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AUGUSTO CESAR CORTEZ PEREIRA

   RADIALISTA E CANTOR

 

Augusto César Cortez Pereira, o nosso saudoso e eterno Augusto César Guará, nasceu em Guaratinguetá-SP, aos 09 de dezembro de 1951, sendo filho de Germano Manoel Pereira e Djanira Cortez Pereira. Seu pai era um próspero comerciante de uma loja de produtos agropecuários em Guaratinguetá-SP. Mudou-se com sua família para Taubaté em 1962, e desde logo passou a adotar sua nova cidade como a de seu coração. Aqui radicado, estudou e trabalhou. Seus estudos tiveram prosseguimento no Instituto Diocesano de Ensino Santo Antonio, o nosso centenário IDESA, e seu apelido “Guará”, por ser oriundo de Guaratinguetá, foi atribuído pelo Padre Gil Claro, à época, Diretor daquela Instituição de Ensino a seu irmão Jairo José. Por extensão, tornou-se o “Guarazinho”.

Muito ativo e voluntarioso, Guará, como passou a ser chamado e conhecido, granjeava a todos pelo carinho, respeito e amizade, marcas indeléveis que o acompanharam em toda sua existência. Nos anos de 1965 e 1966, participou dos programas exibidos pela extinta TV Tupi de São Paulo, “A juventude canta” e “A mais bela voz colegial”, ocasião em que, com seu talento interpretativo e locução maravilhosa, alcançou o merecido destaque dentre os concorrentes.

Augusto César Guará iniciou sua carreira artística radiofônica, de ponto a ponto, de degrau a degrau. Como mero locutor de Alto Falante, o chamado “Locutor de Mesa” do antigo Terminal Rodoviário de Taubaté para orientar seus passageiros, passou a apresentador da TV Cidade.

Em 1967, em plena “Jovem Guarda” fez parte do conjunto musical “The Yankees” atuando como crooner, engalanando com sua voz magnífica os bailes da antiga Associação dos Empregados no Comércio da Rua Visconde do Rio Branco. Como poliglota nas línguas inglesa, francesa e espanhola, recebeu o tão sonhado convite de integrar o quadro de funcionários da Rádio Difusora de Taubaté, onde, durante muitos anos desenvolveu todo seu potencial de comunicador dinâmico que era.

Depois, trabalhou também nas rádios Universal de Caçapava, Itaipu e Cacique de Taubaté, e após três anos de ausência, voltou à sua querida Rádio Difusora, para dali sair somente em virtude de sua enfermidade. Em 20 de dezembro de 1980, casa-se com a professora e terapeuta Maria Celina Nogueira, que seria sua eterna companheira e seu grande amor. Seus dois filhos Augusto César e Amanda Ketrin, foram suas grandes paixões, como também o Santos Futebol Clube, seu time de coração.

Como merecedor de inúmeros elogios das crônicas escrita, falada e televisada, acabou convidado pelo cineasta Amácio Mazzaropi, culminando com sua participação nos filmes "Jeca contra o Capeta” e “A Banda das Velhas Virgens”, ocasião em que atuou como repórter. Como cantor, era maravilhoso ouvi-lo interpretar “Ave Maria”, “Rosas Vermelhas” e “New York, New York” dentre outras, e como artista do povo, cantava para seu povo.

Gravou o hino do glorioso Esporte Clube Taubaté, composto em parceria com o também locutor e apresentador Santos Cursino. Em 13 de Setembro de 2007, recebeu da Câmara Municipal de Taubaté, através do Decreto Legislativo 221/2007, o Título de Cidadão Taubateano, como preito de gratidão por ter durante toda sua vida na cidade que adotou em seu coração, contribuído para torná-la mais feliz e alegre, encantando com sua voz maravilhosa os lares taubateanos, sempre com muita paz, fraternidade e os desejos de felicidades.

Augusto César Guará foi uma pessoa muito simples em toda sua existência e de fácil relacionamento para com todos. Toda sua vida foi pautada na prestação de serviços, na informação sempre oportuna e no amor ao próximo. Em seu ambiente de trabalho e nos intervalos recebia seus ouvintes de maneira fraterna e cordial, dispensando atenção e muito respeito. Como todo grande artista, também tinha seu Fã Clube, que na pessoa de sua presidente e admiradora incondicional Maria Bernardete Eliziário representava todos os milhares de fãs, pela afeição e carinho ao seu ídolo.

Na vida pessoal, Guará buscava na caridade exercer seu verdadeiro apostolado de amor ao próximo, com um coração dotado de uma bondade infinita. Quando das visitas à Casa do Ancião Santa Luiza de Marilac, vivia a plenitude de sua felicidade ao encontrar sua sempre amiga dona Luiza. Já alquebrada pela idade com seus quase 80 anos, relegada a uma cadeira de rodas e à mercê de seu próprio destino, levava-a para sua casa para passar um final de semana, um natal, um ano novo. Também, procedia da mesma forma com dona Míriam, portadora de uma cegueira total, a qual viveu com sua família por quatro meses, até lhe conseguir um lugar para morar no Instituto São Rafael de Cegos de Taubaté.

Mas, a rotina de estar sempre junto aos mais humildes e desamparados não tinha fim. Certa vez confidenciara a sua esposa que mesmo chegando a cantar no Terraço Itália, nada igualava ao prazer de se cantar nos asilos junto de seus "velhinhos queridos". Ao buscá-la para passar finais de semana com sua família, cantava muitas canções com ela, com uma alegria que irradiava felicidade e como se fosse sua mãe.

Outro fato marcante em sua vida e no de sua família foi quando do acompanhamento da doença da qual era portador, seu amigo e companheiro de rádio, Israel Andrade, o qual se encontrava nas filas de transplantes e de doadores de fígado. Guará sofria demais ao vê-lo naquela situação, mas, prestava-lhe todo o apoio necessário. Foram anos de compadecimento até que seu amigo, conseguindo um doador, foi submetido ao transplante e ficou curado. Entretanto, muito tempo antes desse episódio com seu amigo, fora um partidário pela doação de órgãos e era seu desejo que assim se procedesse quando de sua morte. Ao lado de sua inseparável e querida esposa Maria Celina, prestava inestimáveis serviços junto à população nos trabalhos voluntários, ou ainda, levando uma palavra de conforto e carinho aos mais necessitados, pessoalmente ou através das ondas do rádio. Era dotado de um senso de solidariedade fora do comum, prestando inestimáveis serviços a quem dele necessitasse e muito atencioso para com todos, fazendo do amor ao próximo, uma constante e uma abnegação em sua vida de praticar a caridade. 

Em época natalina, lá estava Guará vestido com as roupas de Papai Noel, com a mesma bondade infinita a levar aos mais distantes bairros rurais de Taubaté, um pouco do espírito do natal e os presentes às criancinhas que ele tanto amava e cumpria com os ensinamentos de Jesus. Guará levava consigo um lema: “Desta vida nada de material se leva, mas sim, se deixa boas lembranças pelos diversos lugares que passamos”.

Como discografia, deixou mais de 150 composições e interpretou as mais lindas canções, tais como: Ave Maria; Emoções; De volta ao mar; Cheia de charme; De volta ao aconchego; Ronda; Garota de Ipanema; Rosas Vermelhas; Vou prá Taubaté; Champagne; Meu amor brigou comigo; Meu bem assim você me cansa; New York, New York; Unforgettable; So many things to say; Rock and roll lullaby; C’ant take my eyes off you, Just the way you are; It’s too late; What a wonderful world; Tears in heaven; Feelings; Bach in to the sea; Vem; Sinto; Meu nenê; e, Hino do E. C. Taubaté.

Augusto César Cortez Pereira veio a sofrer um AVC em sua residência em 15 de outubro de 2010, por volta de 20.15 h permanecendo internado no Hospital Regional de Taubaté e em coma até o dia 1º de novembro do mesmo ano, "Dia de Todos os Santos", quando então foi constatada pela equipe médica responsável, sua morte cerebral. Sua voz calara para sempre. A notícia de seu falecimento causou um profundo pesar e muita comoção em toda a cidade. Sua família, com recordações daquele amigo inseparável que lutava para conseguir um doador de fígado que lhe possibilitasse continuar vivendo, bem como atendendo seu desejo de doação de seus órgãos, entendeu por bem autorizar esse procedimento em benefício às pessoas que deles necessitassem.

Seu sepultamento ocorreu no dia 04 de novembro de 2010 às 11.00 h, com uma missa de corpo presente na Igreja Menino Jesus, no Bairro da Independência, onde morava. O cortejo foi acompanhado por uma multidão de fãs, admiradores, parentes e amigos, que com um carro de som à frente entoando “Rosas Vermelhas”, cantava e levava o corpo de seu eterno ídolo até a última morada. Seu caixão estava repleto de rosas, as mesmas rosas que em toda sua vida, soube como ninguém, ofertar.

Augusto Cesar Cortez Pereira, Augusto César Guará ou simplesmente Guará, está sepultado no Cemitério Municipal de Taubaté, na 8ª Quadra, Sepultura 96, no jazigo perpétuo da Família Cortez Pereira. 

Através da Lei nº 4.887, de 1º de julho de 2014, teve reconhecida sua prestatividade como munícipe como agradecimento do povo taubateano pela Câmara Municipal de Taubaté, ao aprovar o Projeto de Lei de autoria do Vereador Jeferson Campos, tendo o Prefeito sancionada e promulgada referida Lei, denominando Rua Augusto Cesar Cortez Pereira "Guará", a atual Rua "B" do Loteamento Jardim de Alah, localizado no Bairro da Independência.  Adeus, Guará, meu querido e  grande amigo. Até um dia.

Requiescat in pace, Coração Bondoso!

 

 

PROFº GILBERTO DA COSTA FERREIRA - HISTORIADOR, PESQUISADOR E ESCRITOR. 

cfgilberto@yahoo.com.br

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Lembranças. | 17/09/2021
Eu participei da mais bela voz colegial. Foi muito lindo.
Janismari

Gratidão. | 07/04/2020
Querido amigo Pedro, suas palavras de reconhecimento por uma pessoa portadora de uma bondade infinita como foi nosso inesquecível Guará, são o bastante para engrandecê-lo perante todos nós. Conheço-o de há muito e também posso testemunhar o correto e eficiente homem do rádio que é. Sua bondade, tal como Guará, excede os limites que um ser humano é capaz de possuí-la. Deus o abençoe.
Gilberto da Costa Ferreira

Parabéns! | 06/04/2020
Fundamentado em dados históricos, testemunhei muitos deles tendo a honra e prazer de ter trabalhado com ele durante anos e dividido a coordenação do Timão do Rádio em jogos nos bairros de Taubaté, zona rural e cidades da região por 2 décadas. Homenagem belíssima pelos olhos e sensibilidade de um grande historiador como comprovadamente o é, nosso admirável Gilberto.
Pedro Luiz belisque


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