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LUIZ JOSÉ DE BRUM

 

A HISTÓRIA DE UM HOMEM FELIZ.

 


CONSIDERAÇÕES.

 

“Felizes os que buscam o resgate de seus entes queridos e não os deixam perecer duas vezes: no momento da partida e no próprio esquecimento. Quis o Senhor do Destino, que eu tivesse a grande honra e a oportunidade como escritor, de dirigir algumas palavras a todas as gerações de Luiz José de Brum, aos seus amigos e a todos que não tiveram a felicidade de conhecê-lo. Escrever para a posteridade todas as passagens vividas por um homem que somente soube fazer o bem ao seu semelhante, é algo maravilhoso e gratificante. Desnecessário elencar todas as benevolências proporcionadas pelo senhor Luizinho. Entretanto, foram seus feitos nas caminhadas do amor ao próximo, determinantes para que pudesse viver sempre ao lado do Criador, de sua família e daqueles que dele necessitavam. Os sobrenomes são modificados, as mulheres se casam, e seus filhos, assim como que por encanto, nada têm a ver com as origens esquecidas pelo tempo. Mas, os ensinamentos permanecem e a inteligência pela magnitude da vida é herdada. Procurem transmitir todas as virtudes desse honrado homem e cidadão de bem a todos que forem possíveis. Assim, todos vocês das atuais gerações dos Brum, mesmo com sobrenomes trocados pelas leis e pelos casamentos, possam demonstrar com orgulho, de onde vieram. Que todos que o conheceram se sintam honrados e orgulhosos de terem tido a oportunidade de um dia, partilhado de seus ensinamentos”.

 

Profº Gilberto da Costa Ferreira

 

 

A VALEPARAIBANA E FLUMINENSE PIRAÍ.

 

Como homenagem e tributo à saudosa memória de Luiz José de Brum, apresento uma pequena abordagem de sua terra natal, Piraí-RJ, no período compreendido de 1908 a 1945, respectivamente seu nascimento e sua mudança para Taubaté. Piraí é um aconchegante município do Estado do Rio de Janeiro, estando localizado no Vale do Paraíba Fluminense.  Primitivamente habitada pelas tribos puris e coroados, teve seu nome originado do idioma tupi e da junção dos termos pirá (peixe) e ‘y (rio), significado de “rio dos peixes”. Distante por apenas 89 km da ex-capital federal, encontra-se estrategicamente situada entre duas grandes metrópoles, Rio de Janeiro e São Paulo, ocupando 42 km de extensão da Rodovia Presidente Dutra. É um município pertencente à Microrregião do Vale do Paraíba Fluminense e à Mesorregião do Sul Fluminense, no Estado do Rio de janeiro.

 

A BELA PIRAÍ, ENTRECORTADO PELO RIO PIRAÍ.

 

Têm-se os anos de 1770 e 1772 e citadas por historiadores, como as datas em que se teria erigida a pequena Capela de Nossa Senhora de Sant’Anna do Piraí e o primeiro marco de sua colonização. Com o pequeno povoado se desenvolvendo junto a esse local histórico, alguns anos depois ocuparia lugar de destaque na economia cafeeira do Brasil Império, sendo considerado um importante centro produtor.

 

IGREJA NOSSA SENHORA DE SANT'ANNA DO PIRAÍ.

 

O COMEÇO DE TUDO.

 

É inevitável que o início do desbravamento de Sant’Anna do Piraí não esteja relacionado ao trânsito que desde meados do século XVII era feito de maneira intensa pelo Rio Paraíba, através do qual se faziam as comunicações entre as Minas Gerais e o Rio de Janeiro, e, estrategicamente ligada ao estabelecimento definitivo da cidade do Rio de Janeiro como área destinada à Corte de Portugal. Sua exuberante história encontra raízes com a intensificação do fluxo de mercadorias entre esses estados e no processo de interiorização da economia cafeeira. A partir de então, Piraí tem sua ascensão no cenário político-econômico de maneira acentuada. É elevada à categoria de Freguesia Curada em 15 de outubro de 1811 e em 17 de outubro de 1817, por força de Alvará, torna-se Freguesia Perpétua. Sua elevação à categoria de Vila ocorre através da Lei nº 96, de 6 de dezembro de 1837, advindo com isso pela mesma Lei, a criação de uma Câmara Municipal e as composições de todas as autoridades judiciárias e funcionários, da mesma maneira que ocorria nos demais municípios. Em 17 de outubro de 1874, através do Decreto Provincial nº 2.041 é elevado à categoria de cidade.

Possui como municípios limítrofes ao norte, Barra do Piraí e Pinheiral; ao sul, Rio Claro e Itaguaí; a leste, Mendes, Paracambi e Itaguaí: a oeste, Barra Mansa, Volta Redonda e Pinheiral. Sua atividade econômica baseia-se na agricultura, na pecuária, na produção e distribuição de eletricidade e, principalmente, pelas grandes indústrias, dentre elas a fábrica da AmBev. A exuberância de sua vegetação refere-se ao período terciário, onde estão compostas basicamente de espécies como canela, ipê amarelo, quaresma, embaúba e árvores frutíferas, além de inúmeras áreas de pastagens, estas, inseridas na maior cultura agrícola de nosso país.

Suas belezas naturais como o Lago do Koppland, o Rio Piraí e a Represa do Ribeirão das Lages, a Casa da Cultura, o Parque Florestal Mata do Amador, o Parque do Caiçara e a Hidrelétrica do Piraí, bem como o Casarão do Arrozal, dentre outras. Esta, uma obra prima que perdura aos nossos dias, sendo a antiga sede da Fazenda Cachoeira, um prédio em estilo colonial construído em 1911. Atualmente abriga o Centro Cultural Memórias do Vale e o Museu do Negro, cujo riquíssimo acervo contém peças utilizadas pelos escravos que trabalhavam nas fazendas de café e arroz da região, no século XVIII. Também é um marco histórico por ter hospedado D. Pedro II e sua comitiva imperial. Dessa forma, manifesta-se em Piraí o sentimento cultural de preservação da memória histórica.

 

CASARÃO DO ARROZAL, OUTRORA, SEDE DA FAZENDA CACHOEIRA.

 

PARQUE FLORESTAL MATA DO AMADOR.

 

A Represa do Ribeirão das Lages tem como formadores os Ribeirões Pires, da Prata e Machado, bem como os Rios Piraí e Paraíba do Sul e está localizada no alto da Serra das Araras. Abrange terras dos municípios de Piraí e Rio Claro no Estado do Rio de Janeiro e abastece os municípios de Seropédica, Itaguaí e parte do município do Rio de Janeiro com água potável e ainda faz funcionar a hidrelétrica de Fontes Nova, localizada próxima à capital. A história da liberação da sua construção tem início no longínquo 1907 e se estende até o final da década de 30 quando se propõe a expansão da Represa. A partir de então, devido à inundação e ao desaparecimento da cidade de São João Marcos, até então, município de significativa importância histórica e econômica no Brasil Império, seus habitantes defrontaram-se com momentos de desespero, morte e horror.

 

                                               

REPRESA RIBEIRÃO DAS LAGES.

 

PARQUE DO CAIÇARA.

 

Mesmo tombada pelo Iphan em 1939, o presidente Getúlio Vargas cancelou seu tombamento através de decreto, com o fim único de aceleração das obras de ampliação da Usina Hidrelétrica de Ribeirão das Lages. Estava resolvido o problema da falta d’agua na antiga Capital Federal, porém, com consequências nefastas.

A inundação teve início com os morros logo se transformando  em ilhas e importantes fazendas coloniais sendo extintas. O Teatro Tibiriçá, as bibliotecas, as capelas construídas com o suor do trabalho escravo e um único hospital desapareceram como que por encanto. Da noite para o dia plantações que alimentavam populações e prédios que justificavam seus tombamentos deixaram de existir. As transformações foram tão rápidas que muitos dos animais pereceram, surpreendidos que foram com a rápida subida das águas. Tudo estava submerso nas águas turvas do Ribeirão das Lajes e seus afluentes. Tudo estava acabado!

O Lago do Kopp ou Koplandd localiza-se em área de propriedade do Hotel Fazenda Espelho D' Água. Sua área é de aproximadamente 100 000 metros quadrados, de formato irregular e com águas transparentes e frias. Às suas margens, destacam-se quaresmas, espatódeas, pinheiros e amendoeiras. A pesca no local é proibida, mas os banhos e os passeios em pequenas embarcações, são permitidos e frequentes. Em seu entorno, há casas residenciais e as instalações do Hotel Fazenda Espelho D'água.

 

                                             

LAGO KOPP OU KOPPLAND.

 

O rio Piraí nasce na Serra do Sinfrônio, no município de Rio Claro-RJ e atravessa todo o município de Piraí. É um rio sinuoso, com suas águas em grande volume, claras, transparentes e de temperaturas amenas. Outrora, o rio era navegável por embarcações de médio porte, mas atualmente só é possível através de pequenas embarcações (botes, canoas, etc.), em virtude da instalação de usinas e barragens que fazem uso de grande parte de suas águas.

 

RIO PIRAÍ, UMA BELEZA NATURAL.

 

Desaguando no Rio Paraíba do Sul, no município de Barra do Piraí-RJ, o rio Piraí é abrangido por vegetação de médio porte, além de rasteira, típica de áreas de pastos em alguns trechos. Seu estuário é o esplendor da natureza.

 

O ESTUÁRIO DO RIO PIRAÍ AO AMANHECER.

 

Em 1837, teve início a construção para Próprios da Municipalidade, como a Câmara Municipal, o Fórum e a Delegacia de Polícia. Em 1917 esses Próprios foram transferidos para outras localidades, dando ensejo a que as instalações fossem ocupadas pela Prefeitura Municipal a partir de 1922 e onde atualmente se encontra.

 

PREFEITURA MUNICIPAL DE PIRAÍ.

 

Assim, dessa exuberante e acolhedora cidade onde nasceram o escritor, jornalista, advogado e magistrado Lúcio Eugênio de Meneses e Vasconcelos Drummond Furtado de Mendonça e o atual Governador do Rio de Janeiro o economista Luiz Fernando de Souza, Piraí também acolheria dentre seus filhos ilustres, Luiz José de Brum. Luizinho, como era conhecido e assim iremos tratá-lo adiante, cresceu amando a natureza, trabalhando desde menino como um gigante e com propósitos altaneiros, dotado de uma sensibilidade voltada à generosidade e amando seu semelhante como a si mesmo. Inúmeras foram as providências adotadas por ele em socorro aos necessitados da população ribeirinha do Piraí, quando, remando em um barco e munido de  sua caixa metálica  com os  instrumentos, ia de encontro aos enfermos que o aguardavam, não somente pela providência  das  aplicações de injeções, mas, sobretudo pelo amor e carinho que devotava aos mais necessitados, uma atitude humanitária que sempre despendia ao seu semelhante. Configurava-se naquele homem simples, o espelho da humildade e da bondade, virtudes contidas na extensão de seu coração. Luizinho era o homem dos sete instrumentos, ou melhor, dos mil instrumentos. Aprendeu a profissão de sapateiro ainda menino em Piraí, demonstrando aptidão e amor à profissão, bem como projecionista no cinema local à época do cinema mudo. Foi eletrotécnico, perfumista, músico, alfaiate, artista plástico e tradutor de textos. Aliás, a bem da verdade, tudo o que praticava era com competência e repleto de amor e prazer.

 

                                                           

                      ATENDENDO A POPULAÇÃO RIBEIRINHA.                                                           EM SUA PEQUENA SAPATARIA EM PIRAÍ.

 

Dessa forma, procurarei discorrer sobre a figura maiúscula desse fluminense de Piraí, que tinha a mania de praticar a bondade desde criança. Para explanar sobre sua pessoa, é preciso voltar os ponteiros do relógio do tempo a um passado não muito distante. Luizinho nasceu aos 16 de março de 1908, uma segunda feira do crepúsculo do verão brasileiro. Era filho de João José de Brum e de Adélia Brum.

 

FELIZ COM OS AMIGOS NOS TEMPOS DE JUVENTUDE EM PIRAÍ.

 

Em 1945 passou a residir em Taubaté, aonde aqui veio a constituir sua família, casando-se com Bernardina Cople de Souza, o grande amor de sua vida e aquela com quem compartilharia os difíceis caminhos que iriam percorrer. Dessa sagrada união nasceriam os queridos e abençoados filhos José Maria de Brum, Sidney José de Brum, Celso José de Brum e Maria Teresa de Brum. Como eles, seguiriam seus destinos, com a consequente caminhada inevitável de suas vidas, casando-se e constituindo também suas famílias, advindo então a segunda geração com os nascimentos dos netos Ana Maria, Joseli, Josemar e Josilene (filhos de José Maria de Brum); Alexandre e Adriano (filhos de Sidney José de Brum); Celso, Guilherme e Gustavo (filhos de Celso José de Brum); Depois, ocorreria a terceira geração, com os bisnetos Anne Stefany, Reggis, Renann, Alex, Leandro, Suzana, Matheus, Yuri, Vanessa, Estefany, Christofer, CristianNícolas, Wesley, Vitor e Gabriel. Para completar a felicidade da Família Brum, chegaria a quarta geração, com os nascimentos dos tataranetos João Pedro e Fernando (filhos de Yuri). Ana Maria, a primeira neta, com a morte de sua mãe passaria a viver em companhia dos avós, a quem, a partir dali os consideraria como pais. Para tanto, cabe uma explicação: em razão de sua tenra idade e presenciando seus tios os tratarem como pais, passaria também a adotar o mesmo procedimento. Desse modo, para ela, seus pais eram seus avós. Detalhes de uma vida... 

 

                                          

UM MATRIMÔNIO FELIZ.

 

Católico por formação dedicou à sua família os princípios que norteiam a moral cristã. Radicado em Taubaté dedicou-seao comércio de roupas de confecção própria, sendo proprietário da Casa Trevo, na Praça Campos Salles, defronte ao Mercado Municipal. Nesse ramo viria a contribuir sobremaneira com a cidade de Taubaté, com dezenas de empregos.   

 

CASA TREVO.

 

Portador de um coração incomensuravelmente bondoso, assistia a todos que o procuravam, fosse sobre ensinamentos de matemática ou outras matérias, para uma aplicação de injeção a algum enfermo ou ainda, para levar palavras de conforto e de esperança aos encarcerados em presídios, sendo Catequista, Membro da Venerável Ordem Terceira e Congregado Mariano que era, pela escolha Divina. 

 

UMA VIDA DEDICADA A DEUS.

 

Na livraria da Ordem Terceira sita à Rua Dr. Pedro Costa, depois de aposentado, desempenharia as funções de atendente, de maneira gratuíta e com a abnegação de sempre.

 

COMO SEMPRE, PRESTANDO SERVIÇOS.

 

Na culinária, preparava deliciosas pizzas, pastéis de carne assada e deliciosos bolos de fubá, desde o preparo da massa à sua finalização, e sempre para o regozijo de sua família. Somente ele sabia fazer a deliciosa bebida de abacaxi, e que, depois de pronta deixava-a no chão e debaixo da cama para curtir em lugar fresco e sem claridade, caracterizando-se assim, o segredo daquela formidável bebida que não continha álcool. 

Era uma pessoa portadora de todo o bem, encarnada de uma atmosfera imaterial a envolver certos seres, dotado de uma aura de bondade, e que se torna de difícil explicação a nós, seres humanos. Creio que não pensava em si, que não possuía ideia do quanto era importante para nós e que não media esforços para encontrar em seu semelhante a paz e a felicidade que tanto lhe faziam bem e as quais persistentemente almejamos.

Como inventor, atuava de maneira formidável. Como poeta, suas palavras ultrapassaram a barreira da intelectualidade, passando essa cultura a todos que lhe acercavam e que lhe eram caros. Foi um poeta maravilhoso, impecável em seu estilo próprio, cantando em verso e prosa sobre a natureza, a humanidade, o cotidiano, a saudade, a felicidade, os sonhos, a dor, a tristeza e a alegria. Sem jamais ter frequentado bancos escolares, fazia de seus feitos algo inusitado e inimaginável, tendo aprendido a língua inglesa lendo e procurando os significados das palavras nos dicionários e falando as línguas inglesa e francesa sem ter frequentado nenhum curso.

 

CONVENTO SANTA CLARA - ANEXO AO CEMITÉRIO DA VENERÁVEL ORDEM TERCEIRA EM TAUBATÉ.

 

No dia 24 de abril de 1981, uma sexta feira do outono brasileiro, quis o destino que seu passamento deixasse a todos perplexos. Ninguém lhe conhecia inimigos e não guardava rancores. E eu não conheci quem se sentisse tão feliz por prestar serviços aos outros, sem cogitar, jamais, da recompensa e da gratidão. Suas mãos foram a extensão da bondade e da caridade contidas em seu coração, que para socorrer a quem delas precisassem, esquecia-se de si mesmo. Luiz José de Brum, em cuja alma as rosas não tinham espinhos, está sepultado no Cemitério da Venerável Ordem Terceira, Plano 1, Jazigo 186-B da Família Brum.

Como homenagem póstuma pelos relevantes serviços prestados à população taubateana, Luiz José de Brum teve seu nome inscrito para a posteridade com a denominação de um logradouro público em seu nome, localizada no Jardim Califórnia, como sendo Rua Luiz José de Brum - Cidadão Prestante.

Descansa em paz, Discípulo da Caridade!

 

PALAVRAS QUE SE ETERNIZAM.

 

Chamo-me Ana Maria de Brum Santos e sou a neta mais velha dos 9 netos de Luiz José de Brum. Acredito ser a neta que mais conviveu com ele, pois perdi minha mãe quando tinha 1 ano e meio e meu pai casou-se novamente. Então fiquei morando com meus avós e fui criada por eles. Por isso, não o chamava de avô, mas, de pai, já que desde pequena ouvia meus tios o chamando de pai, comecei a chamá-lo também. Papai, como costumava chamar foi mesmo meu pai, pois ele que me ensinou a ter princípios, ter caráter, ser honesta, respeitar o próximo, enfim, várias virtudes que ele tinha e me transmitiu com muita sabedoria e carinho. E assim ele era um ser humano incrível.

As lembranças de minha infância com ele são inúmeras e das quais, não somente eu, mas os amigos e demais familiares agradecem até hoje. Pois bem, irei relatar algumas dessas lembranças. Ele guardava diversas seringas, as quais eram usadas quando os vizinhos o procuravam para tomar alguma injeção, então ele ia até a residência dessa pessoa e fazia a aplicação. Ele guardava também um livro que falava sobre homeopatia, o qual não largava, estava sempre estudando para saber qual homeopatia era melhor, por exemplo, para dores de cabeça, gripes, diversas alergias e etc. Uma vizinha se curou tomando homeopatias feitas por ele, que agradece até hoje, pois na época fez várias tratamentos com diversos medicamentos e médicos, não conseguia trabalhar e nem sair de casa, hoje está saudável, é aposentada e tem uma bela família.

Ele gostava muito de ler, lia até livros em inglês e francês, sabia traduzir textos e também falava um pouco desses idiomas. Não tinha formação acadêmica, mas como era muito esperto, usava muito bem a inteligência que possuía. Ele sabia muito também sobre contabilidade, até dava aulas particulares em casa. Em nossa casa havia uma bancada que era utilizada para consertar diversos eletrodomésticos e eletrônicos, como rádios, ferros elétricos de passar roupa, chuveiros, entre outros. Fazia também serviços de sapateiro, consertando solas e saltos de sapatos, além de engraxá-los com perfeição. Como ele gostava muito de se perfumar, fazia também seus próprios perfumes. Papai também gostava de música, tocava encantadoramente um bandolim, lembro-me como se fosse hoje, quando tocava para me fazer dormir. Viajávamos uma vez por ano para sua cidade natal, Piraí, no estado do Rio de Janeiro.

Então, confeccionava para todos nós as roupas para a viagem, eram vestidos e casacos. Foi também um grande alfaiate. Outra atividade do meu pai era a pintura, gostava muito de pintar paisagens e flores, fazia quadros maravilhosos. Estudou muito a religião e por isso deu muitas aulas de catecismo, inclusive no presídio aos domingos para os detentos, além de ser procurado para tirar dúvidas e debater diversos assuntos. Se ele estivesse vivo, se encantaria com a tecnologia que revolucionou a vida de todos nós. Os computadores com telas de led, as televisões em alta definição, além das telas enormes e finas, celulares que facilitam nossas vidas, com inúmeros aplicativos dentre outras ferramentas. Pena que ele se foi, mas nos deixou muitos ensinamentos que carrego e transmito a maioria deles aos meus filhos, que sentem um orgulho muito grande de terem tido um bisavô tão culto e especial.

Ana Maria de Brum Santos

 

Este homem tinha um degrau a mais. Sensibilidade de um artista, humildade de um monge, conhecimento de um sábio, inteligência de um gênio. Poucos tiveram o privilégio de conviver com ele e perceber todos estes valores. As pessoas o viam, mas não o conheciam direito, porque ele não se apresentava e não se vangloriava de suas virtudes. Aqueles que conseguiam conviver com ele e perceber a sua alma, chegavam a não acreditar que aquele homenzinho fosse tão grande em tudo o que se propunha a realizar. Era inventor, com muitas coisas interessantes, criadas como se isto fosse uma brincadeira com seus filhos. Fazia poesias e escrevia contos sendo verdadeiramente um intelectual e passando esta cultura a seus convivas. Vivia profundamente satisfeito com o que conseguira, parecendo não ter mágoas nem frustrações. Era um homem feliz. Vale a pena relatar um de seus feitos por ser algo inusitado e mesmo inimaginável. Ele aprendeu a língua inglesa sozinho, lendo e procurando os significados das palavras nos dicionários. Falava inglês sem nunca ter frequentado um curso. Ter conhecido Luiz Brum foi uma glória da qual muito me vanglorio. Este pequeno convívio me ensinou muito e tenho certeza que tantas coisas das quais hoje utilizo em minha vida, foram tiradas de seus ensinamentos.

Dr. Paulo José Pereira

 

Meu pai foi uma pessoa super especial em todos os sentidos. Dotado de uma inteligência e sensibilidade ímpares. Tenho muitas histórias para contar sobre meu querido pai. Grande homem, de estatura mediana, mas que parecia um gigante. Um poeta maravilhoso, impecável de estilo próprio, cantava em verso e prosa, a natureza, a humanidade, o cotidiano, a saudade, a felicidade, os sonhos, a dor, a alegria... Senhor Luizinho como era chamado e respeitado por todos, amava a natureza, e eu, ainda era muito pequena, devia ter uns 5 anos e nos domingos depois do almoço ele e mamãe me levavam para passear pelos campos, perto de onde morávamos, não era como é hoje. Tinha campos imensos cobertos de flor maravilha, então ele levava fio de náilon e eu ia colhendo as florzinhas e fazia pulseira, colares, coroas e ia me enfeitando e ele me chamava sempre a atenção para ouvir o cantar dos pássaros, admirar as borboletas...era um passeio incrível, voltava pra casa toda enfeitada de flores. Papai também gostava muito de ler, escrever, ouvir boa música, sempre na vitrola rodava algum disco de música clássica, ora, Bach, ora Beethoven, ora Vivaldi e tantos outros que fui apresentada ainda bebezinho, (amo música clássica). Papai era um grande contador de histórias, gostava muito de contar sobre quando eles moravam em Piraí, até escreveu suas memórias que tem o título de “Fisionomia de uma época”, fantásticos relatos. Papai era muito generoso e dava aulas particulares em casa para pessoas que tinham dificuldades para aprender, crianças, adultos, não importava a idade, lá estava o papai a ensinar. Quando as pessoas ficavam doentes e precisavam tomar injeção lá ia papai com sua caixinha metálica com agulhas, seringas, algodão e álcool atender com carinho as pessoas doentes, papai não podia ver ninguém necessitado que ia ajudar. Tocava bandolim com um primor que chegava a ser emocionante, tocava até “Árias de Bach” no bandolim, muitos especiais eram estes momentos. Fazia uma pizza, um pastel de carne assada, um bolão de fubá, super deliciosos, tudo obra dele, da massa à finalização. Foi um grande alfaiate, sapateiro, perfumista, tudo aprendeu sozinho, era um autodidata fantástico, segundo me consta ele nunca frequentou uma escola, porque em Piraí não havia escolas. Falava alguns idiomas, entendia muito de Homeopatia, tinha um livro que ganhou do Dr. Murtinho Nobre, grande homeopata.

                                                                              Maria Teresa de Brum Benedito

 

UM POETA CHAMADO SAUDADE.

 

 

SENTIMENTOS.
 
Meu coração tão forte bateu,
quando pela primeira vez,
em teus meigos olhos olhei.
O céu parecia ter mais luz
mais cores, mais encantamento,
o canto dos pássaros mais beleza
em minha alma, mais querer, mais nobreza,
mais suavidade, mais contentamento....
eu estava tão feliz, tão contente,
e por longe andava o meu pensamento
num turbilhão de sonhos e quimeras...
sei lá onde, nas flores, no mar, no firmamento?
nem sei  o que, em meu peito mexia
nem o que com acerto, dizer devia....
pois em eu mesmo, sabia o que sentia...
nem mesmo, com certeza o que queria...
Quem sabe, você com firmeza, pode me dizer:
O que é esse reboliço em meu peito a mexer?
 
 
 
SONHE!
 

"Vem meu irmão vem ver os carneirinhos
Subindo o morro!
Não havia nenhum carneirinho subindo
o morro, eu bem sabia!
Era pura fantasia!
Era o capim chamado rabo-de-burro que
com sua ondulação soprada pelo vento
fazia-me sonhar com rebanhos passeando
a minha frente.
E nesse dia que aprendi a sonhar
embora a realidade seja dura e o sol
já se esconde no horizonte dourando
as nuvens que passam languidamente
formando imagens que se vão modificando
como um calidoscópio, ainda tenho que sonhar!
Não será isso um pedaço do céu?
Não será esse proceder de se tornar a ser aquela
criança que Jesus falou?
Um dia ele disse: “Se não tornardes como um desses
pequeninos, jamais entrareis no Reino dos Céus”.
Mesmo que não seja, quero ver o céu,
As estrelas, os pássaros...
Ah! Tudo isso que povoa
a minha imaginação e o meu coração...
E é tão bonito"!
 
 
 
POETISA.
 
 
 
                     “Você disse que poetisa queria ser
                       para poder cantar com harmonia
como acerto e emoção
tudo que lhe vai na alma, no coração,
dessa Jambeiro bonita
de ar puro sem poluição
de gente boa e hospitaleira
de alma pura e altaneira
e exaltar tanta beleza.
Cantar sua natureza,
que de belo ainda ficou
nesse chão fecundo
que Cristo fez com poesia
como encanto tão profundo.
Pois eu digo com certeza
que de poetisa ou poeta
quase todos tem boa porção
e isto é muito bom
e do mundo a salvação,
pois muitos se inspiram
na alegria ou na tristeza
para conservar tanta beleza
que existe natural riqueza
por isso jogue fora a tristeza
a terra está cheia de pranto
olhe par o céu imenso e fecundo
tão cheio de encanto profundo.
Olhe par ao céu com estrelas a luzir
que parecem miríades de crianças
para a terra a sorrir.
Você poetisa é, só não tem troféu
pois sabe olhar, pensar e sentir
e também com acerto exprimir.
Olhe muito para o céu, para o céu!
Esqueça o passado que é pequeno
encerre seus olhos no imenso porvir
que é melhor que um troféu,
então um dia com muita alegria
com harmonia no coração
num futuro longe... muito longe
dessa Jambeiro cidade
recordará com emoção
e também com muita saudade”!
 
        
DISTO DEPENDE A FELICIDADE.
 
 
Um dia parti em busca da felicidade
Em meu peito levando o calor
Da minha lealdade
Buscando de alguém o amor
Com sinceridade em meu coração
Querendo que do meu sentir
Esse alguém com alegria
Já não digo com euforia
Tomasse comigo participação
Pois disso depende a felicidade
E também com sinceridade
E de mútua comunhão
O amor entre duas pessoas
É como linhas paralelas
Que juntas não correm em vão
Vão sempre puxando juntos
Com muita firmeza vivendo com delicadeza
pois linhas que se cruzam
Podem até produzir luz
Mas não dura muito
Pois é colisão
Que só por instante
Com grande brilho reluz
Mas naqueles tempos de quimeras
Que a vida é as primaveras
Em que tudo é encanto é flor
Eu quis de mão dada caminhar
E a luz das estrelas buscar
E com elas o mundo espargir
Transformando o duro presságio
Num encantado porvir
Pois em cada coração
A paz, a bem querença o amor
Depois vi com desilusão
Que tudo era arroubos
De um pobre sonhador
Hoje que já vou cansado
Com o inverno já chegado
Devo de longe me contentar
Como das estrelas a piscar
Em vez de ir buscar
Com arroubos e cegueira
Das estrelas para o mundo
Sua luz, sua gala
Devia me contentar com a bengala
Que me ajuda a andar
Com o calor da lareira
Com, a lua, o sol a brilhar
Ou com meu televisor
Mas ainda continuo a sonhar
Embora saiba que o mundo
Como eu quero não posso mudar
Mas sei que um pouco eu posso
Com prudência melhorar
E a felicidade ainda encontrar
E ninguém me impede
De com meu tapete mágico
Que é meu modo de sonhar
Por imensas plagas
Por jardins encantados
Cheio de calor no coração
Por eles viajar
Com encanto e muita emoção!
 

 

OS DISCÍPULOS DE EMAÚS.

 

Era o primeiro dia da semana,

Com um belo sol dardejando,

Por campos, colinas e savanas,

Com magia pintando,

Enchendo de beleza,

Tudo de belo, a natureza.

Mas, para os discípulos de Emaús,

Que, para sua cidade iam,

Com languidez regressando,

Tudo era tristeza.

Do grande mestre, iam falando,

Do grande rabino Jesus,

Falavam de seus milagres,

E de seu sacrifício na cruz.

Quando passavam pelos zagais,

Que conduziam seus rebanhos,

Pelos lírios dos campos em flor,

Por perto dos trigais,

Lembravam das parábolas

De seu mestre e Senhor.

E isto os torturava,

Os acabrunhava,

Já com pouca esperança,

Quase sem fé, sem confiança,

Tinha no peito amargura...

Não parece tudo loucura?

Não era de Israel, o Salvador?

Nem a beleza do sol,

Nem o céu, o seu arrebol,

Nem mesmo o canto,

Repassando de encanto,

Do mavioso rouxinol.

Tinham para eles, beleza.

Tudo era tristeza.

Eis senão quando surge, um viandante,

Que a eles se ajunta, a caminhar,

Trazendo a paz e firmeza no semblante,

E pergunta-lhes: - que estais aí a falar?

Por ventura tu, ó forasteiro,

És o único que não sabe

O que é notório, quase que no mundo inteiro?

Depois de, com mágoa,

Os discípulos contaram,

Começando com Moisés

Passando pelos profetas

Tudo com detalhes explicaram

E quando à casa chegaram,

Jesus com eles entrou

E na partilha do pão, se revelou.

E depois desapareceu

E em seus corações

A fé novamente se acendeu.

E diziam cheio de confusão:

- Que cego somos nós?

Não víamos que quando

Ele falava-nos, sua voz

Como em suave melodia,

Nossas almas de paz enchiam,

E nos abrasava o coração.

E célere voltaram a Jerusalém,

Já sem amargura,

A contar toda a ventura...

Quantas vezes, Senhor,

Conosco viajando,

E tudo nos explicando,

Nada entendemos,

E mundo sem cruz queremos...

Abri, Senhor, nossos ouvidos,

Para bem escutar.

Soltai-nos nossa língua,

Para tanta doçura cantar.

Abri, Senhor nossas vistas,

Para com deslumbramento

Toda beleza ver.

Ai de mim, Senhor,

Se isto não quizerdes fazer,

Quem é bastante sábio, para tudo bem entender?

 

HORA DA SAUDADE.

 

Lá num passado distante,

A minha mãe e meu pai,

Meus irmãos, eu ainda de calças curtas,

O canto dos passarinhos em profusão,

As pastorinhas, os folguedos,

Em dias ensolarados,

Nas praias limpas dos rios,

O rio Piraí, límpido e calmo.

Os passeios pelas matas floridas e perfumadas,

Os repiques festivos dos sinos,

As festas de Santa Ana,

O mês de Maria,

As cotidianas dez badaladas,

Da hora da Ave Maria.

Os lampiões de gás, Aquela cidade limpa e pacata,

O seu povo simples e amigo,

O canto melancólico da cigarra,

Tudo numa sentida e profunda saudade.


 

 MEMÓRIAS INACABADAS.

 

A obra "Memórias Inacabadas", de seu autor, o poeta Luiz José de Brum estava em seu pretenso e eterno descanso, quando as pedras vieram a se encontrar. Todo grande poeta tem em si e em momentos especiais de suas vidas, algo que podemos definir como "memórias". São palavras que não conseguiriam atingir o "nascer" para os leitores, e que, por obra da Providência Divina, um dia, seriam encontradas e publicadas. É o caso deste que foi sem dúvida um "poeta do ostracismo", autor de depoimentos vividos em uma época distante, e aquele que decorrido um século depois, seria possível torná-lo público. Trata-se de uma narrativa impecável para todos nós leitores, de uma importância histórica para todos os piraienses e de um conjunto de depoimentos fabulosos para a historiografia brasileira. Através de seus familiares e principalmente na pessoa de sua filha, Maria Tereza de Brum Benedito foi possível sua publicação. A história agradece!.

Profº Gilberto da Costa Ferreira

 

 

FISIONOMIA DE UMA ÉPOCA E DE UMA CIDADE.

 

PRÓLOGO.

 

Não há nada mais divertido do que lembrar as coisas que se passaram quando a gente era criança, mormente, seja a gente já passou dos sessenta. Todo mundo tem uma estória para contar, pois a vida corre vertiginosamente, a ciência avança em todos os campos e as cidades se transformam e o modo de vida também, as coisas bucólicas desaparecem dando a vida uma agitação mecânica e enervante, hora me parece que até o amor se dilui nesta agitação. Quero mostrar àqueles que lerem estas páginas algo que se passou lá pelos anos de 1908 ou mesmo muito mais para lá. Mil novecentos e oito é o marco, mas, obviamente desse marco decorre um grande período e a esta narração darei o título de “Fisionomia de uma época”.

 

FISIONOMIA DE UMA ÉPOCA.

 

Piraí é uma pequena cidade do interior do Rio de Janeiro, situada à beira do rio que lhe emprestou o nome. Está metida entre montanhas, naqueles verdejantes tempos dessas densas matas que a circundavam e era uma pequena cidade de ruas limpas, como ainda o é hoje, graças a bons hábitos adquiridos com a ação disciplinadora de um velho fiscal municipal o Vicente Improta. Embora naquele passado longínquo de 1920, o povo citasse seis ruas, na verdade o que se podia chamar mesmo de ruas eram somente quatro que enumero em ordem de valores: Rua Comendador Sá, Rua Barão do Pirái, Rua do Matadouro, Rua do Castelo, Rua da Palha e Rua dos Picões. Como já disse atrás só quatro poderiam ser chamadas de ruas, pois as ruas dos Picões e da Palha eram simples estradas que ligavam a cidade a fazendas ou outras cidades e além disso a Rua da Palha só tinha uma casa que era uma oficina de ferreiro. A Rua dos Picões começava num largo que por falta de um nome oficial o povo batizou com nome de Largo do Serafim, por que ali tinha um armazém do Serafim, ela seguia marginando o morro chamado “Morro da Capelinha”, tendo do lado de baixo uma pirambeira que ia até o rio e só lá no fim da mesma que havia duas casas empoleiradas, um pequeno plano do morro e outra em frente metida num plano mais baixo que a estrada, com nome de rua. A cidade tinha ainda cinco becos sem nomes, que recebiam os nomes de acordo com os moradores mais importantes das esquinas dos mesmos. Tinha também seis largos que eram o Largo da Estação, Largo da Cadeia e Largo da Igreja e outros três que eram como os becos, sem nomes, eram batizados pelo povo com o nome do personagem mais conhecido. A Rua Barão do Piraí era a maior, ela dominava quase que a cidade toda, começava na estação e ia até a ponte que dava acesso ao Largo do Lima e a Rua da Palha. Todos os becos começavam nesta rua e terminava no rio, ela era pavimentada com grandes pedras desiguais, algumas medindo mais de 60 cm por 70 cm ou mais, três dos becos eram também pavimentados da mesma forma que os logradouros principais, isto é a Rua Barão do Piraí, Rua Comendador Sá, Largo da Cadeia. Da Rua barão do Piraí seguiam duas ladeiras em direção ao Cruzeiro de pedra e daí mais para cima seguia uma só ladeira que ia dar no adro da Igreja de Santa Ana. De trás da Igreja seguia um caminho que vai zig-zagazeando até o alto da Capelinha. Do lado direito da Igreja de Santa Ana desce uma ladeira até a Rua Comendador Sá e outra ladeira que vai dar no cemitério. A Igreja em relação ao tamanho da cidade é bem grande e bem construída, as suas imagens são muito perfeitas, são verdadeiras obras primas. Elas por si só já são uma pregação evangélica. Criaram até uma lenda que o cabelo do Senhor Bom Jesus crescia, eles eram cabelos naturais, talvez seja esse o motivo da lenda. As ruas da cidade eram mal iluminadas, por que a iluminação era feita a gás de carbureto em grandes lampiões sobre postes de ferro. Assim todos os dias a tardinha o homem encarregado desse trabalho ia recarregá-los com carbureto e água, por esse motivo que era fraca a iluminação. Em dia de festa as ladeiras que vão dar na Igreja a guisa de lâmpadas, estão colocadas em canas de bambu cheios de querosene, tendo em cima um bocal de folha de frandes com um grosso pavio, para não apagar facilmente com as rajadas de vento. A partir daqui vou contar as minhas memórias em forma de crônicas:
 

   A FESTA.

 

As ruas por onde ia passar a procissão estavam todas enfeitadas com grandes arcos de bambu e bandeirinhas de diversas cores. O Largo da Igreja, assim como as duas ladeiras que vão dar na Igreja de Santa Ana estão cheias de barracas de prendas,também do “jogo do jaburu” e “jogo de dados”. Começaram a soltar os foguetes, a banda rompeu tocando um buliçoso dobrado. Eram cinco horas da madrugada, a criançada que havia esperado com ansiedade aquele momento salta da cama pressurosa e sem mesmo procurar agasalho ou sapato vão acompanhar a banda. Os adultos não menos entusiasmados do que a criançada são apenas comedidos. A cidade toda acorda e as ruas ficam cheias de pessoas de todas as idades, a expressão de todos é de muita alegria. Mais tarde os sinos da Igreja são repicados festivamente, chamando os fiéis para a Missa. Pelo dia afora o povo movimenta-se pelas barracas comprando prendas, doces ou fazendo uma “fezinha” nas barracas de jogos. Às três da tarde a banda saía mais uma vez tocando marchas e dobrados e na frente da banda iam moças com sacolas vermelhas arrecadando donativos para ajudar na festa. À noite depois da ladainha o povo se aglomera em volta do “leilão” que está armado junto ao coreto da banda. As prendas são caixas de laranjas, pencas de bananas, caixa-segredo, jóias finas e novilhos e não pode faltar a brincadeira de mau gosto, o famoso vidro de óleo de rícino acompanhado de uma rolha e um limão, que rende quase tanto quanto a melhor prenda, pois tem sempre um gaiato que arremata para oferecer a alguém. Depois de cada duas ou três prendas arrematadas a banda toca um buliçoso dobrado. Terminado o leilão segue-se a queima de fogos de artifício, não faltando à famosa pomba que percorre um arame esticado e vai acender o painel do Santo festejado. E como despedida a banda toca o seu último dobrado. É dia de festa em Piraí!

 

OS BARCOS.

 

Quem passasse pela ponte para ir à Rua da Palha ao Largo do Lima ou Santa Rosa, como outros a chamavam viam lá embaixo ferros de um grande barco metido na terra com parte dentro do rio. Isto antes de 1915 mais ou menos por que depois disso ele foi totalmente destroçado assim como outro que ficara nas mesmas condições, nos fundos da casa dos Borges e vendidos como ferro velho, talvez como material para a primeira guerra mundial. Isto suscitava uma pergunta por parte daquele que não acreditava no que via. Então este rio já foi navegável? Sim respondia algum velho habitante de Piraí, e saudoso dizia: era uma beleza ver os barcos deslizando nestas águas impelidas pelos remos manejados por adestrados e fortes remadores. Eles levavam carregamentos de café, feijão, arroz e muitas outras coisas, muitas pessoas corriam para as margens para vê-los partir e regressar, era uma alegria! Naquela placidez da cidade quase sem ruídos, se não o das vozes humanas e dos muitos pássaros que cantavam sempre festivamente. Quando eles partiam ou chegavam eram anunciadas pelas vozes dos barqueiros que cantavam canções ritmadas para tornar mais fácil aquele árduo mister. Tudo isso tinha magia, beleza e encantamento. Pois é, esta destruição desta beleza começou por volta de 1900, mais ou menos. Lá apareceram os engenheiros com ajudantes munidos de apetrechos de sondagens e medições e começaram a fazer os estudos para a construção de uma barragem a fim de acionar uma usina elétrica. O povo ficou alegre ia haver muito trabalho e este bem remunerado. A construção da barragem foi começada com afinco, mas mesmo assim o término foi demorado, até que um dia foi terminado e suas comportas fechadas enquanto um mar de água doce se formava acima da barragem e o rio cá embaixo minguava, deixando os barcos e canoas metidos na areia. Depois disso veio o pior, as árvores ficaram dentro da água e apodreceram e encheu de mosquitos e com eles a malária ceifou milhares de vidas e muitos fugiram de lá. E o rio que outrora era encantamento, prosperidade e beleza agora é vida para outras cidades que usufruem da energia elétrica. Foi depois disso, morte para nós e agora corre lá embaixo minguado, porém alegre e murmurante!

 

  O ANTONIO CRISTÓVÃO E A ESTRADA DE FERRO.

 

Um dia eu ia passando perto de uma casa que ficava em frente a cadeia, quando um homem barbudo de cabelos brancos surge à porta berrando o Hino Nacional, gesticulando como se tivesse batendo um par de pratos de banda musical dizendo: “taratchin, taratchin, taratchin, taratchin... Era a primeira vez que via o senhor Cristóvão, levei um enorme susto e saí correndo. Chegando em casa contei à minha mãe o acontecido, fazendo o propósito de nunca mais passar por ali, o meu medo era infundado, mas eu tinha apenas seis anos. Ela me acalmou dizendo que ele não fazia mal a ninguém, nunca mais o senhor Cristóvão me saiu da lembrança e bem mais tarde eu vim, a saber, da sua mansa e patriótica loucura. Eis o porquê. Com o rio agora inavegável por barcos de grandes calados teriam que arranjar um meio melhor de transporte que o feito no lombo de burros. Foi então que Antonio Cristóvão encabeçou um movimento a fim de formar uma sociedade para construir uma estrada de ferro e assim conseguiu que outras pessoas compartilhassem com ele na empresa. Formada a sociedade, começaram a abrir a estrada que ia margeando o rio, fazendo todas as curvas que este fazia, pois do lado de cima era cheio de morros em quase toda a extensão. Ela devia ir até Santana, um distrito de Piraí situada cerca de vinte km distante da sede, era o meio mais fácil, pois abrir túneis embora diminuindo a distância ficasse mais cara a obra. Como quase sempre em todo movimento surge um Judas (São João evangelista disse que Judas era ladrão) aqui também surgiu um que fez a empresa falir. O sonho de Cristóvão foi por água abaixo, ele não suportou a desilusão e daí a sua loucura. Ele não ficou totalmente arruinado pois tinha outros bens que o sustentariam até o fim da sua vida. Mais tarde a Rede Sul Mineira instalou um ramal em Barra do Piraí a Passa Três, passando por Piraí, hoje não há mais estrada ferro, somente a de rodagem.

 

AS ELEIÇÕES.

 

Hoje é dia de eleições as ruas estão apinhadas do povo da roça na cidade, muito mais da roça, por incrível que pareça – mais na frente darei nota do motivo- Minha mão não permitia sair na rua, pois era muito perigoso. Enquanto meu pai saia para votar minha mãe fica rezando para que tudo saísse bem. Eleição naquele lugarejo, em Piraí era o mesmo que uma guerra, era preciso ter muita coragem para exercer o direito do voto naquele tempo, ainda não era um dever, podia-se bem deixar de votar o que era mais cômodo para aqueles que não queriam encrencas, sempre havia brigas entre os mais acirrados e brigões estava o Galhano que segundo contavam tinha construído uma cadeia clandestina embaixo de sua casa, a casa era enorme e tinha um vasto porão onde funcionava a sua cadeia particular. O outro era Antonio Siqueira que havia enfrentado muitos tiroteios e sempre saíra ileso dos mesmo. Dizia que o motivo disso era ele ter uma cruz de cabelo no peito. Estes não eram os principais políticos, mas simples cabos eleitorais. Contavam que certa ocasião o tiroteio e a balbúrdia foram tão grandes que alguém montou no cavalo sem desamarrá-lo e outro correu ferido para se esconder no cemitério e lá morreu. Um outro saiu correndo do posto eleitoral e tentou  pular a grade de ferro em forma de lança que cercava a cadeia onde funcionava esse posto e ficou espetado nas mesmas, desta feita o Antonio Siqueira foi baleado e morreu. Então diziam que acertaram por que balearam pelas costas. E assim eram as eleições, por muito tempo, dos Siqueiras não se tem mais notícias, mas os Galhano foram se purificando e hoje são pessoas boas e pacíficas.

 

    O CARNAVAL.

 

Os Caturras - Se as eleições naquela terra e naqueles tempos idos e distantes eram uma guerra o carnaval não era muito menos que isso. Lá havia clubes carnavalescos que disputavam a preferência do povo e tudo faziam para isso. Ensaiavam passos, ensaiavam para apresentar uma boa bateria, mas quando isso redundava em fracasso fazia valer a força bruta. Era o quebra pau e dessas brigas saíam muitos feridos, até certa vez houve uma morte numa dessas brigas, por esse motivo as crianças eram proibidas de tomar parte nesse tipo de diversão. Sendo as crianças eternas imitadoras dos adultos também resolveram fazer o seu carnaval e munidos de latas de banha, à guisa dos tambores, saíam pelas ruas batendo as suas latas. Como fantasias usavam gorros feitos de papel com armação de arame e como os adultos formavam dois blocos, meu irmão mais velho chefiava um desses blocos, na nossa casa havia um grande rancho onde se ensaiava. Numa outra casa um pouco mais adiante o outro grupo era liderado por um rapaz chamado Humberto que tinha o apelido de “manteiga”. Certa vez uns meses muito antes do carnaval os dois grupos saíram pelas ruas fazendo uma barulhada estridente com suas latas e como faziam os grupos dos adultos, quando passavam em frente da sede do outro tocavam os seus tambores e latas, andando em círculo empunhando as suas bandeiras até que fosse respondido com a presença do outro que trazia a sua bandeira que era encostada na do visitante como se fosse um cumprimento, depois desta cerimônia delicada partiam. Mas quando os dois blocos se encontram na rua, aí  um queria superar o outro com suas baterias. Naquele dia depois desta troca de cortesia como faziam os adultos o nosso bloco se encontrou com o do Humberto em frente a cadeia e cada um batendo um ritmo diferente era um pandemônio, era um barulho ensurdecedor. Foi quando surgiu o soldado que estava de plantão e deu um pega nos carnavalescos que bateram em retirada. Estaria terminada a brincadeira se o capitão Basílio que era amigo do meu pai e do pai do outro garoto não viesse em nosso socorro. Ele era o delegado e não concordou com o que o soldado fez e foi falar com os nossos pais. O papai que era animado e muito jeitoso e agora com aquelas palavras resolveu fazer alguns tambores com pele de cabrito e com as mesmas latas cilíndricas de banha, tirou o fundo das mesmas e construiu alguns tambores que com certeza teria um som melhor e menos barulhento, seguindo assim as recomendações do Capitão. Com essa modificação o nosso grupo tornou-se bem parecido com o dos adultos, foi então que o pai do Humberto, o senhor José de Deus Cople, também muito jeitoso, veio até meu pai e disse: compadre Brum, vamos fazer um clube só para a criançada? José de Deus era padeiro e tinha uma banda musical e sabia compor músicas. Mais tarde ele convidou o seu primo Roque Cople que também tocava flauta, piano, bombardino e violão, então o senhor Roque comporia as músicas, o José de Deus a letra e meu pai João Brum idealizaria os carros alegóricos e os três com ajuda de voluntários armariam tudo, pois, eles eram armados sobre carros de boi. Este começou para crianças e foi uma atração e até motivo de turismo por parte de moradores do Rio de Janeiro, mais tarde ele recebeu uma ala de adultos. O senhor José de Deus sugeriu que o clube devia chamar-se “Clube dos Caturras”. Um dos clubes era o “Destemido” que usava a cor preta e branca que era chefiado por Virgílio, ele tocava violão e compunha também as músicas. Este clube era só de pessoas negras e com má vontade consentiam a presença de algum branco enquanto o outro clube o “Flor de Lira” fosse só de brancos, não fazia oposição da entrada de negros. O  clube “Flor de Lira” usava a cor azul e branco. Os “caturras” que foi o último tinha as cores verde e encarnado. Cada Clube tina a sua própria música e letra que versava quase sempre com o mesmo nome onde cantavam os seus valores, ou fazendo desafios, conforme fosse o estado de espírito na ocasião da composição. Mas mesmo em ocasiões de rixas, um Clube ao passar em frente à sede do outro devia fazer as devidas cortesias que consistiam em ficar dançando em círculo o que era correspondido pelo outro Clube que trazia a sua bandeira à porta> Se não fizesse essa cortesia com certeza um estava menosprezando ou desafiando o Clube do outro. Como já disse o Carnaval em Pirái atraía pessoas de outras localidades, mormente pelo Clube dos Caturras. Os presidentes dos Clubes sempre eram sempre os mesmos, não havia renovação de diretoria e assim sendo logo apareceram as fofocas. O Manoel da Bela acusou os diretores dos “Caturras” de estar se enchendo de dinheiro a custa dos “Caturras”, sendo então foi o fim dos Caturras, mas antes dos seus diretores o abandonarem fizeram um último desfile a fim de responder as críticas. Para isso fizeram um bebê agonizando vestido de verde e encarnado numa padiola enquanto um médico com cabeça de burro procurava salvá-lo, mas o “bebê” acabou morrendo. Em outra padiola ia um barrigudo sentado tocando bumbo carregado por quatro crianças enquanto todos que acompanhavam cantavam o seguinte:

    

     “Os diretores deste clube

     Não tem mais o que fazer

     Só tratam de carnaval

     Com o fito de comer

     Todos andam barrigudos

     Fartos de se encher

     Bravos! Bravos Caturrinhas!

     O que haverão de fazer?

 

     Aqui se fazia uma pausa e então um gritava:

     _ “Viva o barrigudo”!

     E depois a música continuava.

 

     A charanga toca

     Repenica o sino

     A conta do “arame”

     Está no Banco Tamarino

     Está no Banco Tamarino”

 

     Nota: arame era a gíria usada àquela época e que se referia a dinheiro.

 

Aqui temos outra música que foi cantada quando o Clube já tinha fama e era frequentado por pessoas de fora da cidade:

 

     “O verde e encarnado

     Que nunca terá rival

     Samba caturras e caturrinhas

     Do verde e encarnado

 

     Caturras que vem de fora

     Caturras que são daqui

     Cantemos todos unidos

     Nesta bela Piraí!”

 

Parece que o clube das crianças os "Caturras” teve um papel disciplinador naqueles carnavais de Piraí que dizia assim:

     “Triunfo é pau e madeira

     É lenha ou quero

     Ver na ponta de faca

     Quero ver sangue correr”

 

Com a vinda de pessoas de fora da cidade para assistir o carnaval, a mentalidade mudou deixando de ser guerra para ser arte. Ainda há tempo de dizer: Na alegoria do médio burro e do barrigudo carregado por quatro crianças o primeiro representava o acusador e no segundo a diretoria. No micaremos eles fizeram um Judas representando o Manoel da Bela e com isso estava terminado a fofoca e o Clube dos Caturras!  

 

QUARESMA E SEMANA SANTA.

 

Lá por aqueles idos tempos a quaresma começava realmente à zero hora da quarta-feira de cinzas. Raramente algum baile acabava depois da meia noite, pois era costume começar mais cedo que os de hoje, oito e meia no máximo era o horário de começar e ninguém dançava mais depois que o relógio da Matriz batesse as doze badaladas da meia noite. O mestre-sala vinha e anunciava quanto tempo faltava para meia noite, para que todos aproveitassem a última música daquela noite, não haveria bis. Depois das doze badaladas começava a “Quaresma”. Quarta-feira de Cinzas a Igreja se apinhava de gente que ia receber o sacramental das cinzas. O padre fazia uma cruz na testa de cada fiel e este saía daí sem limpá-la, assim dava-se início o tempo da penitência, agora ninguém mais cantava músicas carnavalescas e nem havia bailes neste período.

Eram iniciadas as vias-sacras, com o Igreja na penumbra, pois a iluminação era feita com velas de cera de abelha (cera virgem) que recendia um leve cheiro de mel, infundia um mistério, um temor, um respeito, fazendo lembrar os cristãos das catacumbas de Roma. Uma garota levava uma grande cruz de madeira (leve), tendo sobre a mesma uma faixa estreita de linho branco com sinais de vermelho, representando sangue, esta faixa fica sobre os dois braços da cruz dobrada em forma de um grande “eme”. Outro garoto levava uma tocheira para que o padre pudesse ler as orações do ritual. Enquanto o padre lia as meditações correspondentes a cada estação todos ficavam de joelho silenciosamente. A Igreja de Nossa Senhora de Sant'Ana fica num outeiro e atrás dela sai um caminho que vai até o topo de outro morro onde há uma Capelinha da Santa Cruz. Era costume de todo povo de Piraí ir lá ao alto para simplesmente descortinar um panorama de matas recamadas de flores roxas, as quaresmeiras, e ver lá de cima o rio serpenteando entre ubazeiros, bambuais e ingazeiros, e sentir a beleza das flores dos maracujazeiros espalhados aqui e acolá ou levar alçapões e gaiolas com alçapão para apanharem aves canoras que abundava aquela região. Era um verdadeiro paraíso de aves e flores silvestres, trepadeiras ou simplesmente ouvir o coro de aves e principalmente o sabiá ou o pássaro preto que nós o chamávamos de melro.

Mas naquele dia ninguém ia até lá, só até a Igreja, porque era quinta-feira Santa. As donas de casa depois do meio dia não socavam mais paçoca e nem o café. Sim, o café naquele tempo era socado em casa, no pilão. Até as rixas cessavam, pois, o dono do bilhar colocava quatro tacos em pé em forma de pirâmide como sinal de que ninguém deveria usá-los naqueles dias de silêncio e respeito, que só seriam quebrados no Sábado de Aleluia.

Sexta-feira de manhã muito cedo seis horas mais ou menos os armadores iam piedosamente armar apropriadamente a Igreja para aquele dia. Esses homens que exerceram esse trabalho extra e gratuitamente por muitos anos eram eles, meu pai João Brum, Roque Cople e Antonio Nolasco Cople. Para vocês verem quanto pode a boa vontade vamos conhecer cada um dos armadores. João José de Brum tinha sido lavrador, dono de uma pequena gleba. Quando teve necessidade de colocar os filhos na escola se desfez da terra e foi morar na cidade e embora não tivesse escolas tinha dois professores com um grande número de alunos. Como João não era rico se dedicou a profissão de pedreiro, a qual já praticava antes de sair da lavoura e mais tarde construiu um forno na casa da sua mãe que havia se  mudado para Taubaté e começou a fabricar doces. Isto já lhe dava uma boa renda e um serviço daquele era um ato piedoso. Roque Cople era escrivão do Cartório do Primeiro Ofício e era músico por vocação. Tocava pelo menos quatro instrumentos, violão, flauta, bombardino e piano. Antonio Nolasco Cople era o pai de Roque Cople. Era barbeiro e extraía dentes, fazia dentaduras e exercia um cargo qualquer que não me lembro bem, mas que as escritas ele fazia em casa nas horas vagas. E, como caridade, ele aplicava ventosa seca ou sarjada, o que era muito usado naquele tempo e aplicava também as sanguessugas. Antes, na fazenda de seu tio, ele trabalhava no celeiro.

Três profissões diferentes e agora fazendo trabalho de armadores na Igreja. O trabalho não era fácil, tinha que por a cabeça para trabalhar, por que o dinheiro era curto e o efeito tinha que ser surpreendente. No altar ficava o Senhor morto e o de Nossa Senhora das Dores. Então, lá de cima da cornija, descia diversas faixas de cetim verde e a largura era de noventa centímetros mais ou menos que eram presas embaixo, ficando mais para dentro a fim de que em cima da cornija ficasse mais saliente.As emendas eram quebradas com faixas douradas e nas cornijas em toda a sua volta rendas largas e também douradas eram costuradas. O altar também era coberto de verde e sobre ele colocado a Imagem de Nossa Senhora das Dores que fora tirada do seu nicho antes de começar os trabalhos para não danificá-la. Em seguida iam buscar lá em cima, num depósito perto do coro, a Imagem do Senhor Morto e isto era privilégio do armador mais velho que era Antonio Nolasco Cople e os outros dois João José de Brum e Roque Cople traziam a cama dourada onde a Imagem ficaria para veneração dos fiéis.

A esta hora o dia já estava bem adiantado e o adro da Igreja já estava apinhada de gente que havia vindo da roça, os da cidade só iam mais tarde. Muitos traziam fitas que trocavam por outras que já estavam lá, trazidas por pessoas que haviam feito promessas. Depois de uma oração os fiéis beijavam a imagem e colocava o seu óbolo na salva colocada perto do leito. Alguns punham uma moeda de maior valor e tirava uma de menor valor, um vintém ou dois. Diziam supersticiosamente que dava sorte fazer isso. Durante todo dia dois irmãos do Santíssimo Sacramento se revesavam em pé ou ajoelhado, segurando tocheiras, isto ia até à noite. Sábado da Aleluia, outra vez muito cedo, lá estavam os três para desarmar e dar a Igreja agora um ar festivo. Na rua a criançada e mesmo muitos adultos haviam pendurado Judas, com testamentos, deixando os seus sapatos velhos para uns e calças para outros e assim por diante. Depois os mesmos eram queimados e muita gente acordava muito cedo para ver isso.

 

COMO ERA A MEDICINA.

 
Na cidade não havia siquer um médico, esporadicamente aparecia um. Havia uma Santa Casa que até era um prédio muito bom levando em conta o tamanho da cidade, mas estava fechada já há muito tempo. Por esse motivo aqueles que tinham mais capacidade ou mais coragem exerciam o papel de médico, nas emergências, assim tínhamos o senhor Antonio Cople já citado atrás que aplicava ventosas e receitava medicamentos homeopáticos o que fazia com muito acerto, ele tinha um tratado, um livro sobre esta medicina, a qual seguia a risco.
 
Os casos de curas eram constantes até mesmo de meningites e pneumonias. Tínhamos também o senhor Antonio Breves que receitava medicamentos alopatas e como frequentemente receitasse calomelano que era muito usado naqueles tempos, ficou batizado por algum gozador de Dr. Calomelano. Ainda tínhamos os benzedores e entre eles estava o Virgulino Santos que usava um par de medalhas cheias de sinais cabalísticos, onde ele colocava uma sobre a outra combinando aqueles sinais, passando sobre o local afetado.
 
Por fim tinha o boticário, o senhor Antonio Travassos, parece que os “Antonios” tiveram destaque aqui neste campo. Ele receitava e manipulava as receitas. Contava-se que ele antes fora cacheiro de um médico da Beneficência Portuguesa e que depois lá mesmo tomou prática no laboratório daquele hospital. Ele se guiava pelo Chernovis, que era um receituário de como manipular os medicamentos e ainda tinha um manual de perfumaria. Ele era explosivo e de mão pesada, era um ótimo “encanador” de ossos quebrados, nunca ninguém ficara aleijado em suas mãos. Além da Farmácia de Antonio Travassos muitas pessoas tinham as suas próprias “boticas homeopáticas”, mas quem tinha uma “botica” bem sortida era dona Rosinha a dona da padaria, bastava que alguém receitasse para que ela cedesse o medicamento gratuitamente.
                                                        

AS ESCOLAS.

 

Apesar de não haver escolas oficiais quase não havia analfabetos na cidade e mesmo na roça não tinha analfabetos. Uma prova disso eram as eleições, em que aparecia uma maioria do pessoal da lavoura. Era o milagre da boa vontade ou do convencimento? Seja lá como for e sempre na roça havia alguém que mesmo sabendo pouco ensinava aqueles que quisessem aprender e isto era muito bom. Mesmo que fosse por convencimento daqueles que ensinavam, sempre haviam escolinhas de roça com seus professores improvisados, mas na cidade tinha duas escolas particulares. Um era do Professor Silvino Torquato e a outra do Professor Antonio Prudente de Andrade sempre os “Antonios”. Diziam que o Professor Silvino era muito competente, mas sua escola era pouco frequentada, pois, era uma classe para os mais abastados. Bem em frente aos alunos tinha pendurada na parede uma “palmatória”. Ele era um tanto carrancudo e taciturno e não tolerava o menor deslize, usando de fato a palmatória. Já o professor Prudente era a antítese do outro, tratava todos com muita delicadeza e não tinha nenhum instrumento de tortura. Mas, não pense que ele não castigava, castigava sim e de vez em quando dava umas “lambadas” com seus enormes dedos na orelha do resistente. O professor Silvino não se aguentou por muito tempo na cidade, logo se mudando para o segundo distrito de Piraí, Arrozal. O professor Prudente além desta função era fiscal da Prefeitura e fiscalizava os serviços de água e do cemitério. Era ele quem fazia as escritas destes locais também. A sua escola era muito frequentada, ele dava duas aulas por dia, uma de manhã e outra à noite e antes de começar as aulas, rezava-se. Os livros exigidos por ele eram o de  gramática de Felisberto de Carvalho. Tinha também de História do Brasil e Aritmética Elementar e Progressiva, de Antonio Trajano, em conformidade com a série que o aluno estava. A tabuada era cantada. Professor Prudente tinha uma letra muito bonita, mas um tanto trêmula, diziam que quando mais moço bebia um pouco, por isso ficou com as mãos trêmulas, pelo menos era essa a história contada pelo povo. Ele se encantou por uma moça que pedira em casamento e a moça disse que se casaria se ele parasse de beber e ele atendeu o pedido, mas ficou trêmulo. Mesmo depois de aparecer uma Escola Pública Estadual ele continuou com suas aulas e bem frequentadas, principalmente à noite, e só deixou de dar aulas quando já não aguentava mais. Gostava imensamente de ensinar matemática e muito mais, no que se relacionava com o comércio, e se ufanava de ter contribuído para que muitos achassem bons empregos no comércio do Rio de Janeiro. Uma cidade inteira que se beneficiou com o Professor Prudente, mas seu nome caiu no esquecimento. Eu não o esqueci e sou muito grato a ele, mas esta é a vida, nem todos serão lembrados, não é?

 

AS PROFISSÕES.

 
Se você vivesse naqueles tempos e tivesse que se decidir por algum meio de subsistência e não fosse rico, teria que se decidir por uma destas profissões: ferreiro, funileiro, barbeiro, sapateiro, alfaiate, padeiro, carpinteiro ou marceneiro. É claro que não havia nenhuma escola dessas profissões, teria de pedir a alguém para ensinar. Raramente a pessoa tinha uma única profissão, era gente de muitos ofícios. Minha mãe me dizia sempre, você nasceu um daí antes do “Luiz faz tudo”, é claro que era apelido! Dizian que este homem fazia de tudo, lidava com máquinas, revólver, diziam que ele fazia o seu próprio violino. Antonio por exemplo era barbeiro e fazia suas próprias tarrafas e tecia uma linha muito forte para fazer seus próprios anzóis. Meu pai João José de Brum além de pedreiro era doceiro e construiu seu próprio forno para assar seus doces. Ele mesmo quem fez as formas e também uma batedeira manual para bater os doces.
 
Agora, se a pessoa fosse mais arrojada partia para o Rio de Janeiro onde tinha boas oportunidades e o povo do interior tinha boa reputação lá e com isso era mais fácil arrumar trabalho. Mas, se fosse rico podia optar em ir para o Rio de Janeiro ou outra cidade grande e abrir uma “Venda” (armazém), era assim que era chamado e ficar ali estabelecido para sempre. Havia também o serviço da Light, num distrito de Piraí que aceitava pessoas para diversos setores, mas o povo tinha medo da malária que se alastrava por aqueles lados. O povo até dizia que lá dava malária até nas árvores.
 
 
 
 PERSONAGENS PITORESCOS DA CIDADE.
 
 
                                                        VICENTE IMPROTA.
    
O Vicente Improta era já um senhor dos seus cinquenta e cinco ou sessenta anos. Quando o conheci era italiano, porém, não tinha sotaque. Foi sapateiro, creio que veio criança para o Brasil. Trabalhava como fiscal da Prefeitura, cuja função não era bem definida, fiscalizava a limpeza das ruas e matança de bois no matadouro. Era um homem trabalhador, levantava muito cedo e percorria a cidade para ver se encontrava algum animal andando pelas ruas, o que a princípio era muito comum encontrar porcos, cavalos, cabras que ele recolhia e levava para o curral municipal, que eles chamavam de “Curral do Conselho”, que era um pequeno pasto bem cercado contíguo ao matadouro e como naquele tempo ainda não tinham adotado as carrocinhas, para pegar os cães vadios ele era incumbido de dar as bolinhas de estraquininas a eles. Andava o dia todo para cima e para baixo pelas ruas e se encontrasse alguma criança jogando lixo na rua, mesmo que fosse uma casca de banana ou de laranja ele fazia pegar e jogar no lixo. Com os adultos ele ameaçava de multa e com o tempo o povo adquiriu o bom hábito de limpeza e a cidade se mantém limpa até hoje.
 
Há uns trinta anos atrás a cidade ainda era muito limpa graças a influência deste italiano de rosto severo, mas de bom coração e isso posso dizer, pois o conheci muito bem. Talvez por causa da sua austeridade não escapou da chacota de muitas pessoas. Diziam que certa manhã nada encontrando para levar para o curral ele recitava alto e sozinho:
 
     “Nesta manhã solitária
     Onde a solidão me tem
     Chamo e ninguém me responde
     Olho e não vejo ninguém!
 
Nisso surge o Medeiros que era carcereiro e vinha voltando do serviço e diz: fazendo o seu versinho, hein? Mas o Vicente Improta fez um Ah!, virou as costas e saiu resmungando.
 
 
                                              NICOLAU EIRAS.
 
 
O senhor Nicolau Eiras era açougueiro. Quando o conheci já ia lá pelos seus sessenta e cinco anos, possuía também um sítio e algumas casas para alugar. O seu açougue funcionava na sua própria residência que era uma casa de três quartos, sendo que dois já davam saída para o açougue. A casa possuía ainda uma sala de jantar, cozinha e uma outra sala, onde funcionava uma sapataria de consertos, onde seu filho trabalhava. Ele vendia carnes de vaca, de porco e de cabrito. Os açougueiros naqueles tempos idos, possuíam várias profissões ao mesmo tempo, eram “boiadeiros”, iam eles mesmos buscar os seus gados, “magarefe”. Eles mesmos matavam os seus gados no matadouro público, como já foi dito.
 
O Nicolau era alemão, mas naturalizado brasileiro. Quando ele veio da Alemanha o Brasil estava em guerra com o Paraguai. Então ele se alistou como voluntário nas Forças Armadas e quando a guerra terminou obteve baixa com um salário de vinte e um mil réis até o fim da sua vida. Tinha muitos filhos que exerciam outras profissões, hoje seus bisnetos são médicos, professores e oficiais do exército.
 
 
 
   DANIEL.
 
 
O Daniel era outra figura interessante, ninguém o conhecia pelo nome, mas pelo apelido, o Zizinho. Era filho de Piraí, mas fora criado em Barra do Piraí. Lá aprendeu a trabalhar em estrutura de ferro e em fogões econômicos e só trabalhava quando lhe dava na "teia". Esteve empregado na Light justamente por entender  de construção de pontilhões de ferro, mas só ia lá quando bem entendia. Era muito espirituoso e dificilmente alguém o enrolava. quando ele tomava seu pifão saía à rua com uma armação de guarda-chuva aberta andando com passo firme e lento e quando alguém lhe perguntava o que estava fazendo com aquele guarda-chuva sem pano ele respondia: Estou na chuva, não está vendo? Numa dessas ocasiões alguém lhe fez a seguinte pergunta com o intuito de empulhá-lo: Ô Zizinho, você sabe onde é o meio do mundo? Ele fechou o guarda-chuva sem pano calmamente e depois bateu com sua ponta no chão e disse: Aqui, pode medir!
 
 
 
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UMA CRÔNICA PARA JAMAIS ESQUECER.
 
 
OS TEUS OLHOS.


"Os teus olhos são a candeia de teu corpo. Se teus olhos forem simples, todo teu corpo será luminoso. Os olhos assim, como os ouvidos podem ser luzes ou trevas, dependendo do que entra por eles até ao nosso eu, a nossa alma, ao nosso coração. Essa candeia ou ela nos ilumina ou nos torna tenebroso.

Vivemos num mundo onde prevalece a malícia. É preciso um grande esforço para manter os nossos olhos, nossos ouvidos fechados para as imagens e palavras torpes. É impossível que as vejamos e que ouçamos, mas elas não deveriam nunca se alinha em nossa mente e em nosso coração. Sendo os ouvidos e os olhos janelas e portas é preciso que tenhamos muito cuidado com eles. A porta é o lugar de entrada das ovelhas ao aprisco, mas por ela também entra o pastor. O ladrão não entra pela porta, mas pula o cercado, pois ele não tem a chave da porta. E quando a porta está fechada e a janela aberta o ladrão entra pela janela.

Assim é quando não queremos ver e ouvir coisas inconvenientes, elas assombram a porta da nossa vontade ou entra pela janela dos nossos olhos ou ouvidos. E se não lutarmos elas se apossarão de nossa casa. Só existe um remédio, deixar que Cristo, o Pastor entre e guarde uma casa só será tomada, se vier outro mais forte para subjugar o guardião. E o que é mais forte que Cristo?

Com Cristo guardando nossa casa os invasores não entram e todos os nossos sentimentos e atos terão dimensões convenientes, então iremos nos alegrar com as coisas belas que Deus criou como o sol, a chuva, as flores, o canto dos pássaros, enfim tudo que é belo e puro. Toda a natureza terá mais encanto. Vamos pedir a Cristo que seja o guardião da nossa casa". Boa noite!

Luiz José de Brum

 

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VOLTANDO NO TEMPO.

 

MARIA TERESA, EM UM TEMPO QUE NÃO VOLTARÁ JAMAIS.

 

Perguntaram-me assim: - Se você pudesse voltar no tempo, em que tempo seria? Voltaria quando era criança, lá na cozinha de casa ao anoitecer. Adoro estas lembranças e essa em especial, porque me faz viajar ainda mais no tempo, relembrando o dedilhar de papai em seu bandolim. Bom demais viajar no tempo e voltar lá na velha cozinha da minha infância e rever todos ali compartilhando do mesmo amor, da mesma união, através de boa conversa e do velho e bom "bandolim do papai". 

Deu até para sentir o aroma da janta que mamãe fazia e do burburinho das nossas vozes, misturadas com os acordes do bandolim. Aprendi muito naquela cozinha simples, de cimento vermelho, com fogão a carvão, um guarda-comida, um paneleiro, onde as panelas brilhavam, uma pia toda branca, uma mesa oval com seis cadeiras, feita por papai e "Éramos Seis".

Papai tinha uma loja de confecção própria, uma pequena loja (Casa Trevo), e, quando à noitinha, ele chegava de volta de mais um dia de trabalho, se sentava num banquinho e eu em outro. Pegava seu bandolim e ia contar como tinha sido o "movimento" da loja naquele dia, uns dias iam bem, noutros não tão bem, mas vivíamos com dignidade, na simplicidade das coisas e felizes. Enquanto ele contava seu dia, dedilhava alguma canção naquele velho e bom bandolim, eu ficava de olho nas mãos dele e em seu olhar terno que sempre tinha.

Eu adorava as histórias de papai. Depois que ele contava sobre seu dia, perguntava à mamãe como tinha sido o dia dela e ela toda feliz dizia assim: ”Ah! meu velho, hoje fiz cinco camisas brancas, estão prontas e passadas, amanhã é só levar para a loja”. Também cuidei de nossa casa e de nossa menina e dos meninos (que não eram tão meninos). Seu pai, João Brum, me ajudou brincando com a nossa menina. Tudo ela contava com muita alegria. Mamãe era uma grande costureira, ajudava o papai nas costuras da loja e ficava toda feliz por isso. Eles eram muito felizes e se amavam muito, eram almas gêmeas e esse amor chegava até nós de diversas maneiras.

Depois, o vovô contava também as coisas que tinha feito, meus irmãos também e chegava a minha vez de falar. Eu toda faceira contava que tinha brincado no quintal com vovô, que tinha comido muita goiaba sentada num dos galhos da goiabeira. Tudo era só sorriso!

E papai perguntava: - Leu algum livrinho de estória? Eu ainda não sabia ler muito bem, mas criava estórias através das figuras e corria até a sala e começava a contar a estória. Bons tempos aqueles, que ainda vivos, estão em minha memória. Adoraria voltar naquele tempo e ouvir papai tocar seu bandolim e contar as velhas estórias. E sentir aquele cheiro de novo da janta que mamãe fazia com tanto amor, e sentir também, o cheiro que cada um de nós tinha naquela época... Saudades gostosas de sentir.

É nesse tempo que gostaria de voltar, mas, volto sempre no tempo e revivo estes momentos em meu coração. E eu, era assim naqueles tempos.

 

                                                                                                                                                  MARIA TERESA.

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PROFº GILBERTO DA COSTA FERREIRA - HISTORIADOR, PESQUISADOR E ESCRITOR. 

cfgilberto@yahoo.com.br                                                     
 

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Um grande poeta. | 05/03/2015
Poesias lindas de viver relatos magníficos. Eu adorei, querida amiga Maria Teresa, em saber que seu pai foi um grande poeta. Bjs.
Carmen Lúcia

Saudade, palavra que mata, mas vive na lembrança. | 21/11/2014
Maravilhoso, pena que são tantos personagens e histórias contadas e vividas, que fica difícil assimilar... mas deu pra se ter uma noção de quão saudável é lembrar desse tempo, que infelizmente não volta mais. Conheço Piraí, Barra do Piraí, Barra Mansa e Volta Redonda, pois no começo da profissão trabalhei nesta região. Saudades, palavras mortas pelas circunstâncias, vivas pelas lembranças...É isso aí, valeu...Abraços.
Paulo Lúcio Rodrigues

Um homem que caiu do céu | 21/11/2014
Como é bom ter vivenciado parte dessa história. Ainda é nítida a imagem do seu Luizinho e dona Filhinha, pessoas enviadas por Deus para fazer diferença na Terra. Saudades dos tempos em que éramos vizinhos, em que eu brincava na sua casa horas e horas, e seus pais sempre tinham um lanche gostoso para nos servir. Adorava ouvir suas histórias, sempre com um fundo moral. Enfim, são tantas coisas boas que seria impossível enumerá-las. Só posso dizer que nós o perdemos, mas, ficará para sempre sua imagem de homem bom, generoso e grande sábio. Lendo cada pedaço desta história, foi como reviver parte da história da minha vida. Parabéns a todos que contribuíram para esta homenagem a alguém tão especial como era seu Luizinho.
Carmélia Nascimento Braga

Saudades de papai | 20/11/2014
Venho aqui pelo menos umas quatro vezes por semana, as vezes até mais, venho para matar um pouco da saudade que levo em meu coração do meu querido pai, que me faz muita falta, tenho tanto para lhe falar. Gostava muito de conversar com papai, ouvir sua histórias ou apenas ficarmos ali em silêncio ouvindo algum disco rodando na vitrola ou lendo um livro. Ficávamos horas assim e mamãe ali sentada também participando, crochetando sempre alguma toalha. Saudades imensas deles, mas agora tenho este cantinho especial para matar um tantinho da saudade que sinto deles.
Maria Teresa de Brum Benedito

Um pai amoroso e muito sábio. | 07/11/2014
Muito lindo e comovente seu trabalho professor. Cada vez que volto aqui me emociono, porque parece que estou revivendo cada momento vivido com papai e isso me trás consolo e alegria ao mesmo tempo. Muito obrigada caro professor Gilberto pelo carinho e dedicação. Fique com Deus.
Maria Teresa de Brum Benedito

UM HOMEM FELIZ. | 02/11/2014
Muito lindo seu trabalho com Luiz Brum. Agradeço pela oportunidade de ter participado. Acho que todos agradecem, pois é um trabalho valoroso. Um abraço.
Dr. José Paulo Pereira


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