quando voltava da escola? Era Maria Flor nas suas pequenas mãos, beijinhos e mais beijinhos, acompanhados de mil recomendações: “Flor você não pode pegar vento", “Flor você não pode passar tanto tempo sem comer." "Flor não some, pode ser perigoso!"  Mas Maria Flor era teimosa, segundo Mariana, e não fazia nada daquilo que ela recomendava.

Certo dia, Mariana chegou da escola e não encontrou Maria Flor. Não é que a danadinha tinha sumido?! Mariana, zangada com Flor, só prometia: "Ah, Maria Flor, quando você voltar vai ficar de castigo o mesmo tempo que você desapareceu". Mas Maria Flor naquele dia não voltou, nem no outro, nem no outro. Maria Flor, a danadinha, fugiu pro céu. 

O CÉU COMO ETERNA MORADA.

Maria Flor, a primeira do nome, era uma tartaruguinha de mais ou menos cinco centímetros e quatro meses de idade, que durante uma semana conseguiu ser a maior alegria para a Mariana e, consequentemente, daqueles que a cercam: avô, avó, pai, mãe, tias, tios, vizinhos e amiguinhos. Maria Flor, não veio e não foi em vão.

Talvez, Deus tenha utilizado essas duas criaturinhas, Marianinha e Maria Flor , para nos dar uma lição de vida. Uma lição de amor. Quando se acredita de verdade que o amor existe, é possível, de alguma forma, trazê-lo de volta. Se você duvida, pergunte a Mariana se a Maria Flor não voltou. Na verdade, Flor ressuscitou no corpo de uma tartaruguinha, igualzinha, que Fre trouxe para ela dias depois.

Cleber Coelho - Rio de Janeiro, 21 de agosto de 2006.

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PROFº. GILBERTO DA COSTA FERREIRA - HISTORIADOR, ESCRITOR E PESQUISADOR. 

e-mail  cfgilberto@yahoo.com.br

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Encontro de almas do bem. | 14/04/2024
Meu querido Cleber Coelho. Agradeço, com muita emoção, suas considerações sobre minha pessoa. Um grande abraço a você e agradecendo também ao Ten. Prof. Gilberto, meu grande amigo que nos aproximou para esse maravilhoso contato. Gostaria também de conhecer sua obra literária. Meu contato no WhatsApp é (12) 9-9216-8040, Deus o abençoe. Forte abraço.
Humberto de Oliveira

Aprendendo com a rua... | 22/01/2018
Obrigado, Bueno. A rua é um oceano de sabedoria. Salve!
Cleber José Coelho

Sonhos | 22/01/2018
Salve, Grande! Adorei, me vi sentado contigo apreciando sua prosa.
Bueno Cantor

Caminhando juntas... | 11/01/2018
Tem gente que carrega a dor nos olhos e a esperança no coração!
Eliane Gama

Áquila e a lição de vida | 11/01/2018
Rô, querida amiga, grato pelas suas palavras e pela sua amizade que muito me honra. Ficar triste por problemas que, às vezes, não podemos resolver nem sempre é tão ruim. Áquila me passou uma lição de vida e uma dica preciosa: o que conta, de fato, é a alegria que está no seu coração e a tristeza também. Sem elas nunca tornaríamos fantástico "esse show que é a vida". Valeu! Beijos.
Cleber Coelho

O mundo clama por generosidade | 11/01/2018
Meu querido amigo.... escreves tão bem quanto se revela sua alma elegante e generosa.... Precisamos de mais Cleber Coelho e Áquilas no mundo... Que Deus o abençoe cada vez mais! Beijos da sua amiga e admiradora.
Rosângela Melo

A força da sensibilidade | 11/01/2018
Que sensibilidade! Consegue nos fazer sentir, como se estivéssemos assistindo o papo. Bom dia. Beijos.
Vânia Nascimento

Tem dias que a gente se sente... | 11/01/2018
Marcinho, querido amigo, é sempre um grande prazer estar com você e todos amigos e amigas, mas tem dia, como diz Chico em uma das suas músicas: "tem dias que a gente se sente/Como quem partiu ou morreu... Tenho o espírito alegre, brincalhão, mas as dores do mundo me afetam profundamente. Um beijão, irmão. Grato. Salve!
Cleber Coelho

Porções riquíssimas | 11/01/2018
Ingredientes riquíssimos | 10/01/2018 É por isso que te amo, meu amigo Comendador Cleber Coelho. Vou guardar esta linda crônica, que tem várias porções de carinho, amizade, reflexão e preocupação. Me remete a lembrar minha amiga Maria João Bastos Gaio, que triste fica, quando se depara com a situação dos pedintes. Parabéns amigo, mas, quando estiver macambúzio, chorumbático, morocoxô, respeitarei sua privacidade a encontrar com seus pensamentos.
Márcio Santana

Generosidade | 10/01/2018
Excelente crônica da vida real. Esses gestos nobres, com certeza, são do meu querido amigo Cleber Coelho. Sempre gentil, generoso com os amigos e os novos amigos. Salve, Áquila!
Maria Del Carmen Trajano

Sensibilidade | 10/01/2018
Nossa esse texto é como você, meu Comendador Cleber Coelho. De uma sensibilidade extrema, e quando tiver macambúzio, tô aqui. Minha mãe baiana usava muito esse termo.
Edna Sampaio

Um anjo oportuno | 10/01/2018
Lindo texto. A vida é isso aí, uma troca de experiências, sempre estamos aprendendo. Na verdade, esse rapaz chegou no momento certo e na hora certa, um anjo, nos dando uma ótima lição de vida. Fica com Deus, e como você mesmo diz: Salve!
Ione Gonçalves

Lição de vida. | 10/01/2018
Muito emocionante e verdadeira, a história de Áquila! Infelizmente, nosso governo não olha para os brasileiros que precisam. Viva, Áquila, que com tão pouco nos dá uma lição de vida. Que Deus te abençoe e o ilumine sempre, Áquila.
Carmen Bittencourt

Gratidão I 03/01/2018 | 10/01/2018
Olha, chocada e emocionada! Às vezes precisamos de tão pouco para sermos felizes. Basta sermos gratos a Jesus pela nossa saúde!
Eliane Gama

Amor e carinho. | 10/01/2018
Essa descrição de Áquila sobre o tratamento recebido nos abrigos, nos remete a uma reflexão profunda. Aliás o que você relatou é muito reflexivo. Às vezes, me coloco no lugar de Áquila e às vezes, coloco as pessoas à minha volta nesse papel. Como ele deu a pista! Tratar com amor, carinho e atenção resolve as piores mazelas. Salve Áquila! Salve Comendador! Vivendo e aprendendo!
Rosângela Corrêa

Um coração livre. | 10/01/2018
Sempre temos algo a aprender com alguém, ainda que impossível acreditar. Basta cortar as amarras do coração, e ele livre, estará aberto para novas emoções, novos conhecimentos, novas aventuras. Já a sabedoria, essa, continua sob nossa responsabilidade mesmo.
Mariinha de Souza Lima

Que falta nos faz... | 19/04/2016
É verdade, Carminha. O menino de meio sorriso faz uma falta danada!. Beijos.
Cleber Coelho

Vida de sonhos... | 19/04/2016
Você tem o meu respeito, grande admiração e carinho. Não vejo a hora de sentarmos juntos para fazer, nem que seja em sonho, essa vida valer a pena. Um beijo carinhoso. Grato pelas alegrias que você tem me proporcionado. Salve! Um brinde!
Cleber Coelho

Lembranças dos bons tempos... | 19/04/2016
Cleber, quantas vezes tomamos nossa cerveja nos bares, restaurantes e clubes da praça. E hoje, são só cinco minutos para falar de tristeza, porque com ele a tristeza ia embora. Suas saídas como sabe, o que é bom para varizes saíam. Bons tempos!.
Carmem Cortes

Responsabilidade a toda prova. | 19/04/2016
Poxa Cleber, é muita responsa amigo, meu saudoso parceiro Sócrates também pintava, um dia pintou um quadro e disse: Buenão, este quadro é seu, só que nunca me entregou rsrsrs e um dia numa exposição que fez junto com o cantor Fagner que de cantar e compor também pinta, colocou minha tela e ela foi comprada, dai ele disse, te pinto outra, mas não deu tempo... Sabe querido amigo Cleber, tudo dentro do seu texto, você disse que Beto teve um infarto e Sócrates muitas vezes numa roda de prosa sempre na mesa de um bar, ele como médico dizia: Buenão, a dor do infarto, é pior que a dor do parto... Um brinde amigo...
Bueno Cantor

Realização de um sonho. | 19/04/2016
Bueno, olha que coisa engraçada. O tempo, às vezes, tenta limitar situações: o minuto tem 60 segundos, o dia 24 horas, o mês 30 dias.... Mas, a amizade que aparentemente nasceu ontem pode ter 50, 60 anos, ou nem se enquadrar filossficamente nesses tempos ditados pela matemática. Com relação a você, não sei falar de tempo, sei falar que aprendi no dia a dia a ir conhecendo a sua arte, o jeito que você engana os problemas e segue em frente, o seu violão, a sua postura, sua música, estilo, elegância, a sua sensibilidade para as artes plásticas. Ter você como meu convidado numa mesa quatro seria a realização de um sonho, acho que pra ambos seria maravilhoso. A celebração da vida. Mas finalizando, queria te contar um caso e fazer uma cobrança: há cerca de 5 anos perdi um grande amigo, artista plástico, que, uma semana antes de morrer, novo ainda, em torno dos 55 anos, me disse o seguinte, pelo tanto que eu gostava dos quadros que ele pintou (um dia te mando fotos): "Clebinho comecei essa semana a a pintar o seu quadro. Não demora muito e estará pronto". Não deu tempo. Dias depois ele teve um infarto e deixou mais este vazio. Bem, agora tem você com sua sensibilidade a quem peço de coração: Bueno, de alguma forma , usando os atributos que Deus lhe deu, realize o meu sonho. Gostava muito do modo como Adilson Nunes expunha a sua criatividade, do mesmo modo como você expõe a sua.
Cleber Coelho

Adorei. | 19/04/2016
Que lindo amigo, adorei. Espero um dia sentar contigo na famosa "mesa quatro" e encharcarmos o verbo jogando conversa fora e muito chope dentro, baitabraço Cleber...
Bueno Cantor

Colo sem preço. | 19/04/2016
Betinha e Carminha, o texto é do tempo em que vocês ainda não sentavam na mesa quatro. Mas, retificando, por mérito Carminha e Betinha foram, como assim dizer, o meu colo na falta do nosso amigo. E esse colo não teve e não tem preço. Obrigado, Carminha, obrigado, Betinha. Beijos. Curtir · Responder
Cleber Coelho

Limitações... | 19/04/2016
Obrigado Elvina e Waldir. Nem me atrevo a compor. Sei das minhas limitações, mas tem hora que vc tenta, né? Não nasci com a estrela de Paulo César Pinheiro e tantos outros que vocês nos presenteiam todos os sábados, para a minha alegria e libertação. Mas hoje, e de vez em quando bate uma saudade desse "Menino de meio sorriso", que não dá para não dizer da falta que ele faz na mesa quatro. Às vezes, estando aí, penso: Ah!, se Beto pudesse estar aqui na mesa quatro vendo o "Samba de Raiz" comigo. Não se pode ter tudo o tempo todo. Curti muito a sua amizade, e foi bem a partir da sua falta que passei a ver em cada amigo de verdade o sentido da vida,como vocês que aprendi a amar, respeitar e reverenciar. Salve! Bjs na turma.Sds.
Cleber Coelho

"Descoberta" | 19/04/2016
Que lindo Cleber Coelho! Mais uma descoberta, teu lado compositor.
Elvina e Waldir Rodrigues


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